(Estadão Conteúdo) – As commodities vivem um momento positivo por causa da reabertura gradual das economias após as restrições impostas pela covid-19. Porém, um novo superciclo no setor não tem nada a ver com a pandemia, nem será integralmente dependente da China, como aconteceu no início do século 21.
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“O que vai ser a grande mudança na próxima década e vai gerar um ciclo bastante longo é a agenda ambiental”, afirmou Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG (Wealth High Governance).
Volpon argumenta que a agenda de descarbonização no mundo vai demandar investimentos maciços por décadas. “[O mundo] tem de mudar a matriz de indústria e de transporte por conta dessa agenda ambiental”, disse o estrategista da WHG em painel da Expert XP.
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Marcio Fontes, gestor do fundo ASA Hedge da ASA Investments, concorda e observa que o investimento mundial que vem sendo feito para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) ainda é insuficiente. “Sabe-se que é necessário investir 1% do PIB global ao ano para atingir a meta de redução emissões zero em 2050. Hoje esse porcentual está em torno de 0,5%, 0,6%”, disse o gestor, presente no mesmo painel.
O diretor de investimentos da Grimper, Sylvio Castro, entende que muitos investimentos e iniciativas serão tomados para que a meta de uma economia carbono zero seja cumprida em 2050.
“Acredito ser pouco provável que o mundo tenha matriz de carbono zero em três décadas. Mas é muito provável que haja um esforço enorme para aumentar oferta de energia limpa por parte de governos, reguladores, inclusive via preço e restrições”, disse Castro.
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Volpon também argumenta que a agenda climática não é algo restrito a um ou outro país, governo ou população. “É uma demanda global. As pessoas estão muito preocupadas com as mudanças climáticas em vários países”, disse Volpon. “O Brasil ainda tem uma vantagem comparativa natural por conta dos diferentes minérios que possui e produtos agrícolas, além de uma capacidade de aumentar muito a produtividade. Ou seja, o País está numa situação muito boa para aproveitar esse novo superciclo.”
Desglobalização
Fontes também observa que a crise recente do comércio mundial por causa do modelo de cadeia global de produção deve estimular um aumento de um processo de “desglobalização”. Dentro desse contexto, o gestor afirmou que está com uma visão otimista sobre a economia global. “Tenho visão uma construtiva sobre o crescimento global”, diz Fontes.
Ele diz que o processo de desglobalização somado à agenda de economia verde e outros fatores vão exigir investimentos em diferentes ponto do globo e aumentar a demanda por commodities.