O que os criptoativos ensinam

Diretor no Mercado Bitcoin desde 2018, Tota tem 23 anos de experiência no mercado financeiro. Agora no universo dos criptoativos, ele une o seu forte background em tecnologia e profundo conhecimento de produtos financeiros para desmistificar o mercado de ativos digitais.

Escreve mensalmente, às sextas-feiras

Fabricio Tota

É tarde para comprar bitcoin?

Aqui está o seu guia para aproveitar definitivamente essa oportunidade de investimento

(Imagem: Adobe Stock)

Em minhas colunas aqui nesse espaço, já abordei uma variedade de temas, desde as nuances do mercado de criptomoedas até as complexidades da regulação que está sendo construída, passando por tokenização e uma série de outros assuntos. Hoje, peço licença para ser mais direto e enfático do que nunca, pois o momento exige. Estamos diante de uma oportunidade singular no universo cripto, e sinto que é meu dever compartilhar uma mensagem clara: compre bitcoin.

Sei que muitos de vocês já pensaram em comprar bitcoin, mas talvez nunca tenham levado a sério esse tipo de alocação. “É muito volátil”, “já perdi o momento certo”, “é muito complicado” – essas são desculpas comuns que ouço. Porém, permitam-me desafiar essas hesitações. Compre bitcoin, pois não é tarde; a jornada do bitcoin acaba de entrar em uma fase promissora.

Compre bitcoin, mesmo se o medo da volatilidade ou de perder o momento certo o impediu no passado. O mercado de criptomoedas, especialmente no Brasil, está amadurecendo a passos largos, com regulações em desenvolvimento que visam proteger os investidores e solidificar o ecossistema. A Consulta Pública do Banco Central e os esforços dos players locais para promover um ambiente de investimento seguro são testemunhas dessa evolução. Hoje, sem dúvida, o Brasil se destaca como um dos ambientes mais avançados e seguros para investimentos em criptoativos.

Compre bitcoin. Se a sua aposta inicial no bitcoin foi mínima, a ponto de a expressiva alta dos últimos dias não ter impactado de forma relevante o seu portfólio, este pode ser o momento para reavaliar sua posição. Encare o bitcoin não meramente como uma moeda digital para investimentos esporádicos e experimentais, mas sim como um componente estratégico e essencial da sua carteira de investimentos, capaz de oferecer diversificação e potencial de crescimento em longo prazo. Aquela ideia de “colocar um dinheirinho e ver o que acontece” já não funciona mais.

Diante da preocupação de alguns que dizem, “Comprei, mas estava com medo de escolher o momento errado”, quero destacar a eficácia do DCA (Dollar Cost Averaging) como estratégia de investimento. O DCA consiste em dividir o total destinado ao investimento em aquisições periódicas, feitas em intervalos fixos, sem levar em conta o preço atual do ativo.

O grande trunfo dessa tática é atenuar o impacto da volatilidade do mercado sobre o investimento como um todo. Essa metodologia, apoiada na constância dos aportes, é capaz de converter investimentos iniciais modestos em somas consideráveis ao longo do tempo. Compre bitcoin. O exemplo vivido pelos meus filhos, que alocam parte de sua mesada em bitcoin, serve como prova viva desse princípio. O mais velho, após 31 contribuições mensais, experimentou um aumento de mais de 120% em seu investimento, mesmo tendo começado seus aportes em momentos de alta no valor do bitcoin.

Compre bitcoin porque sua presença no mercado financeiro não é mais algo que possa ser ignorado. A capitalização de mercado do bitcoin já ultrapassou o marco de 1,2 trilhões de dólares, uma cifra que coloca em perspectiva o seu peso e relevância. Para colocar isso em contexto, a soma da capitalização de mercado de todas as empresas listadas na B3 não alcança esse valor, ficando em pouco mais de 940 bilhões de dólares. Essa comparação não só destaca a importância do Bitcoin como um ativo financeiro de peso, mas também ilustra seu potencial como uma alternativa robusta e viável dentro do universo de investimentos.

Diante de tudo isso, minha mensagem é clara: o maior risco é você não ter bitcoin. Estamos testemunhando o início de um novo ciclo de valorização, impulsionado por três eventos marcantes que estão se desenrolando nesse ano de 2024: o lançamento dos ETFs de bitcoin à vista nos EUA, o próximo halving e a expectativa de queda nas taxas de juros dos EUA. Este não é um momento para hesitar ou dar desculpas. É um momento para agir.

O primeiro evento foi o lançamento dos ETFs de bitcoin à vista nos EUA. A demanda por esses ETFs tem crescido substancialmente, e nesta quarta-feira (28/02), dobrou o recorde anterior, atingindo cerca de 6 bilhões de dólares negociados. O IBIT, ETF da gigante Blackrock, liderou com 3,3 bilhões de dólares, seguido pela Fidelity com 1,4 bilhão, ambos dobrando seus recordes anteriores.

