Nos próximos meses, nós, brasileiros, sentiremos um aumento significativo no preço dos combustíveis, com a gasolina e o diesel mais caros nas bombas. Mas engana-se quem pensa que isso só vai afetar os donos de veículos automotivos. Esses reajustes deverão pressionar a inflação, especialmente os preços dos alimentos, gerando mais desafios para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já enfrenta dificuldades no controle da escalada dos preços no país e em sua popularidade.
O que acontece é que, pela primeira vez em 13 anos, a Petrobras (PETR3; PETR4) não reajustou o diesel ao longo de todo o ano de 2024, o que gerou pressões internas e externas para que a empresa corrigisse a defasagem.
A defasagem do preço do diesel, por exemplo, já está entre 14% e 17%, enquanto a da gasolina está em 7%. E esse desequilíbrio levará a petroleira a promover dois reajustes no diesel, enquanto a gasolina e o álcool terão apenas um, determinado pelo aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
O impacto do ICMS no bolso do brasileiro
Embora a decisão de aumentar o ICMS não tenha partido do governo federal, ela terá um impacto direto sobre o bolso dos consumidores. O aumento nos preços do diesel e da gasolina tende a elevar os custos de transporte, o que, por sua vez, afeta os preços dos alimentos e de outros produtos essenciais, já que no Brasil quase tudo é transportado por caminhões. Então, se o custo do frete aumentar, esse valor será repassado para os produtos e, consequentemente, para o consumidor.
Além disso, esses reajustes de combustíveis devem aumentar a pressão inflacionária, o que forçará o Banco Central (BC) a manter a trajetória de alta dos juros para tentar controlar a inflação.
Aumento dos combustíveis x inflação
No ano passado, a inflação já ficou acima das expectativas, e não tenho dúvida de que este ano o Brasil vai estourar o teto da meta da inflação; afinal, o aumento da gasolina tem efeito direto sobre o IPCA, o índice oficial de inflação, que é uma das principais preocupações do governo.
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Um dos maiores temores dos investidores é que o governo tente intervir nos preços de forma artificial, o que poderia prejudicar ainda mais a saúde financeira da Petrobras. Isso lembraria o período do governo de Dilma Rousseff, quando, ao tentar controlar a inflação, houve uma contenção nos reajustes de combustíveis que resultou em uma enorme perda para a empresa, estimada em R$ 100 bilhões. Esse episódio é lembrado como um erro de gestão que quase quebrou a Petrobras.
Porém, o fato é que, a partir do dia 1º de fevereiro, o ICMS sobre a gasolina e o etanol aumentará R$ 0,10 por litro, enquanto no diesel e biodiesel o acréscimo será de R$ 0,06. Essa medida, aprovada pelos governos estaduais em outubro de 2024, eleva o ICMS da gasolina para R$ 1,47 por litro e o do diesel para R$ 1,12.
Em um cenário de inflação crescente e ajustes fiscais exigidos para estabilizar a economia, o governo terá de equilibrar as necessidades de controle da inflação com a pressão de não afetar mais ainda o poder de compra da população. O presidente Lula precisará de medidas consistentes para garantir a recuperação econômica sem comprometer ainda mais o bem-estar dos brasileiros em meio ao aumento no preço dos combustíveis.