Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Como a Bossa Invest vai seguir os passos do Nubank para atrair investidores

João Kepler diz que a companhia quer adotar a estratégia do banco digital e dar um pedacinho para todo o ecossistema

João Kepler. Foto: Bossanova
  • A Bossa Invest passa por uma reestruturação e se prepara para abrir capital na matriz do capitalismo global
  • Entre as mudanças, está a troca de cargo de João Kepler, que agora passa a ser CVO (Chief Visionary Officer)
  • Kepler diz que a sua missão agora é justamente enxergar na frente as grandes oportunidades, que é exatamente como surgiu a Bossa

A Bossanova Investimentos não mudou apenas o seu nome para Bossa Invest. A companhia passa por uma reestruturação e se prepara para abrir capital na matriz do capitalismo global. Com mais de 1,5 mil startups investidas, mais de 100 exits (venda de empresas) e mais de 4 mil investidores, a empresa se consagra com um dos maiores fundos do mundo de Venture Capital, quando pensamos no número de empresas que receberam aportes financeiros.

Entre as mudanças, está a troca de cargo da figura mais emblemática da Bossa Invest. Meu grande amigo João Kepler deixa o cargo de CEO (Chief Executive Officer) para se tornar CVO (Chief Visionary Officer) e continua com a missão de enxergar antes de todo o mercado, onde estão as grandes oportunidades.

Direto do Japão, com o fuso horário de 12 horas de diferença, às 6h da manhã, horário de Tóquio, o Kepler workaholic estava respondendo esta minha entrevista. Não fugiu de nenhuma pergunta e respondeu de forma clara os meus questionamentos.

Confira abaixo os planos agressivos da empresa para os próximos anos:

Qual será a missão do Kepler no novo cargo de CVO (Chief Visionary Officer)?

A minha missão agora é justamente enxergar na frente as grandes oportunidades, que é exatamente como surgiu a Bossa. Anos atrás, eu fui visionário em entender que era preciso democratizar o acesso do investidor para este mundo de startup e tornar o tema acessível para todas as pontas. Desde quem precisa do dinheiro para crescer, até quem que surfar e lucrar com a onda de crescimento dessas companhias. Temos 2 anos para levarmos a empresa para a Nasdaq e não posso mais ficar com uma função administrativa, que é o que exige o cargo de CEO. Agora, estou com mais tempo para acelerar as parcerias estratégicas que serão fundamentais para irmos para o próximo nível da empresa.

O aumento da Selic prejudicou a captação da Bossa Nova?

Reduziu a captação para queles players que precisam de grande cheques, ou seja, aportes financeiros grandes. Para nós, praticamente não mudou nada. Temos um volume grande de pequenos investidores, que investem R$ 100 mil a R$ 200 mil, por exemplo. Este perfil entende a nossa tese e quer participar junto conosco dessa estrada de crescimento. E não olha se a Selic está em 2% ou em 13,75%.

Qual a estratégia da Bossa para crescer e abrir o capital?

Além de aumentar o AUM (Asset Under Managment), a estratégia é criarmos novas fontes de receita, através do nosso portal, área educacional, com o Bossa Academy, plataforma de conexão do mercado de Venture Capital, Bossa Bank, banco digital que criamos em 2022 e, principalmente, sermos cada vez mais assertivos nas startups que alocamos o capital e multiplicamos o investimento por 7 vezes, como mostra o nosso histórico.

Vocês já estão pensando na destinação dos recursos do IPO?

A ideia do IPO não é fazer com que os sócios deixem o negócio. O foco da abertura de capital é fazermos um valouation extremamente justo, para que a Bossa cresça depois do IPO e não, o que tem acontecido hoje, na maioria dos casos, em que a ação despenca depois de entrar na bolsa. Iremos seguir a estratégia do Nubank e daremos um pedacinho para todo o nosso ecossistema, seja empreendedor, investidor ou colaborador. Isso cria um exército que quer fazer o negócio como um todo crescer. Nada é mais forte do que a sensação de pertencimento.

Por que a Bossa abrirá capital na Nasdaq e não na B3?

A cultura de Venture Capital é muito mais sólida nos Estados Unidos do que no Brasil. Além disso, estamos falando de uma moeda que vale 5 vezes mais do que a nossa e de um ecossistema acostumado com empresas escaláveis. É natural irmos para a América.

A Bossa tem planos para se internacionalizar?

Nós já temos a Bossa Américas, onde já investimos em mais de 600 empresas nos Estados Unidos e já colocamos nosso pé em Israel, hoje o grande celeiro de tecnologia do mundo. Agora, estamos para indo para a África e em breve, outros continentes. Esta internacionalização explica a mudança de marca de Bossanova Investimentos, já muito consolidada no país, para Bossa Invest. Além disso, o nosso novo CEO, Paulo Tomazela, é executivo e altamente reconhecido pelo mercado como um dos melhores gestores de fundo. Todo esse movimento já é focando no IPO.

Hoje, a Bossa conta com 1.500 startups investidas. A ideia é ampliar ainda mais até o IPO?

Continuamos investindo em novas startups. Todos os meses colocamos dentro do nosso portifólio de investidas, entre 10 e 15 sartups por mês. Até nosso IPO em 2026, neste ritmo, podemos estimar que teremos mais de 700 novas empresas dentro de casa. Mas não é apenas uma questão de número que explica o nosso sucesso. É a assertividade para escolhermos boas apostas que nos diferencia.