Sempre que um ativo sofre uma alta acelerada de preço, ele aparece na mídia em destaque. Em geral com muito destaque. É o caso do ouro atualmente.
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Sempre que um ativo sofre uma alta acelerada de preço, ele aparece na mídia em destaque. Em geral com muito destaque. É o caso do ouro atualmente.
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Veja o gráfico a seguir para entender melhor essa alta.

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Em dois anos o valor do ouro duplicou. Saiu de USD 2 mil a onça troy (31,1 gramas) para USD 4 mil, causando uma euforia que há tempos não víamos.
Notícias diárias nos principais jornais, lançamento de um sem-número de produtos associados ao ouro, sendo que no Brasil temos fundos de investimentos, ETFs (fundo negociado em bolsa de valores que busca retorno semelhante a um índice de referência), COEs (investimento que combina ativos de renda fixa e renda variável em um único produto) e o que mais a imaginação das instituições financeiras for capaz de criar.
E fica a pergunta: é hora de comprar ouro?
Em primeiro lugar é importante saber quais são os principais direcionadores do preço do ouro.
O primeiro e mais conhecido é a instabilidade mundial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxe uma instabilidade que não víamos há tempos. A destruição de décadas de esforço em prol do multilateralismo, a opção pelas canhoneiras ao invés da diplomacia e o “America First” (“América primeiro”, em tradução livre) são o combustível perfeito para a instabilidade atual.
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Mas além dele temos uma série de conflitos ao redor do mundo que também assustam investidores, a começar pelas guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, passando pelo apetite da China por Taiwan, guerra civil na Síria e no Iêmen, bem como conflitos na África, em particular em Mali e Burkina Fasso.
Sem falar nas ameaças do Trump à Venezuela e à Nigéria, ambos grandes produtores de petróleo. Ninguém dá ponto sem nó.
Em segundo lugar temos a atuação dos bancos centrais. Desde a crise de 2008 os bancos centrais vêm comprando ouro. E continuam, até para sair da dependência que todos os países têm do dólar norte-americano.
Recente pesquisa do Official Monetary and Financial Institutions Forum (Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras) mostra que pelo menos um terço dos 75 principais bancos centrais do mundo pretende continuar a comprar ouro nos próximos dois anos.
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Mas como sempre há fatores que jogam contra. O principal vem da redução dos juros nos EUA, que embute um potencial rali nas ações americanas. No passado, mercados acionários em alta implicaram em queda no preço do ouro.
As pessoas compram na alta principalmente pelo que é conhecido como FOMO – “fear of missing out” ou “medo de ficar de fora”. Afinal, se todo mundo está comprando e aparentemente ganhando, por que eu não vou comprar?
Aliado a isso há o comportamento de manada, extensamente documentado na literatura. Os investidores tendem a andar juntos.
Mas são comportamentos racionais? Claro que não.
O interessante é que grandes altas muitas vezes implicam em grandes correções. São as bolhas ou quase bolhas. Já vivemos diversas delas, mas é difícil ir contra a maré. O investidor tem que ter muita disciplina para não correr riscos excessivos.
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E vale lembrar que o ouro não gera renda e que seu valor vem da percepção de segurança. Mas há um ditado que não pode ser esquecido:
“Ouro se compra antes da tempestade, não no meio dela.”
Isso vale para um sem-número de ativos e para todas as bolhas.
Investir significa ter disciplina, estabelecer objetivos e segui-los. Ouro pode fazer parte das carteiras? Sim, mas de forma muito moderada e sempre lembrando que ele não traz renda.
Também é importante lembrar que se olharmos os últimos dez anos e compararmos a rentabilidade do ouro com o S&P 500, vamos observar que o precioso metal só ultrapassou o índice bursátil a partir de agosto de 2025, há três meses. No restante do período foi o índice que rendeu mais.
Claro, desempenho passado não garante desempenho futuro, mas é uma das únicas informações que temos.
Em resumo, cuidado com a euforia no mercado, em geral ela traz prejuízos. Paciência e planejamento no mundo dos investimentos é o melhor caminho.
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E finalmente, se alguma coisa está brilhando muito, talvez seja melhor fechar os olhos.
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