Descomplicando os investimentos

Luis Cláudio é Diretor Geral da Ágora Investimentos. Pós-graduado em mercado de capitais, ele soma mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro. O seu objetivo é ajudar as pessoas que querem investir para concretizarem seus objetivos financeiros por meio da educação, análise e acesso à produtos de maneira acessível e descomplicada.

Escreve na primeira quarta-feira de todo mês.

Luis Cláudio Freitas

Você sabe quais investimentos são adequados ao seu perfil?

Desconfie de quem ofereça qualquer investimento sem conhecer seu perfil

Cada perfil pode ou não estar alinhado com seus objetivos | Foto: Envato Elements
  • É inevitável pensar em como planejar e executar a sua estratégia de investimento para 2023 considerando seu momento de vida, conhecimento sobre o mercado e tolerância ao risco
  • Nenhum agente de mercado pode realizar qualquer tipo de recomendação se o investidor não tiver determinado perfil perante a instituição que está se relacionando
  • A diferença dos perfis repousa nos percentuais de distribuição de cada classe de ativo e dos produtos que compõem a cesta de investimentos de cada investidor

Início de um novo ano é aquele momento em que queremos executar os planos que estavam no papel: começar uma academia, fazer aquela viagem nas férias, priorizar o que é importante para você e sua família; e com os investimentos também não é diferente. Ano novo, novo governo, nova equipe econômica e muita água para passar por baixo da ponte! É inevitável pensar em como planejar e executar a sua estratégia de investimento para esse período, considerando seu momento de vida, conhecimento sobre o mercado e seus produtos e claro, sua tolerância ao risco.

Tenho certeza que você já ouviu o termo “Perfil do Investidor”, uma exigência regulatória, inclusive com regras específicas determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para que os bancos, corretoras ou casas de investimentos e instituições financeiras do mercado em geral, através de seus gerentes, advisors, especialistas de investimentos e até agentes autônomos de investimentos, possam fazer recomendações de produtos de investimento ou ainda, para que o investidor possa realizar investimentos dentro de um parâmetro de risco tolerado pelo seu perfil.

Hoje vamos explicar melhor o por que cada perfil pode ou não estar alinhado com seus objetivos, e é muito importante para você entender quando da oferta de produtos de investimento; se realmente está aderente à sua realidade. Nem sempre o maior risco pode trazer o maior retorno.

É importante ressaltar que nenhum agente de mercado pode realizar qualquer tipo de recomendação se o investidor não tiver preenchido e determinado seu perfil perante a instituição que está se relacionando. Em função disso é que há regulação sobre o assunto, visando proteger os investidores de atuações irregulares no mercado. Desconfie de quem ofereça qualquer investimento sem conhecer seu perfil.

Embora haja uma espinha dorsal quanto ao processo de identificação do perfil regido pela CVM, cada instituição financeira tem autonomia para criar seu próprio formulário no que diz respeito às perguntas e sua redação e, embora possa parecer uma etapa burocrática do processo de investir, é muito importante que o investidor responda com franqueza e atenção, uma ver que seu resultado será usado para a oferta de produtos de investimentos mais adequados a ele.

Assim como os questionários podem variar de instituição para instituição, os perfis também. Algumas instituições trabalham com 3 tipos de perfil enquanto outras podem usar até 5. A diferença repousa basicamente nos percentuais de distribuição de cada classe de ativo e dos produtos que compõem a cesta de investimentos de cada investidor. Vamos conhecer os principais:

Perfil conservador

De forma geral, o investidor de perfil conservador valoriza a segurança e baixa volatilidade (oscilação) de seus investimentos. Nesse sentido, os produtos adequados para esse perfil são títulos públicos, como os títulos do Tesouro Direto e também títulos privados, como CDBs, LCIs, LCAs, que contam inclusive com a cobertura do FGC – Fundo Garantidor de Crédito, fundos DI, dentre outros. 

Para o investidor de perfil conservador, a rentabilidade é secundária face a segurança e liquidez do investimento. Assim, normalmente os investimentos adequados a este perfil estão atrelados à taxa básica de juros.

Perfil moderado

Um pouco à frente na escala de tolerância ao risco, o investidor de perfil moderado também considera a segurança como um fator importante, porém está disposto a alocar uma parte de seus recursos em alternativas que possibilitem uma remuneração mais atrativa, como por exemplo títulos privados com menor liquidez e melhor remuneração, fundos multimercado – que podem investir em diversas classes de ativos e mercados diferentes, como taxas de juros internacionais, moedas, commodities dentre outros;  e até mesmo uma pequena parcela de seu portfólio em renda variável. 

Em resumo, é natural que a parcela mais arrojada da carteira possa trazer oscilações, porém de forma controlada, dada a sua menor participação frente ao total do recurso investido.

Perfil arrojado ou agressivo

No outro extremo da escala, temos os investidores arrojados ou agressivos. Não significa que estão dispostos a aceitar qualquer tipo de risco em função da possibilidade de um melhor retorno, mas sim, que lidam melhor com a volatilidade da renda variável. São investidores que já possuem um conhecimento mais aprofundado sobre produtos e a dinâmica do mercado e eventualmente, uma reserva financeira e patrimônio já consolidados.

Agora vale sempre refletir sobre o questionamento que muitos investidores fazem: “qual o melhor produto de investimento hoje em dia?” Ou ainda, “qual o melhor investimento para este momento?”. Bem, a resposta para essas perguntas, se formos falar de forma mais genérica, seria: “o investimento que você se sente confortável, conheça seu comportamento diante das oscilações de mercado e claro, não atrapalhe suas noites de sono”.

Aqui considerando uma infinidade de fatores como: liquidez, indexador, risco, prazo de investimento, dentre outros. Nesse caso, o “melhor produto ou portfólio” certamente será diferente de investidor para investidor.

Agora que você já conhece o que está por trás daquele questionário, vale avaliar qual banco ou casa de investimento você escolherá e lhe trará a melhor opção de investimentos de acordo com seu perfil. A escolha passa por diversos critérios com certeza, mas um dos fatores-chave pode ser a grade de opções de investimento: alternativas em renda variável, renda fixa, fundos de investimento, dentre outros e o principal: atendimento especializado de um profissional, que pode ser um fator decisivo para trazer transparência, traduzir a linguagem técnica das características do produto e consequentemente, conforto e segurança para que o investidor possa tomar suas decisões com critério e tranquilidade.

Espero ter compartilhado informações relevantes para que você siga em sua jornada de investimento e realização de seus projetos com uma visão mais ampla e consequentemente, com mais segurança.

Muito obrigado pela companhia e desejo a você e seus familiares, um próspero 2023!

Um abraço!