

O Brasil é a bola da vez para a Iberia. Em entrevista à coluna em Madri, o diretor global de vendas da companhia aérea espanhola, Víctor Moneo, disse estar convicto de que os esforços feitos para ampliar os negócios no país darão o retorno esperado.
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O Brasil é a bola da vez para a Iberia. Em entrevista à coluna em Madri, o diretor global de vendas da companhia aérea espanhola, Víctor Moneo, disse estar convicto de que os esforços feitos para ampliar os negócios no país darão o retorno esperado.
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“Nunca investimos tanto de uma vez para aumentar a nossa operação em um mesmo país, como fizemos agora com o Brasil. Estamos ampliando a oferta de assentos em 27%, para algo em torno de 600 mil”, afirmou o executivo. “Temos muito o que crescer. É o maior país da América Latina e merece que a Iberia foque nele.”
Líder na Espanha e parte do grupo internacional IAG (International Airlines Group) — que engloba também British Airways, Vueling, Aer Lingus e Level —, a Iberia atua no Brasil ininterruptamente desde 1950. Hoje, oferece dois voos diários ligando São Paulo a Madri e, em média, cinco voos semanais entre o Rio de Janeiro e a capital espanhola.
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Com os novos investimentos, a companhia vai abrir dois novos destinos: em dezembro deste ano, começa a operar a rota entre Recife e Madri; e, em janeiro de 2026, lança o trecho Fortaleza-Madri.
Inicialmente, a frequência será de três voos por semana em Recife e em Fortaleza, mas a operação deve ser ampliada a cinco voos semanais após o início das operações, segundo Moneo. Os dois novos destinos foram anunciados junto com Orlando, nos Estados Unidos, para onde a Iberia também começará a voar, partindo da capital espanhola.
Os três trechos serão feitos com o modelo A321 XLR, da Airbus, que é mais enxuto, mais eficiente e mais econômico do que o A350, por exemplo, que costuma ser utilizado nas rotas que cruzam o Atlântico.
“É uma novidade para nós fazer voos de longa distância com uma aeronave de um corredor só. Embora o A350 nos permita ganhar mais com a venda de passagens, o XLR é mais rápido, polui menos e nos dá menos custo com combustível, por exemplo, além de permitir uma tripulação reduzida”, disse Ramiro Sequeira, diretor de operações da Iberia.
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A Iberia foi a primeira companhia aérea do mundo a usar o A321 XLR. O voo inaugural foi em novembro de 2024, no trecho entre Madri e Boston, nos Estados Unidos. A aeronave tem autonomia de cerca de 7.500km, o que permite que a empresa faça voos diretos entre a Europa e o Norte/Nordeste do Brasil.
A configuração é de 180 lugares, sendo 170 em classe econômica e 14 em business — como o avião possui um corredor só, todos os assentos na classe business são individuais. “Temos recebido um feedback excelente de quem voa conosco nos XLR”, diz Moneo.
O diretor global de vendas da Iberia ressaltou a consistência do mercado brasileiro, que é forte em todas as frentes, seja em viagens a turismo ou negócios. “O mercado mundial ainda não está totalmente recuperado da pandemia, mas a América Latina foi o mercado que voltou mais rápido. E o Brasil segue forte, todas as iniciativas que lançamos ali dão resultado”, afirma.
O programa “Hola, Madrid”, por exemplo, que prevê um stopover gratuito de até 10 dias na capital espanhola para quem vai visitar outros destinos na Europa com a Iberia, é liderado pelos clientes brasileiros.
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Sem abrir números, a Iberia obviamente espera que o empenho no aumento da oferta de voos entre a Espanha e o Brasil dê um retorno financeiro confortável para a companhia. Atualmente, segundo Moneo, o Brasil representa cerca de 15% da receita global da aérea.
Em 2024, a empresa registrou um lucro operacional recorde de € 1,027 bilhão, crescimento de 16,7% sobre o ano anterior. A receita operacional, segundo dados divulgados pelo controlador IAG, chegou a € 7,542 bilhões, um aumento de 8,3% sobre 2023, dos quais € 5,807 bilhões vieram de receitas de passageiros (+11,3%).
Atualmente, a companhia voa para 144 destinos em 48 países, nos cinco continentes. Considerando os codeshares — acordo entre companhias aéreas para compartilhar os mesmos voos —, a empresa chega a 384 destinos em 81 países. A estratégia é intensificar as parcerias na América Latina que têm funcionado, como com a LATAM.
Na Europa, a Iberia voa para 59 aeroportos, além de operar em todos os 46 aeroportos da Espanha. A companhia possui cerca de 11 mil funcionários.
Perguntados sobre a possibilidade de aquisição de aeronaves da brasileira Embraer, os diretores da empresa espanhola disseram que, no momento, possuem apenas o acordo com a francesa Airbus, o que não deve mudar.
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Moneo afirmou ainda que pretende intensificar os esforços com entidades como a Embratur para promover o Brasil como um destino para os europeus. “A responsabilidade de encher esses novos voos no país não pode ficar apenas nas costas dos brasileiros.”
O anúncio de ampliação das atividades da Iberia no Brasil vem no momento em que companhias aéreas brasileiras lutam para equilibrar suas contas. A GOL abriu um pedido de recuperação judicial nos EUA em janeiro de 2024 e, após uma grande reestruturação financeira, anunciou recentemente que pode sair da RJ ainda em junho.
Já a Azul entrou com o mesmo pedido nos EUA neste mês e pretende sair da RJ no início do ano que vem. A companhia, que vinha negociando uma fusão com a GOL antes de recorrer à Justiça dos EUA para se reestruturar, está agora 100% focada em sua recuperação financeira.
Ela anunciou novos destinos internacionais, como o trecho entre Campinas e Porto, em Portugal, mas descontinuou outras três rotas para fora do país: Manaus–Fort Lauderdale, Curaçao–Fort Lauderdale e Campinas–Assunção.
**O jornalista viajou a Madri a convite da Iberia
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