Nestes últimos dias, muitos investidores me procuraram para saber o que fazer com seus portfólios de investimentos em renda fixa, já que vimos as taxas de juros oferecidas pelos títulos públicos e títulos privados nas corretoras saltarem para raros patamares , com os prefixados negociando acima de 15% ao ano e os indexados à inflação pagando juros adicionais ao redor de 8% ao ano.
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De forma geral, uma coisa é certa: esse movimento abre oportunidade para estratégias das mais simples às mais sofisticadas. Em geral, todas vão buscar o aumento da exposição para estes ativos em troca da parcela pós-fixada (CDI ou Selic) e, a depender dos objetivos de cada um, pode ainda considerar a troca de um título de curto prazo para alocações com prazos mais longos, garantindo assim taxas de juros mais interessantes.
Porém (e sempre há um porém), meus anos trabalhando na tesouraria do banco me deram de presente duas coisas fundamentais. A primeira é conhecer profundamente todas as métricas de gestão de risco da renda fixa e suas variáveis, e a segunda foi ganhar um estômago forte, que suporta altos níveis de risco e stress.
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Tá bom, mas por que estou falando isso? Porque a estratégia que talvez nunca te contaram, muito provavelmente em função apenas da variável de risco, mas que podem oferecer ganhos superiores a 100%, é que em determinados momentos, como os que estamos vivendo agora, a combinação de investimentos com alta duration (prazo médio para recuperar o investimento realizado na compra do ativo) e alta convexidade (para quem quiser, vou explicar isso posteriormente no meu LinkedIn) geram oportunidades muito interessantes e assimétricas na relação Risco versus Retorno.
Mas antes de falar dessa estratégia, é importante entender o momento. Quando avaliamos o histórico de taxas dos títulos públicos, de tempos em tempos, em ciclos de 4 a 6 anos, elas visitam patamares em alguns momentos muitos baixos, e em outros, muito elevados.
Não é incomum observarmos movimentos de 200 pontos (ou, seja, 2% de oscilação na taxa) em periodicidades ainda mais curtas. Isso porque o nosso País conta com instituições públicas e privadas que funcionam, com sistemas de freios e contrapesos e que garantem sempre o retorno das condições para uma normalidade, mantendo um ambiente de negócios saudável e prospectivo para o crescimento do País.
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Nestas últimas semanas e especialmente nestes últimos dias, as taxas se descolaram de suas médias e também ultrapassaram uma unidade de dispersão conhecido como “desvio-padrão”, indicando que, do ponto de vista estatístico, estas taxas realmente estão fora da normalidade, o que sem sombra de dúvidas gerou muita euforia entre os investidores pessoas físicas.
Desta forma, agora vamos direto ao ponto, levando em consideração o atual nível dos juros praticado pelo mercado, os conceitos de duration e convexidade, mas acima de tudo o apetite a risco, o Tesouro Nacional lançou neste ano um dos títulos mais brilhantes para o que ele se propõe, e também para surfar momentos como esse.
Trata-se do Tesouro RendA+ 2065, que possui a maior duration do mercado brasileiro, com impressionantes 47 anos de prazo médio, e altíssima convexidade, o que garante a ele um ganho muito elevado em cenários de redução das taxas de juros e em contrapartida uma assimetria no cenário inverso, com perdas (ou marcação a mercado) muito menores em cenários de aumento das taxas.
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Fica fácil de entender quando traçamos dois cenários com dois horizontes de tempo diferentes, sendo o primeiro horizonte de curtíssimo prazo (de apenas 1 dia) com oscilações na taxa do título RendA+ 2065 de 2%a.a para cima e 2%a.a. para baixo para ver o que aconteceria com seu dinheiro. E um segundo horizonte com as mesmas oscilações no cenário de taxas, porém ocorrendo daqui 5 anos.
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Veja que nos cenários de queda dos juros em 2%, os ganhos refletidos pela marcação a mercado dos títulos superam 150% no curto prazo e 250% no cenário de 5 anos, com potenciais perdas muito menores do que os potenciais ganhos. Dessa forma, para quem acredita que as variáveis de mercado tendem à sua média, esta estratégia pode impulsionar os ganhos do seu portfolio, assim como um certo grau de risco.
Esta estratégia comprova que mesmo na renda fixa, com algum conhecimento, estômago e apetite a risco, é possível buscar retornos comparáveis até mesmo aos casos de sucesso da renda variável. Agora, quanto de seu portfolio você deve alocar nesta estratégia? Sugiro você consultar o seu assessor de investimento, e principalmente ouvir aquele que mais importa, o seu estômago.