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![Em cenários em que as taxas de juros praticadas pelo mercado estão elevadas, é possível superar significativamente o CDI adotando uma estratégia prefixada. (Foto: Adobe Stock)](https://einvestidor.estadao.com.br/wp-content/uploads/2025/02/juros-4_060220252205-710x473.webp)
Entre tantas frases icônicas de Warren Buffett – possivelmente o maior investidor de nosso tempo -, uma das minhas favoritas é: “Se você não pode controlar suas emoções, não pode controlar seu dinheiro”. Essa reflexão nunca fez tanto sentido quanto agora, sobretudo diante de análises precipitadas como a que diz que não é um bom momento para investir em produtos prefixados com a Selic projetada em níveis acima de 15%. Será?
Mas, antes de entrar nesse ponto, vale reforçar a diferença entre as taxas pré e pós-fixadas.
Como funciona a taxa prefixada em investimentos?
A taxa prefixada é uma forma de remuneração comum no mercado financeiro, amplamente utilizada em títulos de renda fixa, como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Tesouro Direto, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito de Agronegócio (LCAs).
Ao optar por um investimento prefixado, o investidor assegura uma taxa de retorno previamente determinada, o que significa que o rendimento será constante, independentemente das futuras oscilações da taxa de juros, desde que a aplicação seja mantida até seu vencimento.
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Essa estratégia é particularmente vantajosa quando os juros futuros estão em um patamar elevado (como o atual). Dessa forma, se houver uma redução nas taxas negociadas no mercado futuro, você já terá “travado” sua rentabilidade em um nível superior e, caso decida pela venda, ainda poderá rentabilizar ainda mais seu investimento devido ao efeito da marcação a mercado. No entanto, é importante lembrar que o inverso também é verdadeiro em um cenário de alta dos juros.
O que são taxas pós-fixadas?
Nos investimentos pós-fixados, o rendimento acompanha as oscilações da taxa de juros. Se a taxa Selic sobe, o retorno aumenta; se a taxa cai, os ganhos diminuem. Esse tipo de aplicação tende a ser mais atraente quando há expectativa de novas altas nos juros no médio prazo, proporcionando a oportunidade de obter ganhos maiores.
Um adendo se faz necessário: a Selic é basicamente a taxa básica de juros da economia, determinada pelo Banco Central (BC), servindo como referência para as aplicações financeiras. O retorno efetivo das operações é geralmente calculado por meio do Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), que costuma seguir o mesmo movimento da taxa Selic.
Agora que essa diferença está clara, vamos analisar os prefixados sob uma perspectiva histórica. O que aconteceu em períodos de queda e estabilidade dos juros? Veja como o passado explica o presente.
Período de relativa estabilidade nos juros (2009-2014)
O período entre janeiro de 2009 e janeiro de 2014 foi iniciado com a taxa Selic na casa de 13,75% a.a., com algumas oscilações ao longo do tempo e foi finalizado com a Selic em 10% a.a. Nesse cenário, investidores que optaram por aplicações prefixadas para prazos de 5 anos travaram suas taxas no início desse período e garantiram rentabilidade ao redor de 12,50% a.a., resultando em um rendimento acumulado de cerca de 80% no período.
Em contrapartida, os investidores que optaram por aplicações pós-fixadas equivalentes a 100% do CDI ficaram vulneráveis às oscilações do CDI e acumularam cerca de 60% neste mesmo período de 5 anos.
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Foi uma diferença bastante relevante, com 20% a mais de rentabilidade para quem optou por prefixar seus investimentos.
Ciclo de queda dos juros (2017-2022)
Um outro momento que também vale relembrar. Entre janeiro de 2017 e janeiro 2022, observamos grandes variações na taxa básica de juros, que oscilou entre 2% e 13,75%. Esse cenário foi resultado de diversos eventos que influenciaram a economia e a política monetária, como a retomada econômica em 2017, grande variação da inflação de 12 meses que oscilou entre 1,88% e 10,74%, as eleições de 2018 e a pandemia de Covid-19 em 2020, entre outros. Os investidores que optaram por papéis pós-fixados com taxas equivalentes a 100% do CDI obtiveram pouco mais de 33% neste período.
Já no cenário dos ativos prefixados a coisa foi diferente. No início de 2017, conforme taxas referenciais da B3, foi possível travar o retorno com aplicações prefixadas com taxas ao redor de 11,20% a.a. para este mesmo período de 5 anos. Dessa forma, quem investiu nestes ativos prefixados acumulou um rendimento de 70%. Assim, quem prefixou seus investimentos ganhou mais do que o dobro de quem optou por se posicionar nos títulos pós-fixados.
Mas, afinal, o momento sugere pré ou pós-fixado?
Podemos observar que, em cenários em que as taxas de juros praticadas pelo mercado estão elevadas, é possível superar significativamente o CDI adotando uma estratégia prefixada. Mas é importante reforçar que apesar desta ser uma estratégia interessante, seu resultado depende de fatores imprevisíveis.
Além disso, os títulos em geral estão sujeitos à marcação a mercado e, caso o investidor decida liquidar antecipadamente sua posição, pode incorrer em sérios prejuízos, dependendo do nível vigente das taxas na ocasião.
Como citei acima, os investimentos prefixados já se provaram uma escolha bastante acertada em outros momentos da nossa história recente. Mas será que é hora de investir em ativos prefixados? Veja que uma das principais premissas do mundo dos investimentos é que rentabilidade passada não significa garantia de rentabilidade futura. Contudo, historicamente falando, é sempre importante observar os ciclos de comportamento das taxas de juros para entendermos seus possíveis padrões.
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Avaliando o histórico do CDI acumulado demonstrado no gráfico, é possível visualizar que taxas acumuladas e anualizadas em períodos de 3 e 5 anos nunca estiveram acima de 14,70% a.a, que é o atual patamar das taxas de juros futuras para estes prazos. Vale enfatizar ainda que foram raras as vezes nestes últimos 15 anos que essas taxas acumuladas do CDI em períodos de 3 e 5 anos estiveram acima de 12% a.a.
Vale destacar também que, neste amplo período de análise de 15 anos, a taxa Selic atingiu seu maior nível de 14,25% a.a. entre agosto de 2015 e outubro de 2016, período iniciado com inflação de 12 meses na casa de 9,50%.
Em que pesem todos os inúmeros fatores que possam interferir na política monetária futura, é possível afirmar que, sim, a taxa atual de juros futura está muito atrativa em termos históricos, de modo que é pouco provável que as taxas pós-fixadas possam superar as taxas prefixadas para períodos de médio e longo prazo.
Uma aplicação de R$ 100 mil, por exemplo, para 5 anos e com taxa prefixada de 14,70% a.a. garantirá ao investidor, no final do período, R$ 198,5 mil. Isso representa 98,5% de rendimento em apenas 5 anos.
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Por fim, eu gosto sempre de lembrar de uma máxima que faz todo sentido no atual cenário: as melhores oportunidades surgem quando a maioria hesita – isso também vale para investimentos em produtos prefixados.