- A Light (LIGT3), distribuidora carioca de energia, cuja a ação valia R$ 24,34 em 2020, hoje a a cotação está em R$ 5,05. Nunca existe um único motivo para a queda de um papel, mas existe o principal;
- Os chamados “gatos”, ligações ilegais que roubam energia, no Rio de Janeiro, causam um prejuízo de R$ 750 milhões todos os anos. Na prática, 37,5% dos cariocas têm ligações clandestinas;
- Conversei com o atual CEO da empresa, Alexandre Nogueira, para entender melhor como será o plano de recuperação judicial na prática e, como este impactará os investidores e credores.
Em todos os estados do Brasil existem problemas de criminalidade e ineficiência. Porém, o nível do que acontece no Rio de Janeiro é único e posso falar porque estou constantemente na cidade maravilhosa e consigo observar o seu funcionamento.
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O problema é que, alguém precisa pagar essa conta e, quem paga, no caso, é a população e também o investidor. A Light (LIGT3), distribuidora carioca de energia, cuja a ação valia R$ 24,34 em 2020, está cotada hoje a R$ 5,05. Nunca existe um único motivo para a queda de um papel, mas existe o principal. Se eu perguntasse para você, qual a sua opinião sobre investir em uma empresa que é roubada constantemente e isso causa um prejuízo de R$ 750 milhões todos os anos, você investiria?
Pois é. Esta é a Light (LIGT3). Os chamados “gatos”, ligações ilegais que roubam energia, no Rio de Janeiro, causam um prejuízo aproximado de R$ 750 milhões todos os anos. Apenas para você ter uma ideia do tamanho do problema, a cada 10 pessoas que consomem regularmente a energia da companhia, existem outras 6 que estão roubando, ou melhor, furtando, para colocarmos no termo correto do código penal. Na prática, 37,5% dos cariocas têm ligações clandestinas.
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Fazendo um paralelo, imagine que em um posto de gasolina, 37,5% abastecem o carro e não pagam. E a verdade é que não tem como uma empresa, sozinha, arrumar este problema. Imagine um técnico, indo em um local dominado por milícias ou Comando Vermelho, subindo no poste para desligar o gato. Talvez não saísse vivo. Infelizmente, a solução da Light não está 100% nas mãos dos controladores. É um desafio compartilhado com os governos municipal, estadual e federal e com a própria sociedade.
Conversei com o atual CEO da empresa, Alexandre Nogueira, para entender melhor como será o plano de recuperação judicial na prática e como este impactará os investidores e credores. O primeiro ponto importante é que, a maior parte dos credores deve receber o pagamento integral da dívida e, aqueles que apoiarem o plano, terão condições especiais.
Além disso, a companhia precisará de Capex, ou seja, recursos para que investimentos sejam feitos na rede e esta á uma das principais metas. Os acionistas pretendem injetar R$ 1 bilhão para capitalizar a empresa. É o famoso skin the game.
Algo que pouca gente sabe é que, mesmo com todos os desafios, a companhia ainda possui um dos melhores indicadores de qualidade do País. É impossível prever o futuro mas, no mercado financeiro, usamos o termo track record para observarmos o histórico de determinado ativo.
Em paralelo, vale deixar no radar que os principais acionistas da companhia são, nada mais, nada menos do que os bilionários Ronaldo Cézar Coelho, Alberto Sicupira e Nelson Tanure. Não posso falar se você deve ou não investir na Light, mas com certeza é uma empresa que, se concluir seu plano com excelência, será um dos maiores cases da história. Quem viver, verá!
Aviso da redação: Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial do E-Investidor/ Estadão.