O que este conteúdo fez por você?
- A Lemonade, uma startup de tecnologia, comprou máscaras estampadas com seu novo símbolo, que foram usadas pelos executivos da organização no simbólico momento de tocar o sino da Bolsa de Valores de Nova York
- Neste momento em que alguns escritórios começam a reabrir e outros buscam formas de manter contato com colabores que ainda estão em casa, várias empresas vêm aderindo aos novos brindes do mundo corporativo
(Jena McGregor/The Washington Post) – A Nasdaq encomendou 1.800 máscaras com o logo da empresa e a frase “NasdaqStrong” (Nasdaq forte), para serem distribuídas aos funcionários quando eles voltarem ao escritório. A empresa de software Atlassian preparou kits para os empregados, contendo uma máscara com a marca da companhia, um chocolate, uma caneta e outras lembrancinhas. A Lemonade, uma startup de tecnologia, comprou máscaras estampadas com seu novo símbolo, que foram usadas pelos executivos da organização no simbólico momento de tocar o sino da Bolsa de Valores de Nova York, marcando o primeiro dia de negociação de suas ações depois de abrir capital em 1º de julho.
Leia também
Neste momento em que alguns escritórios começam a reabrir e outros buscam formas de manter contato com colabores que ainda estão em casa, várias empresas vêm aderindo aos novos brindes do mundo corporativo: garrafinhas pulverizadoras para álcool, acessórios para apertar o botão do elevador sem encostar o dedo e máscaras, muitas máscaras – tudo com o logotipo do freguês. Esses presentinhos estão substituindo as velhas conhecidas mochilas, canecas e os pen-drives que costumavam ser distribuídos antes da pandemia.
“Cerca de 70% dos pedidos que recebemos incluem uma máscara”, conta Michael Martocci, fundador e diretor da empresa de brindes SwagUp – cujo site nem mesmo faz alarde sobre as máscaras que oferece. “Todo mundo quer oferecer distribuir máscaras”.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Algumas lojas, como Dunkin e Bloomingdale’s, já vendem diretamente ao consumidor máscaras com marcas e cores variadas, ou com frases divertidas. Outras empresas têm oferecido o produto para funcionários que seguiram trabalhando na linha de frente ao longo dos últimos meses. A Meekara, startup que produz máscaras sob medida com a estampa solicitada pelo cliente, afirma estar em negociações com uma grande companhia aérea para produzir peças exclusivas, a serem distribuídas entre passageiros da classe executiva e a equipe de terra.
“A máscara está virando o novo colete impermeável”, brinca Susan Scafidi, diretora da Faculdade de Moda da Universidade de Fordham, em Nova York, referindo-se à peça de roupa mais querida pelo pessoal do Vale do Silício. Diante da recursa de Donald Trump em usar máscaras em público e até a pedir que a população o faça, as máscaras estão se transformando num instrumento político.
A despeito da polêmica, porém, pesquisas de opinião mostram amplo apoio dos cidadãos ao uso da máscara. Um estudo realizado pela Pew Research em meados de junho revelou que mais de 70% dos americanos acreditam que as pessoas devem cobrir o rosto sempre ou quase sempre em ambientes públicos. Já uma sondagem feita pela Fox News apontou apoio de 80% dos entrevistados a esse hábito.
Entretanto, do ponto de vista das marcas a estratégia de distribuir potinhos de álcool em gel ou brindes relacionados à pandemia traz à tona questões mais delicadas do que a oferta de uma inocente camiseta ou de um boné. Para Scafidi, as empresas devem estar atentas ao risco de serem acusadas de “explorar a doença para transformar o rosto dos usuários em espaço publicitário”.
Publicidade
Com efeito, alguns empregadores podem ter medo de usar a crise sanitária como oportunidade comercial ao colocar seu logo numa máscara. “Para ser sincero, é um produto meio estranho de se vender – máscaras. Quem oferece um brinde costuma estar pensando em algo divertido, e não numa peça feita para garantir segurança”, sugere Jeremy Parker, um dos fundadores da Swag.com – que decidiu doar 10 máscaras para cada 100 unidades vendidas.
Segundo ele, apenas 10% das encomendas de máscaras incluem a impressão de um logo corporativo, enquanto 30% solicitam a impressão de uma frase divertida ou uma mensagem de incentivo. Outros fornecedores, porém, afirmam ter percebido um aumento sensível na demanda por máscaras com escudos de times, personagens da Disney, marcas de roupa e até símbolos de campanhas políticas. Diretor do site iPromo, que vende material promocional, Leo Friedman conta: “há um mês os clientes só queriam saber de máscaras com aquela cara de médico. Mas hoje quase 75% dos pedidos incluem algum tipo de marca estampada”. Friedman acrescenta que a maioria das encomendas opta por um logo de cor discreta na lateral, e não por imagens chamativas bem na frente. “Ninguém quer sair na rua parecendo um outdoor ambulante”.
As empresas que trabalham com brindes tiveram de se adaptar rapidamente à mudança na demanda, afastando-se das tradicionais bugigangas distribuídas nas feiras de negócios e dos brindes oferecidos aos recém-contratados no primeiro dia de escritório. Mas várias companhias do setor afirmam estar indo de vento em popa com novos produtos como álcool em gel, máscaras e acessórios para home office – meias confortáveis para usar em casa, luminárias portáteis tipo camarim para ficar bonito na reunião do Zoom, tampas para fechar a câmera do computador, livrinhos e quebra-cabeças para manter os filhos dos funcionários entretidos enquanto os pais trabalham… Tudo com a marca da empresa.
Outras companhias estão encomendando produtos que serão distribuídos quando o pessoal começar a voltar ao escritório: garrafas d’água reutilizáveis, canecas e traquitanas tecnológicas de uso individual, para reduzir a necessidade de higienizar objetos de uso comum. “Agora é hora de não compartilhar, este é o novo gesto de cuidado com o outro”, diz Kim Laffer-Nick, diretor de comunicação e marketing da ePromos Promotional Products.
Publicidade
Muitos funcionários têm demonstrando alegria ao receber os novos brindes. Christopher Kratovil, sócio do escritório de advocacia Dykema, em Dallas, publicou no Twitter uma foto usando a máscara azul com o logo da empresa e a seguinte legenda: “sou advogado há 20 anos e este é o melhor brinde corporativo que recebi na vida”. (A reportagem do Post entrou em contato com o Dykema e com Christopher Kratovil, mas eles não responderam aos pedidos de entrevista.)
Alguns especialistas em recursos humanos acreditam que oferecer máscaras com a marca da empresa pode servir de incentivo para que as pessoas de fato usem a peça. “No momento, muita gente acha que usar a máscara é fazer uma declaração política”, diz Brian Kropp, vice-presidente da Gartner. “Mas quando a máscara tem o logotipo da empresa, isso ajuda e dá coerência ao pedido”.
Além disso, a existência de uma máscara “oficial” fornecida pelo empregador pode facilitar na hora de
estabelecer o dress code da equipe. “Muitas companhias preferem que as pessoas mantenham um visual uniforme e profissional, em vez de aparecer no escritório com uma máscara de elefante ou toda colorida”, sugere Michael Camuñez, um dos fundadores da Meekara. “Talvez o chefe não queria ver a secretária circulando pelos corredores com uma máscara do New York Mets, assim como ele não gostaria de vê-la usando um boné de time de baseball”.
(Tradução: Beatriz Velloso)
Publicidade