- Saber se planejar e pensar no futuro talvez sejam os pilares mais importantes para organizar nossas finanças pessoais
- Mais do que incentivar as pessoas a guardarem dinheiro para a aposentadoria, é preciso incentivá-las a buscar longevidade e qualidade de vida
Tem uma música de grandes compositores brasileiros que diz algumas frases bem emblemáticas para o assunto do artigo de hoje:
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“Que culpa a gente tem de ser feliz?
O mundo bem diante do nariz
Feliz agora e não depois…”
Mas o que isso tem a ver com a educação financeira? Eu diria que tudo! Saber se planejar e pensar no futuro talvez sejam os pilares mais importantes para organizar nossas finanças pessoais, certo? Parece algo simples e óbvio, mas quando trazemos para o dia a dia das pessoas, isso não é tão fácil assim.
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O tema que quero tratar é sobre o viés do presente que, de um modo bem simplista, é a tendência do ser humano de buscar satisfação imediata, deixando os objetivos futuros em segundo plano. Isso acontece porque, evolutivamente, a nossa espécie quase sempre precisou agir de forma imediatista para sobreviver.
Pense sobre os primeiros seres humanos que habitaram a Terra: eles caçavam seus alimentos e buscavam o abrigo necessário a cada dia. Quando encontravam uma fonte de água, precisavam beber o máximo que conseguiam, afinal, não sabiam quando aquilo seria possível novamente. Não existia geladeira, garrafa, ou qualquer outra ferramenta que nos possibilitasse estabilidade.
As coisas foram mudando com a chegada da agricultura e a fixação das primeiras vilas e cidades. E, aos poucos, a periodicidade dos planejamentos mudou de diária para mensal ou semestral (pensando nos ciclos de plantações). Depois de muitos séculos, passamos então a precisar fazer planejamentos de longo prazo, como os que temos hoje, a exemplo da aposentadoria.
Junto com o estilo de vida levado pela nossa espécie, mudou também a longevidade. Se antes a expectativa de vida do ser humano era de 30 anos, hoje vivemos entre octogenários ou até mesmo com quase centenários. Então, como fazer com que o nosso cérebro, que demora muitos anos para mudar tendências biológicas, acompanhe todas essas mudanças?
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É preciso entender o nosso comportamento. Quando falamos sobre jovens, a exemplo dos que conhecemos nas escolas públicas visitadas pela Multiplicando Sonhos, a tendência ao imediatismo é ainda maior. Como bem diz a música: feliz agora e não depois…
Parte disso é resultado do meio em que eles cresceram: a aceleração causada pela internet, as maiores facilidades de crédito e a maior exposição ao marketing, ao consumismo, que usa o viés do presente para nos influenciar a comprar. Mas parte é culpa do simples fato de serem jovens.
“Acredito que o jovem por si só é ansioso. Independentemente da geração dele. No final das contas, todos somos ansiosos e imediatistas, a única diferença é que os mais velhos conseguem esconder e ponderar melhor, graças à sua experiência de vida e responsabilidades acumuladas”, comenta Roberto Sato, membro do conselho consultivo da Multiplicando Sonhos.
Lucas Belchior, que participou do projeto da Multiplicando Sonhos, em 2019, era um desses jovens que tinha o hábito de gastar o dinheiro de forma imediatista. “Se eu ganhava R$100, eu gastava na mesma hora em cerveja. Não passava pela minha cabeça guardar o dinheiro para caso eu ficasse doente e precisasse comprar um remédio, por exemplo”, conta.
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Depois do programa, ele começou a juntar dinheiro para sua reserva de emergência, para empreender e fazer investimentos para objetivos de curto e longo prazo. Ou seja, tudo mudou quando ele adquiriu uma chave para quebrar o viés do presente: o conhecimento, único que consegue superar nossos instintos mais primitivos.
Mas o que tudo isso tem a ver com música, hein?
“ O mundo bem diante do nariz
Feliz agora e não depois…”
O Lucas entendeu que viés do presente está ligado ao autocontrole. Mas como nós, como consumidores em tempos de demandas expressas e apelativas, podemos ter maior consciência das tentações e das falhas do autocontrole?
“O primeiro passo é ter consciência, nos conhecer. Saber que existe o viés do presente em nossa vida e saber que existe o marketing nos influenciando a comprar o tempo todo é essencial para que possamos sair do piloto automático”, diz Sato.
Pensando sobre a aposentadoria, por exemplo, é mais difícil um jovem, que está distante de envelhecer, se preocupar em guardar dinheiro para a velhice, do que alguém que acaba de completar 50 anos. “Além disso, o termo aposentadoria é um pouco pejorativo. É como chamar a pessoa de velha. E ninguém quer se sentir velho”, acrescenta o conselheiro.
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É por isso que, mais do que incentivar as pessoas a guardarem dinheiro para a aposentadoria, é preciso incentivá-las a buscar longevidade e qualidade de vida ao longo de toda a sua trajetória. O que isso significa: buscar saúde física e mental, principalmente.
A saúde física demanda a prática de exercícios físicos, um bom acompanhamento médico e uma boa alimentação. Todas essas coisas se tornam mais fáceis quando você tem uma vida financeira saudável e consegue pagar um convênio e comprar bons alimentos, por exemplo.
Já a saúde mental está diretamente ligada à estabilidade financeira. Não se pode pedir para que alguém que está constantemente preocupado em conseguir dinheiro para sobreviver tenha uma mente tranquila.
“Eu sinto sua falta
Eu não posso esperar tanto tempo assim…”
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Agora que já sabemos que existe esse tal viés do presente e ele, na maior parte das vezes, é o responsável por nos impedir de fazer a nossa poupança para o futuro, que tal deixar a procrastinação de lado e começar agora? E apesar da música ser incrível, que tal criar um verso novo? Feliz agora e depois também…
A educação financeira, como sempre, é nossa parceira nessa missão. É ela quem nos ajudará a driblar as armadilhas de consumo, nos trará bem-estar, segurança e mais qualidade de vida. É esse propósito que queremos levar aos nossos jovens por meio do programa de educação da Multiplicando Sonhos .
Dinheiro agora e além… Te sinto tão meu…
*Com a colaboração de Giovanna Castro
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