A busca por alternativas para fechar as contas do mês levou parte dos brasileiros a enxergar valor em objetos que antes estavam parados em casa. Roupas, eletrônicos, acessórios e sapatos estão entre os principais produtos vendidos para reforçar a renda com itens usados. A prática, que cresce principalmente em momentos de dificuldade financeira, tem potencial de gerar até R$ 2 mil, segundo levantamento realizado pela OLX.
Para Flávio Passos, vice-presidente de Autos e Bens de Consumo da OLX, a venda de usados tem ganhado força como alternativa mais presente para o equilíbrio financeiro. “Vender itens usados online tem se tornado uma alternativa cada vez mais concreta para complementar a renda dos brasileiros — um recurso que faz diferença, principalmente, em períodos de maior pressão financeira. A maioria dos respondentes da nossa pesquisa afirma ter entre 1 e 6 itens que poderiam ser vendidos, com estimativa de ganho de pelo menos mil reais”, afirma o executivo.
A pesquisa ouviu cerca de 800 pessoas de diferentes classes sociais e regiões do País. A maioria afirmou ter entre um e seis produtos com potencial de venda. Já quem tem mais de dez itens usados em casa, estima que pode arrecadar acima de R$ 3 mil com a comercialização.
Os dados apontam que mais da metade dos entrevistados costuma anunciar roupas, seguidas por eletrônicos e calçados. A decisão de vender costuma ser motivada por fatores econômicos, com destaque para o pagamento de contas básicas ou para a compra de novos produtos.
Vendas de usados são impulsionadas por dívidas e contas
O levantamento mostra que o endividamento é um dos principais gatilhos para quem decide vender. O cartão de crédito aparece como a principal fonte de endividamento, citado por 51% dos participantes. Contas como água, luz e internet também pesam no orçamento. Entre aqueles que vendem mensalmente, 43% usam o dinheiro obtido com as vendas para pagar despesas do dia a dia. Outros 45% dizem utilizar a quantia para adquirir novos produtos.
A renda extra também é usada para quitar dívidas maiores ou direcionada ao planejamento financeiro, incluindo a formação de reserva e aplicações em investimentos, ainda que essas finalidades apareçam com menor frequência entre os entrevistados.
O executivo da OLX também ressalta que a prática contribui para um consumo mais responsável. “Ao estender a vida útil dos produtos, ajudamos também a promover uma nova relação com o consumo — mais consciente, prática e sustentável”, complementa Passos.
Quando surge a necessidade?
A maior parte dos entrevistados identifica o início do ano como o período em que a renda extra se torna mais necessária. Entre os que vendem com frequência, esse recorte chega a 49%. O resultado reflete os compromissos típicos do calendário, como IPVA, IPTU e matrículas escolares.
Datas comemorativas também ganham espaço na rotina de quem vende usados. Já entre os que ainda não colocaram nenhum item à venda, o impulso costuma vir de despesas inesperadas.
Quem participou da pesquisa?
A pesquisa foi realizada pela OLX entre os dias 11 e 16 de abril, com respostas coletadas digitalmente por meio da plataforma MindMiners. A amostra reuniu cerca de 800 pessoas, com leve maioria feminina: 54% mulheres e 46% homens, uma divisão equilibrada, que reflete a abrangência da prática entre diferentes perfis.
Em relação à idade, 15% dos respondentes têm entre 18 e 25 anos, enquanto 18% estão na faixa de 26 a 30 anos. O segundo maior grupo é o de 31 a 40 anos, com 26%, seguido pela porção mais expressiva de 41% dos consultados com 41 anos ou mais. O dado reforça que a busca por renda extra não é restrita nem tampouco concentrada nos mais jovens — pelo contrário, é mais comum entre adultos em momentos em que se espera maior consolidação na vida financeira.
A classe B concentra a maior parte dos participantes, com 46%, seguida pelas classes A (28%) e C (23%). Apenas 4% pertencem às classes D e E. Isso indica que, embora a venda de usados surja como uma solução em momentos de aperto, ela também é adotada por quem tem maior poder aquisitivo, muitas vezes como estratégia de reposição, organização financeira ou de liberação de espaço.
Regionalmente, o Sudeste aparece na liderança, com 49% dos entrevistados, um reflexo da concentração populacional e da presença digital na região. Nordeste (20%) e Sul (16%) vêm na sequência, enquanto Centro-Oeste (8%) e Norte (7%) completam o recorte. A distribuição mostra que a prática de vender usados já está espalhada pelo país, mas ainda encontra mais força nos grandes centros urbanos.
Oportunidade recorrente
O estudo aponta ainda que a maioria dos entrevistados consegue identificar ao menos três produtos com potencial de venda. Parte significativa indica que esse número pode chegar a dez ou mais, o que amplia o valor estimado com as vendas. Há ainda quem veja na prática uma forma de repensar o consumo, liberar espaço em casa ou contribuir com a sustentabilidade, embora essas motivações fiquem em segundo plano.
Para quem precisa reforçar o orçamento, vender itens que não têm mais uso pode representar uma renda extra relevante, com impacto direto na organização das finanças pessoais. E, diante do cenário de endividamento persistente, a tendência é que essa prática siga crescendo entre os brasileiros.