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Colunista

O que poderia animar ainda mais a B3, em dias de incertezas internas e no exterior?

Queda na popularidade de Lula, tarifas de Trump e estagflação nos EUA já provocaram mau humor no mercado, que agora tenta se recuperar

Ibovespa, o principal índice da B3. (Foto: Adobe Stock)
Ibovespa, o principal índice da B3. (Foto: Adobe Stock)

A alta ensaiada da B3, bolsa de valores brasileira, no início do ano foi freada pelo desempenho de fevereiro. No mês passado, a bolsa caiu 2,64% e o dólar voltou a rondar a casa dos R$ 5,90. Os números mostram que o pessimismo voltou mas algo pode estar animando os mercados.

O mau humor do mercado tem razões internas e externas. No Brasil, ganha cada vez mais força a ideia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai para o tudo ou nada para ganhar as eleições de 2026, o que significa aumentar o gasto público e flexibilizar o crédito, mesmo com a inflação elevada.

A primeira medida já foi tomada, a flexibilização do FGTS, com potencial de liberar R$ 12 bilhões para estimular o consumo. Possivelmente, mais medidas expansionistas virão. No radar, temos a possiblidade de os bancos estatais flexibilizarem o crédito, a Petrobras (PETR3; PETR4) retomar sua política de investimentos para contribuir com o Produto Interno Bruto (PIB), e o Congresso aprovar a isenção do IR para pessoas que ganham até R$5 mil.

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Se implementadas, essas medidas podem trazer impactos inflacionários. Com o país no limite da sua capacidade ociosa, qualquer estímulo de crédito ou fiscal poderá acarretar em aumento de preços.

No caso da isenção do Imposto de Renda, a medida também poderá aumentar o déficit primário e o endividamento, na medida em que não é certo que o governo conseguirá compensar a perda de arrecadação com a elevação de tributos nos mais ricos.

Outras fontes de preocupação são as medidas do Congresso para destravar emendas da conta “Restos a Pagar” e os gastos não contabilizados no Orçamento (parafiscais). Se aprovadas, as propostas terão efeitos negativos nas contas públicas e no endividamento do governo.

O pessimismo na Bolsa é tão evidente que o mercado passou a se animar com pesquisas de queda de popularidade do presidente, como temos visto neste início de março. A cada aumento na desaprovação do governo, o dólar cai e a bolsa sobe. O mercado entende que há possiblidade de correção da política econômica a partir de 2027 com o aumento da probabilidade de Lula perder as eleições.

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Se o cenário interno anda difícil, o externo também não joga ao nosso favor. Trump confirmou medidas protecionistas contra a China, México e Canadá com potencial de elevar os preços nos EUA no curto prazo, sustentando taxas de juros elevadas. Para o Brasil, significa mais demanda por dólares, pressionando a inflação.

Além da inflação americana, outro ponto de atenção é a forte desaceleração da economia dos EUA. Alguns analistas já começam a trabalhar com a hipótese de estagflação nos EUA, refletindo também em preocupações e quedas nas bolsas americanas.

Se esse cenário se concretizar, para nós seria muito ruim, dado que os EUA são o nosso principal parceiro em termos de investimento direto no país. Já dizia a famosa frase: “Quando os EUA pegam um resfriado, o Brasil pega uma pneumonia”.

Outra preocupação é que o Brasil também pode e deve entrar na mira de Trump, por exemplo com a taxação de alguns produtos, como o aço. Uma guerra comercial com os EUA traz impactos inflacionários e redução na atividade econômica do país.

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No Brasil, fica a dúvida do que vai mais influenciar o preço dos ativos: pesquisa indicando que Lula tem menos probabilidade de ser reeleito ou a intensificação da política fiscal expansionista.

Para os seus investimentos, por enquanto, há excelentes oportunidades na renda fixa e no mercado de ações da B3. Entre Brasil e EUA, teria o pé nas duas canoas.

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