Além disso, o número total de negociações também dobrou, com o IBIT sozinho superando o volume de negociações do QQQ, um dos ETFs mais tradicionais e populares do mercado americano, que segue o índice Nasdaq-100.

Essa performance excepcional, destacada por Eric Balchunas, analista sênior de ETF da Bloomberg, sinaliza uma aceitação crescente do Bitcoin no mercado mainstream e um interesse robusto que supera até mesmo as alternativas tradicionais como mencionei. O fenômeno, que ocorre antes mesmo da disponibilização de opções para esses ETFs ou de sua inclusão em larga escala em plataformas de assessoria, antecipa um aumento significativo na demanda por bitcoin.

Já o segundo evento é o halving do bitcoin, previsto para abril de 2024, e reduzirá pela metade as recompensas por bloco minerado, diminuindo a oferta de novos bitcoins. Pode parecer muito técnico à primeira vista, mas é fácil entender: este mecanismo, inerente ao protocolo do bitcoin, serve como um gatilho que reduz a inflação do ativo, diminuindo a oferta de novas moedas e potencialmente
impulsionando seu valor.

Historicamente, cada halving precedeu um ciclo de alta no preço do bitcoin, refletindo o impacto da oferta reduzida diante de uma demanda crescente. O halving reduz a velocidade de criação de novos Bitcoins, efetivamente limitando sua oferta e atraindo investidores interessados em manter valor em um ativo cada vez mais escasso.

Compre bitcoin. Para ficar absolutamente claro, nos halvings anteriores, que aconteceram nos anos de 2012, 2016 e 2020, podemos identificar saltos de valorização nos momentos pré e pós-halving: em 2012, o preço saiu de US$ 12 para US$ 1.132 no pico do ciclo; em 2016, de US$ 455 para US$ 19.188; em 2020, de US$ 8.755 para US$ 69.000.

Por fim, a expectativa de queda nas taxas de juros dos EUA no segundo semestre de 2024 oferece outro catalisador para o preço dessa criptomoeda. Em um ambiente de taxas de juros mais baixas, investidores tendem a buscar ativos com potencial de maior retorno, desviando de investimentos mais conservadores. O bitcoin, com seu histórico de alta rentabilidade e independência de políticas monetárias convencionais, emerge como uma opção atraente.

A redução das taxas de juros pode incentivar um fluxo de capital em direção ao bitcoin, à medida que investidores buscam proteger seu poder de compra contra a inflação e diversificar suas carteiras além dos mercados tradicionais. O bitcoin, desde sua criação em 2008-2009, nunca viveu um período de queda significativa de taxas de juros. O máximo que vimos nesse período foi algo na casa dos 2,5% ao ano, em 2018. Hoje as taxas estão no patamar de 5,5% ao ano.

Compre bitcoin. O criptoativo já marcou sua presença em Wall Street, mas talvez ainda falte conquistar um lugar no seu portfólio. Se os argumentos apresentados até agora não foram suficientes para você agir, permita-me revisitar os motivos fundamentais que catapultaram esse ativo ao estrelato e conquistaram a atenção de investidores mundo afora.

Isso ocorreu mesmo quando comprar bitcoin era uma jornada complexa, demandando uma enorme determinação dos investidores muito antes de o ativo chegar ao epicentro financeiro mundial. Talvez você nem use esses atributos todos, mas eles são fundamentais para compreendermos os impactos que o Bitcoin nos traz.

Rapidez: não há forma mais rápida no mundo de transferir valores entre dois indivíduos ou empresas (na verdade há, mas a partir da proposta trazida pelo bitcoin).

Segurança: o Bitcoin se beneficia da robustez do Blockchain, um sistema descentralizado que distribui os dados por uma vasta rede, eliminando o ponto único de falha associado a bancos de dados centralizados. Essa estrutura não só reforça a segurança contra ataques e fraudes, mas também assegura a integridade e a imutabilidade das transações para os usuários.

Autonomia frente a intermediários: o bitcoin opera sem a necessidade de um sistema financeiro tradicional para a custódia ou realização de transações entre usuários. Disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Soberania política: o bitcoin opera independentemente de influências externas, minimizando o impacto de decisões governamentais ou instabilidades políticas sobre seu funcionamento.

Privacidade financeira: a estrutura descentralizada do bitcoin assegura que os detalhes das transações e os saldos armazenados em carteiras digitais permaneçam identificados apenas de forma pseudônima.

Proteção contra inflação: a política econômica do bitcoin é conhecida e imutável. Isso garante ao usuário uma certeza quanto a quantidade de ativos emitidos, pois a escassez está assegurada por meio do halving.

Inclusão financeira: é possível criar uma carteira em poucos minutos sem quaisquer exigências burocráticas.

Portanto, compre bitcoin. Não deixe que desculpas do passado ou o medo do desconhecido o impeçam de participar da oportunidade de investimento mais promissora e disponível da nossa era. A hora é agora, e só depende de você.