Descomplicando os investimentos

Luis Cláudio é Diretor Geral da Ágora Investimentos. Pós-graduado em mercado de capitais, ele soma mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro. O seu objetivo é ajudar as pessoas que querem investir para concretizarem seus objetivos financeiros por meio da educação, análise e acesso à produtos de maneira acessível e descomplicada.

Escreve na primeira quarta-feira de todo mês.

Luis Cláudio Freitas

Como compor uma reserva financeira com o método 50-30-20?

Método consiste em dividir sua renda líquida mensal em três grandes blocos e se programar a partir disso

A senadora Elizabeth Warren criou o método 50-30-20. Foto: REUTERS/ Elizabeth Frantz/File Photo
  • O método 50-30-20 foi desenvolvido pela professora de direito e atual senadora norte-americana Elizabeth Warren com sua filha, Amelia Warren Tyagi
  • le consiste, basicamente, em dividir sua renda líquida mensal em três partes, tendo como principal pano de fundo o controle financeiro ou o equilíbrio do orçamento

Ainda que dinheiro não seja tudo na vida, ele é indispensável e sua utilização passa por todas as esferas do cotidiano, seja suportando o padrão de vida atual, a aquisição de um bem, uma viagem ou o investimento em educação.

Dito isso, é sabida a necessidade de se ter um orçamento equilibrado entre as despesas e receitas mensais, que servirá de base para, consequentemente, se ter uma vida também mais equilibrada e consciente, considerando também os imprevistos que invariavelmente ocorrerão ao longo do tempo.

O método 50-30-20 foi desenvolvido pela professora de direito e atual senadora norte-americana Elizabeth Warren com sua filha, Amelia Warren Tyagi. Ele consiste, basicamente, em dividir sua renda líquida mensal em três partes, tendo como principal pano de fundo o controle financeiro ou o equilíbrio do orçamento.

50% – a primeira parcela de sua renda líquida: essa parcela deve ser destinada para suprir suas despesas fixas mensais, como o pagamento de despesas com moradia (financiamento ou aluguel,0 condomínio, IPTU, alimentação, educação, energia elétrica, água entre outras despesas fixas mensais.

Os gastos essenciais podem variar de indivíduo para indivíduo e dessa forma, pode haver diferenças. Caso tenha dúvidas se esses custos são essenciais ou não, verifique se ele é ou não dispensável. O ideal é que você discrimine todos esses gastos mensais, preferencialmente mês a mês, para que seja capaz de calcular uma média e assim, trabalhar com mais margem de segurança.

30% – a segunda parcela de sua renda líquida: aqui entram as suas despesas variáveis ou supérfluas. Ainda que eles não sejam indispensáveis para a sua sobrevivência, são despesas importantes para que você possa também usufruir de fatores positivos, como entretenimento – ao assinar serviços de streaming, uma viagem de férias, passeios e até mesmo compras; proporcionando benefícios relacionados à satisfação, felicidade, descanso mental, entre outros. Em resumo, o equilíbrio entre o trabalho e o lazer.

É muito importante avaliar cada uma dessas despesas e se faz sentido sua manutenção em seu orçamento mensal. Os gastos supérfluos são, muitas vezes, confundidos com os gastos essenciais e podem se tornar os vilões para o orçamento individual e familiar.

20% – a terceira parcela de sua renda líquida: construção ou reforço de sua reserva financeira para atingir seus objetivos financeiros. Caso ainda não tenha disponibilidade de recursos, partiremos para a construção de uma reserva de emergência: ela é caracterizada como um “colchão de segurança” para uso em situações como uma despesa inesperada ou um período recebendo uma renda menor do que a habitual (ou até sua ausência).

Ainda que uma reserva de emergência não tenha um valor predefinido, ela deveria corresponder a pelo menos 6 meses dos seus gastos mensais, considerando principalmente os gastos essenciais, mas podendo também ser composta por parte dos gastos supérfluos. Afinal, o objetivo da reserva de emergência é o de permitir que você e sua família possam viver os meses “não programados” sem ou com o menor impacto possível no orçamento, até que a “entrada de recursos” (salário, comissões, aluguéis, entre outros) seja restabelecida.

O ideal é que todos os indivíduos tenham uma reserva de emergência constituída, e essa é a primeira etapa de onde todos os investidores devem partir. Lembre-se, o foco da reserva de emergência é a rápida disponibilidade e não necessariamente a rentabilidade. A

inda assim, há diversas opções com boa liquidez e retornos atrativos para serem usados na alocação dessa reserva, como CDBs pós fixados, Tesouro Selic (Tesouro Direto), Fundos DI, entre outros.

Uma vez constituída a reserva de emergência, os 20% de sua renda líquida passarão a compor sua carteira de investimentos. A partir daí, teremos toda a dinâmica de alocação dos recursos de acordo com seu perfil de risco, diversificação e revisão periódica da sua carteira de investimentos.

Por fim, como aplicar o método? A resposta para essa pergunta está em um controle apurado, com revisão periódica (de preferência mensal) sobre cada uma de suas despesas, além de disciplina.

Não vamos nos iludir: imprevistos acontecem, assim como a própria dinâmica da economia e da inflação, para citar “apenas” a alta de preços de itens de consumo e serviços. A partir desse controle, você será capaz de equilibrar seu orçamento e garantir maior previsibilidade no dia a dia, além do endereçamento de seus objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo.

Espero que com esse método simples você possa começar a investir, seja para seu projeto pessoal ou seu futuro; mas uma coisa é sabida: quem investe alcança seus objetivos.