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Inflação e taxa de juros continuam pressionando economia e investimentos no Brasil

Mercado doméstico avança em agosto após forte queda no mês anterior, enquanto bolsas dos EUA seguem em alta

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A Selic é a taxa básica de juros (Foto: Adobe Stock)
A Selic é a taxa básica de juros (Foto: Adobe Stock)

Durante o mês de agosto de 2025, a bolsa de valores brasileira registrou recuperação após o tombo de julho. O Ibovespa subiu 6,28%, encerrando o período em 141.422 pontos. Os índices setoriais também mostraram desempenho positivo: o ICON (consumo) avançou 8,29%, enquanto o IFNC (financeiro) subiu 8,26%. Já o índice de fundos de investimento imobiliário (IFIX) teve alta de 1,16%, fechando em 3.476 pontos.

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Nos EUA, os três principais índices também mantiveram a trajetória positiva. O Nasdaq avançou 1,58%, o S&P 500 ganhou 1,91%, e o Dow Jones subiu 3,20%. Em agosto, a alta do mercado americano foi impulsionada por resultados corporativos acima do esperado e expectativa de cortes de juros pelo FED, levando Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq a novos ganhos.

No front doméstico, o tema das tarifas comerciais segue como principal fonte de incerteza externa. O governo brasileiro, até o momento, não tem demonstrado abertura para negociações efetivas com os Estados Unidos e, recentemente, surgiram até especulações sobre possíveis medidas retaliatórias.

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Uma reação desse tipo é considerada heterodoxa e potencialmente negativa para a economia como um todo, pois implicaria riscos tanto para as relações internacionais quanto para variáveis macroeconômicas, como câmbio e inflação.

O caminho esperado e mais alinhado às práticas tradicionais é uma solução diplomática, ortodoxa e equilibrada. Historicamente, a relação entre Brasil e Estados Unidos tem sido amistosa, e trata-se da maior economia do mundo, um parceiro de elevada relevância para o país.

O Comitê de Política Monetária decidiu manter a Selic em 15% ao ano. A decisão reforça a percepção de que o processo de afrouxamento monetário deve ser adiado para 2026, em linha com a persistência da inflação de serviços e a pressão dos núcleos inflacionários.

A curva de juros brasileira permaneceu praticamente estável em agosto na parte curta, refletindo esse cenário de manutenção prolongada. Já nos vértices mais longos, manteve-se praticamente inalterada, incorporando riscos fiscais domésticos e incertezas externas ligadas à guerra comercial.

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Esse ambiente de juros elevados continua sustentando a atratividade da renda fixa, ao mesmo tempo em que limita a valorização de ativos de risco. A bolsa brasileira conseguiu se recuperar em agosto, mas o movimento foi majoritariamente técnico após as perdas expressivas de julho, em um cenário ainda marcado pela cautela dos investidores.

Para os próximos meses, não se projeta mudança relevante na conjuntura econômica. A taxa Selic deve permanecer elevada até 2025, enquanto as preocupações fiscais se intensificam no horizonte de 2026 e 2027. O ambiente externo também segue desafiador, diante de tensões comerciais e da ausência de avanços diplomáticos com os Estados Unidos, fatores que adicionam volatilidade ao câmbio e às expectativas inflacionárias.

No campo político, ainda que os preços de mercado não reflitam totalmente os fundamentos, o aumento das incertezas em torno da popularidade do governo começa a ganhar peso nas expectativas, influenciando de forma marginal a precificação da bolsa.

Em termos de política monetária, o cenário predominante continua higher for longer, no qual o Banco Central mantém a Selic em patamar restritivo por mais tempo. Embora não se possa descartar totalmente o risco de novas altas, essa possibilidade é considerada baixa no momento. O cenário base aponta para cortes apenas a partir do primeiro semestre de 2026.

Em síntese, agosto foi marcado por uma recuperação pontual da Bolsa e pela resiliência dos ativos americanos, mas o pano de fundo doméstico continua dominado por juros elevados, riscos fiscais e incertezas externas. Nesse contexto, a renda fixa se mantém como opção preferencial, enquanto a tomada de risco segue condicionada à evolução da política monetária e ao cenário político-fiscal a partir de 2026.

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*Guilherme Carter, Msc colaborou nesse artigo

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