Muito se fala sobre as vantagens de investir no exterior. Ativos com baixa correlação com os brasileiros, economias mais sólidas, acesso a estratégias que não estão disponíveis no Brasil e muitas outras. Mas há aspectos que muitos desconhecem. Vamos ver alguns neste artigo.
O primeiro e muito interessante diz respeito ao principal destino de recursos que são investidos em ações no exterior. O S&P 500, um índice composto por 500 ações da NYSE – a bolsa de valores de Nova York e Nasdaq -, com os pesos das ações determinados por três fatores: tamanho de mercado, liquidez e representatividade no seu setor de atuação.
A evolução do S&P 500 nos últimos dez anos foi de 76% aproximadamente. O que parece excelente. Se você investiu USD 100 mil há uma década, por exemplo, hoje teria USD 176 mil. Mas há um erro grosseiro nesta análise. Diferentemente do Ibovespa, o cálculo do S&P 500 desconsidera os dividendos pagos pelas empresas, o que dá uma diferença muito grande no rendimento.
Na verdade, nesse período, você teria recebido 125%, obtendo um valor final do seu investimento da ordem de USD 225 mil. Muita diferença a seu favor, não?. Você pode consultar os ganhos com dividendos do S&P 500 neste site.
O gráfico mostra a diferença entre o S&P 500 original e o corrigido pelos dividendos desde 1994. Diferença grande, principalmente quando consideramos prazos mais longos.
Agora vou te contar um outro pequeno segredo sobre investir no exterior: os CBHY, Corporate Bonds High Yield.
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Os CBHY são títulos de renda fixa emitidos por empresas que não estão classificados como Grau de Investimento, ou Investment Grade, pelas agências de rating. O quadro a seguir ilustra a classificação de risco das três principais agências globais de rating.
Na prática, os CBHY são os títulos que têm classificação de Grau de Especulação. Na figura, a bandeira brasileira indica a classificação dos títulos soberanos do Brasil, isto é, títulos emitidos pelo governo brasileiro no exterior. Todas as três agências os classificam como Grau de Especulação, isto é, igual aos CBHY. Veja a seguir:
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No site da SEC, a CVM dos Estados Unidos, temos a seguinte definição: “Uma obrigação corporativa de alto rendimento é um tipo de obrigação corporativa que oferece uma taxa de juros mais elevada devido ao seu maior risco de inadimplência. Quando as empresas com um risco de incumprimento estimado maior emitem obrigações, podem não conseguir obter uma classificação de crédito de qualidade de investimento. Como resultado, eles normalmente emitem títulos com taxas de juros mais altas, a fim de atrair investidores e compensá-los por esse maior risco. Os emissores de títulos de alto rendimento podem ser empresas caracterizadas como altamente alavancadas ou que enfrentam dificuldades financeiras.”
Fica a impressão que estes são investimentos de alto risco – o que não é bem verdade. Claro, eles têm maior risco de default que os classificados como grau de investimento. Nas crises isso fica mais nítido. Na crise das Dot-Com (2000-2002), o índice de default dos CBHY foi de 9.2%, enquanto que na crise de 2007-2008, ele atingiu 13,4%. Vamos olhar pelo outro lado? Praticamente 90% dos emissores de CBHY passaram ilesos pelas principais crises dos últimos anos. Alto risco? Nem tanto.
Mas o mais interessante é ver que diversas empresas que conhecemos bem são classificadas como High Yield. Você pode não conhecer a Newell Brands, mas conhece algumas das marcas que ela tem como Parker, Coleman e Oster.
Outros emissores de CBHY? Dow Chemical, Carrefour, General Motors, LVMH (Dior, Louis Vuitton, Bulgari, Tiffany, etc.), Alphabet (Google), Mondelez (Halls, Lacta, Milka, etc.), Procter & Gamble, Philip Morris, Walmart, Xerox, e Hyatt Hotels. Q
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uer diversificar ainda mais, vamos para a França! Danone, Saint Gobain, Safran e Michelin. Alemanha? Bayer e Deutsche Telecom. Há muito mais, muito mesmo. E muitos desses CBHY pagam juros anuais na casa dos 6% em dólares e euros. As vezes até mais. Uma seleção apropriada dos títulos permite montar uma estratégia de renda fixa com baixo risco e ótimo retorno.
Enfim, pequenos segredos que podem ajudá-lo no seu caminho nos investimentos no exterior!