Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

O que o investidor precisa saber sobre aumento da CSLL

Jair Bolsonaro prevê reajustar o tributo em 5%; ações de bancos despencaram após divulgação

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR
  • As ações dos bancos Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) caíram com possível aumento de imposto feito por Jair Bolsonaro para evitar a greve dos caminhoneiros, mas, no dia seguinte, com a confirmação de que a CSLL subiria de 20% para 25%, os ativos voltaram a subir
  • Esta seria a segunda alta sobre a CSLL, que já teve sua porcentagem alterada em 2019, quando a contribuição foi de 15% para 20%
  • O reajuste ainda deverá ser votado pelo Congresso

As ações dos bancos Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) caíram com possível aumento de imposto feito por Jair Bolsonaro para evitar a greve dos caminhoneiros, mas, no dia seguinte, com a confirmação de que a CSLL subiria de 20% para 25%, os ativos voltaram a subir. Qual a lógica por trás desta alta se a notícia foi negativa?

CSLL e o impacto aos bancos

Os bancos, popular classe de ativos da B3 (B3SA3), viram suas ações despencarem após a divulgação da notícia. Apesar da apreensão coletiva por parte dos investidores das ações do Itaú (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), os analistas recomendam cautela na tomada de decisões precipitadas. A medida alterada por Bolsonaro, que prevê um reajuste de 5% sobre os impostos de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ainda deverá ser votada pelo Congresso.

Esta seria a segunda alta sobre a CSLL, que já teve sua porcentagem alterada em 2019, quando a contribuição foi de 15% para 20%. Agora, com uma carga de 25% sobre o lucro bancário, investidores se preocupam com a possibilidade de desaceleração do setor. A preocupação não é descabida, uma vez que Bolsonaro já deu evidências da priorização de suas bases eleitorais em detrimento dos valores liberais defendidos pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes.

Interferência na Petrobras (PETR3 e PETR4)

A interferência presidencial sobre a Petrobras (PETR3 e PETR4), há menos de 15 dias, levantou questões acerca de sua capacidade como gestor eficiente que se auto proclamava. Para deteriorar ainda mais o cenário, a nova medida fomenta a incerteza do mercado quanto ao futuro das estatais e do rumo econômico introduzido pelo presidente. No entanto, devemos observar a situação com a clareza de estratégia que uma carteira bem gerida pede. O fato é que ainda é cedo para analisar os impactos da medida de aumento do imposto em um futuro próximo, uma vez que, dada a aprovação do Congresso, a oneração só passará a valer no início de julho. Entretanto, tem duas coisas que precisam ser levadas em conta. Os próprios bancos já esperavam que isso pudesse acontecer e não é novidade na história do país. Em segundo lugar, este aumento em teoria deverá impactar em 3% o lucro dos bancos. Entretanto, há um outro fator. O que os bancos geralmente fazem para compensar o estrago é repassar para o cliente através de maiores taxas e spread.

No mais, o corte nos impostos cobrados sobre o diesel estão previstos somente pelo período de dois meses. Porém, temos que avaliar um outro cenário agora referente a Petrobras. Bolsonaro pode ter usado o seu último zap no jogo de truco zerando os impostos. Mas se o dólar e o barril de petróleo continuarem subindo, acredito que ele ficará sem saída para evitar a greve dos caminhoneiros. Irá reduzir artificialmente o preço do diesel e detonar temporariamente o valor das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4).

Hedge com investimento em ouro e dólar?

Dados os fatos, é preciso que fiquemos atentos. É necessário manter o hedge em dia e sempre manter na carteira ativos dolarizados, que tendem a estabilizar a carteira em tempos de instabilidade nacional. No entanto, não há espaço para pânico. O que nos resta é a análise e a leitura, aliadas a um senso crítico aguçado. É fato que Bolsonaro se mostrou capaz de cometer erros passados e interferir em estatais, mas, tal como a rentabilidade passada não garante a futura, a falha passada não garante a futura. Definitivamente, o Brasil não é para amadores.

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Esta é a hora do investidor se munir de análises precisas e de informações de qualidade. Olhos sempre bem abertos ao futuro, mas analíticos, sem espaço para ir com a manada a cada nova notícia.

Se liga na nossa matéria sobre a reação do mercado sobre a tributação da CSLL aqui

Assista ao vídeo exclusivo sobre os impactos do aumento da CSLL: