O que este conteúdo fez por você?
- Será muito difícil zerar emissões de gases de efeito estufa até 2050
- Milhões de pessoas pedem a mudança de um sistema que simplesmente não entrega mais
- A Agenda 2030 aborda três pilares fundamentais da sustentabilidade: social, ambiental e econômico
No domingo à noite, dirigindo de volta da praia para São Paulo enquanto meu filho de 6 anos e seu amigo dormiam no banco de trás, vim pensando como será o mundo quando eles tiverem a minha idade.
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Nestes últimos dias li inúmeros relatórios e reportagens mostrando como será muito difícil atingir o tal Net Zero (zerar emissões de Gases de Efeito Estufa) até 2050. A temperatura em vários lugares do mundo já subiu mais rápido do que os modelos previam. A temperatura na Europa atingiu 45º C e na Ásia, 50º C graus. Isso aconteceu por alguns dias seguidos. Em 2030 pode acontecer por meses.
A Europa está pegando fogo, os Estados Unidos têm enchentes de um lado e secas devastado safras do outro, a China está enfrentando uma seca recorde. Isso tudo vem gerando falta de alimentos e falta de água em vários lugares. A inflação continua subindo e a desigualdade, aumentando.
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Em seu artigo da semana passada (ESG on a Sunday – Week 33), Sasja Beslik traz a seguinte análise: Em 1818 Schopenhauer escreveu sua mais famosa obra, “O mundo como vontade e representação”. Ele acreditava que no coração da realidade existia a vontade, um impulso dentro de cada um de nós para viver e satisfazer nossos desejos. Baseado nesta filosofia, Nietzsche criou o conceito de Eterna Recorrência. O universo é um espaço cíclico.
O problema é que a vontade nunca se sacia e nunca se aplaca, tornando-a sempre um movimento e transformando seu objetivo em alvo móvel. Afinal, toda vez que atingimos um de nossos objetivos, não demora muito para ficarmos entediados e começarmos a procurar uma nova montanha para escalar.
Segundo Schopenhauer, todas as coisas vivas carregam essa mesma força primordial dentro de si, mas nunca são capazes de satisfazê-la. Além disso, nosso senso de identidade é uma ilusão dessa vontade sem propósito enquanto tenta dar sentido à vida.
Hoje precisamos da vontade mais do que nunca. Precisamos da Vontade que é a voz de milhões de pessoas pedindo a mudança de um sistema que simplesmente não entrega mais. Estamos fartos. Não queremos que nosso futuro seja derrotado dessa maneira.
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A Agenda 2030, composta por 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), busca acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar a paz e prosperidade para todos. A agenda aborda três pilares fundamentais da sustentabilidade: o social, o ambiental e o econômico.
Neste sentido, volto a citar a ODS Zero, um conceito idealizado pelo empreendedor e investidor Marco Gorini. Como ele diz, todo CNPJ é precedido por um modelo, que, por sua vez, é precedido por um líder, um ser humano que faz escolhas e renúncias.
A ODS Zero diz respeito ao nosso discernimento em relação às escolhas saudáveis que precisamos fazer, em direção ao propósito que desejamos servir.
Ele envolve um elevado nível de consciência e pertencimento, uma compreensão de que tudo está interligado e todos os ecossistemas são sinérgicos, além do reconhecimento dos impactos positivos ou negativos de todas as ações – e aqui a omissão é inaceitável.
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O ODS Zero, portanto, representa um retorno às origens, um olhar para dentro, revisitando nossas fronteiras interiores e restabelecendo a conexão cabeça-coração.
Certas escolhas vão exigir muita coragem dos líderes empresariais e de instituições financeiras. Ao mesmo tempo que a transição para uma economia de baixo carbono traz inúmeras oportunidades, também traz custos e exige uma mudança cultural.
Os resultados da adoção de critérios ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa, em inglês) ou de investimentos na ODS virão no longo prazo. mas os custos virão antes. Eis aí um dos grandes desafios do mercado de capitais que tende a focar no curto prazo.
Um bom exemplo de custos inesperados resultantes das mudanças climáticas pode ser visto no caso da Foxconn, a maior fabricante de produtos 3C (itens de computadores, comunicações e consumos eletrônicos) do mundo, fornecedora de peças para Toyota, Apple e outras grandes companhias. A empresa suspendeu suas operações devido à falta de energia na sua planta no sudoeste da China já que a região sofreu com secas e ondas de calor que afetaram as usinas hidrelétricas.
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As mudanças climáticas são um problema global e urgente, vão exigir inovação para chegarmos a uma economia carbono zero. Risco climático significa risco financeiro. O custo de capital para as empresas que não se prepararem para a transição ficará cada vez mais alto. Por outro lado, uma nova geração de empresas está surgindo, criando oportunidades de investimento.
Devemos pensar sobre o portfólio do futuro. É difícil dizer em quanto tempo essa transição vai acontecer, mas é importante ter um pé no futuro e, ao mesmo tempo, quantificar os riscos que vem das externalidades que o portfólio atual gera. O investidor precisa calcular quanto carbono seu portfólio emite, o uso da água e como as empresas nas quais investe tratam os resíduos, os funcionários, a comunidade e o meio ambiente.
Pergunte para seu gestor se ele leu os relatórios ou um resumo do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o que ele esta fazendo a respeito.
Ao escolher onde investir nesse momento de transição, busque empresas cujos líderes tenham incorporado a ODS Zero e tenham a coragem de fazer as mudanças necessárias. Líderes cuja vontade de resolver grandes problemas seja insaciável, que seja parte de seu propósito e traga sentido para a sua vida.
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Quem sou eu para questionar Schopenhauer ou Nietzsche?