Marco Saravalle é analista CNPI-P e sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest. Foi estrategista de Investimentos do Banco Safra, estrategista de Investimentos da XP Investimentos, analista e co-gestor de fundos de investimentos na Fator Administração de Recursos e GrandPrix e analista de ações na Coinvalores e Socopa. Formado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, Pós-graduado em Mercado de Capitais pela USP e Mestrando em Economia e Finanças pela FGV/EESP. Iniciou sua carreira no programa de Trainee do Citibank. Atualmente é Diretor Administrativo/Financeiro da Apimec Nacional, membro do comitê de
educação da CVM e presidente do Conselho da ONG de educação financeira,
Multiplicando Sonhos.

Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras

Marco Saravalle

A bruxa está solta: o Halloween chegou primeiro na bolsa este ano?

Entenda como os rumores do furo do teto de gastos estão impactando na queda da bolsa

Foto: Robson Fernandjes/Estadão
  • Ser investidor no Brasil, nunca foi uma tarefa fácil. Apesar da bolsa brasileira ter muitas oportunidades, com empresas de bons fundamentos, o cenário macroeconômico e político sempre deixou a sanidade mental dos investidores comprometida

Em todos os lugares, seja nos noticiários, redes sociais ou até no churrasquinho em família, todo mundo só fala do bendito teto de gastos. Mas, por que os investidores estão tão preocupados com o furo no teto de gastos que o governo pode causar?

Neste artigo, vamos falar sobre os motivos pelos quais a preocupação tem se alastrado no mercado e feito a bolsa cair mais de 7% nos últimos dias.

O teto de gastos é o novo bicho-papão?

Proposto em 2016 pela gestão do então Presidente da República Michel Temer, tendo como ministro da economia Henrique Meirelles, a medida constitucional do teto de gastos passou a valer de fato no ano seguinte, em 2017. O mecanismo abrange as despesas da União, Ministério Público da União e a Defensoria Pública.

O “dito-cujo” tem como objetivo limitar os gastos governamentais à inflação de 12 meses – até o mês de junho do ano preliminar para, assim, equilibrar as contas públicas e conseguir manter a taxa básica de juros em menores patamares. A taxa básica de juros (Selic), por sua vez, é uma grande alavanca da economia, tanto na geração de renda, controle de inflação e crescimento econômico: se você mexer de um lado, pode afetar o outro.

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O teto de gastos, apesar de uma medida necessária para controlar os gastos governamentais e evitar que as despesas sejam maiores do que a arrecadação, gerou um certo desconforto em algumas camadas da população na época, já que a PEC englobava os gastos com saúde e educação.

PEC dos Precatórios

Todo o “fuzuê” gira em torno de que o governo federal pretende conceder um programa social de R$ 400,00 para a população mais vulnerável, sendo que o valor proposto ultrapassa o teto de gastos.
Vocês devem estar se perguntando: mas o que os precatórios têm a ver com tudo isso?

Os precatórios são dívidas que o governo perdeu na justiça e obrigatoriamente precisa quitar. Este ano, o valor dos precatórios foi maior do que o esperado, em mais de R$ 30 bilhões. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios propõe que aqueles precatórios que passarem de R$ 60 milhões não serão quitados imediatamente, abrindo a brecha que o governo precisa para conseguir custear o programa social de R$ 400,00 sem que seja necessário furar o teto de gastos.

Além disso, o teto de gastos é atualizado de acordo com a inflação (IPCA), calculado de julho a junho do ano seguinte. A proposta sugere que seja calculado de janeiro a dezembro, já que a inflação deste período foi maior, aumentando o limite do teto. O texto-base do relatório da PEC já foi aprovado pela Comissão da Câmara dos Deputados.

Como proteger os seus investimentos dos “Halloweens” da bolsa Brasil

Ser investidor no Brasil, nunca foi uma tarefa fácil. Apesar da bolsa brasileira ter muitas oportunidades, com empresas de bons fundamentos, o cenário macroeconômico e político sempre deixou a sanidade mental dos investidores comprometida – brincadeiras à parte (ou não?).

De fato, a diversificação sempre foi a melhor amiga do investidor brasileiro. Possuir uma reserva de emergência, diversas modalidades de ativos e ações em diferentes setores é um dos caminhos que todos deveriam seguir. Procurar por empresas descontadas, que possuem boas perspectivas de crescimento, e também nunca deixar de olhar a boa e velha renda fixa. Afinal, no Brasil tudo pode acontecer!