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Vitor Miziara é sócio da Performa Ideias, empresa de análise de mercado. Atua desde 2008 no mercado financeiro com experiência em gestoras, assessoria, análises e mais. Além de empreendedor, atua como investidor ativo em empresas e no ramo imobiliário, sempre em busca de valorização e renda passiva. Entusiasta do mercado, ele discorre sobre cenários e investimentos, sem evitar assuntos polêmicos e críticas abertas.

Escreve quinzenalmente, às terças-feiras.

Vitor Miziara

3 cenários para a carteira de investimentos no 2º turno

Cenário de eleições e a consequente volatilidade alta no mercado exige cautela dos investidores

No primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) somou 48,43% dos votos, frente a 43,20% do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). (Foto: Carl de Souza e Ernesto Benavides / AFP)
  • As eleições podem trazer grande volatilidade para os mercados, que correm para precificar vitórias
  • Comprar dólar é usar do “porto seguro” dos investidores contra o risco do País, mas no atual cenário é opção cara
  • Em uma situação de risco, a melhor decisão é não tomar decisões de "cabeça quente"

O segundo turno das eleições presidenciais tende a trazer grande volatilidade para os mercados que correm para precificar as possíveis vitórias, reformas e dificuldades. Além disso, temos a possibilidade da troca de um governo de direita para um governo de esquerda, que já afirmou que tentará rever algumas das reformas que foram feitas nos últimos anos.

Ou seja, há muita coisa em jogo e isso se vê dia a dia no mercado.

É importante entender uma coisa sobre o Brasil. Esse País é tão grande e tão engessado que funciona como um cruzeiro: pesado, lento e que demora muito tempo para que qualquer mudança de direção seja feita. Por que essa comparação? Porque o País avançou muito nos últimos anos com algumas reformas e, sem dúvidas, é muito lento e devagar revertê-las, assim como é difícil aprovar novas mudanças.

Isso é importante para que você entender que nada será tão radical e rápido da noite para o dia, ao ponto que não dê tempo de ajustar as mudanças nos seus investimentos.

Um jeito de se proteger contra nós mesmos é investir em dólar e usar o “porto seguro” dos investidores contra o risco do nosso País. Apesar de essa ser a proteção mais óbvia do mercado, o custo de se comprar a moeda hoje é muito caro. O dólar subiu contra todas as moedas do mundo nos últimos meses, boa parte por insegurança em relação à recessão mundial e a guerra, mas também porque ele passou a remunerar os investidores por conta do aumento de juros. Nesse cenário, parece caro montar uma posição em dólar agora para se proteger para alguma mudança muito brusca no País.

Quando falamos em risco, falamos também em juros. Quando um País está passando por grandes mudanças, problemas de dívida ou até mesmo de desconfiança dos investidores, é exigido dos governos uma taxa de juros maior pra emprestar dinheiro para o Estado.

Hoje vivemos um cenário onde há incerteza em relação aos próximos anos. Além disso, também lidamos com um cenário de inflação alta, que exigiu do Banco Central um uma agressividade na política monetária e fez os juros subirem à níveis acima do esperado pelo mercado.

Em relação aos meus investimentos, prefiro ganhar menos do que perder e prefiro dormir tranquilo, mesmo que perca algumas oportunidades no meio do caminho por conta dessa decisão. Entendo que se eu perco meu sono, no longo prazo tomarei decisões não acertadas e totalmente fora do meu perfil de investidor.

Sendo assim, há três cenários para trabalhar bem o dinheiro nessa época de alta volatilidade, incertezas e dúvidas:

1 – Não fazer nada

Você tem sua carteira hoje que, provavelmente, foi montada com base no seu perfil de investimento. Você escolheu ativos mais seguros ou de risco, escolheu os % alocados em cada caixinha e projetou o melhor e o pior cenário. Apesar das eleições, posso garantir que nosso mercado estará aqui sempre, além de que mercado tem todo dia.

2 – Vamos embora!

Não embora fisicamente, mas aumentar ou começar a exposição em dólar. Nesse tipo de estratégia não faz muito peso o valor do câmbio porque você está comprando uma moeda, transformando seu dinheiro que será parte de uma eventual aposentadoria ou mesmo uma diversificação. Esqueça que o real pode subir ou cair nesse intervalo, o que importa é o total de dólares que você começa a acumular.

3 – Liquide tudo e aproveite os juros

Os juros estão tão altos que ficar líquido em produtos como Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária podem te pagar mais de 1% ao mês com baixo (ou zero risco) enquanto você coloca a cabeça no lugar, acompanha os eventos e eventualmente volta para reajustar seus investimentos.

Nessas horas, a melhor decisão é não tomar decisões de cabeça quente ou achando que o País pode quebrar ou “voar” de um dia pro outro. Como eu disse, infelizmente vivemos em um País onde qualquer mudança leva tempo para acontecer, seja ela benéfica ou não. Por esse motivo, entendo que haverão oportunidades para reavaliar seus investimentos caso a gente enxergue o iceberg lá na frente.

Se precisar, conte comigo! A partir desta quarta-feira (5) voltarei a publicar todo dia de manha um vídeo Morning Call de 5 minutinhos resumindo os principais eventos do dia e semana no meu Instagram @vmiziara. Espero que goste, um abraço.