- O programa Pé de Meia do governo federal fornecerá bolsas de auxílio para estudantes de ensino médio de escolas públicas com o objetivo de diminuir a evasão escolar
- Com o dinheiro “a mais” ao fim do ensino médio, o estudante pode investir em um curso profissionalizante, uma faculdade ou, até, na abertura de um negócio próprio
- É necessário que, atrelado ao auxílio Pé de Meia, aconteça uma transformação na mentalidade financeira do País
O governo federal lançou esta semana o programa Pé de Meia, que fornecerá bolsas de auxílio para estudantes de ensino médio de escolas públicas com o objetivo de diminuir a evasão escolar.
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A premissa é o fato de que a maioria dos jovens que abandonam a escola o fazem porque precisam trabalhar para complementar a renda familiar e, muitas vezes, não conseguem conciliar estudos e trabalho.
O projeto ainda prevê um benefício maior àqueles que estão concluindo o ensino médio, principalmente prestarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que, na minha opinião – de quem convive em escolas públicas de ensino médio quase todos os dias da semana por conta da Multiplicando Sonhos –, é um acerto.
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É evidente que só o auxílio financeiro não é suficiente para resolver o problema da evasão escolar: se o jovem ganhar um salário maior que a bolsa e não tiver o entendimento da importância da educação, ele deve continuar optando por abandonar a escola.
No entanto, já é um grande passo para resolver esse cenário. Principalmente se for combinado com políticas de valorização à educação, tornando as escolas mais interessantes e próximas das realidades dos jovens e valorizando os professores para que eles não faltem ao trabalho.
Como bônus, com o dinheiro “a mais” ao fim do ensino médio, o estudante pode investir em um curso profissionalizante, uma faculdade (quem sabe o Enem não abre portas?) ou, até, na abertura de um negócio próprio. Claramente não pagará tudo, mas já será uma ajuda.
Falta de valorização da educação também esbarra na educação financeira
Do ponto de vista da educação financeira, que é o tema desta coluna, é preciso entender que a educação não é vista, hoje, por boa parte dos brasileiros de classes sociais mais baixas, como um investimento.
Isso acontece principalmente porque a educação é um investimento de médio a longo prazo e, quando se está passando necessidades, a maioria das pessoas só consegue enxergar o curto prazo. Afinal, elas precisam se preocupar em comer e pagar as contas de hoje, antes mesmo de pensarem nas de amanhã.
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Por isso, é necessário que, atrelado ao auxílio Pé de Meia, aconteça uma transformação na mentalidade financeira do País, objetivo principal do nosso projeto, Multiplicando Sonhos, que leva aulas de educação financeira às escolas públicas – e que deve, também, ser visto com mais atenção pelo poder público.
O jovem deve aprender a administrar o dinheiro que virá do governo federal para atender às necessidades básicas dele e de sua família e adquirir o entendimento de que, no longo prazo, mantendo-se na escola, o retorno financeiro será maior. Assim, uma chave será virada rumo à redução de desigualdades do País.