- No total, a empresa já perdeu cerca de R$ 99 bilhões em valor de mercado, incluindo a fatia da BR Distribuidora
- Segundos os especialistas, o cenário ainda é de incerteza e as ações devem permanecer em um patamar baixo até que o novo presidente consiga emitir sinalizações positivas ao mercado
(Luiz Felipe Simões e Guilherme Bianchini) – Com o anúncio da demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras, motivada pela insatisfação de Jair Bolsonaro com aumento dos preços dos combustíveis praticados pela companhia, as ações da estatal, PETR3 e PETR4, amargaram quedas acima de 20% nos últimos pregões. No total, a empresa já perdeu cerca de R$ 99 bilhões em valor de mercado, incluindo a fatia da BR Distribuidora.
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Para o lugar do executivo, Bolsonaro indicou o general da reserva Joaquim Luna e Silva, que já teve passagens como ministro da defesa do governo Michel Temer e estava no comando da Itaipu Binacional. A mudança ainda precisa ser aprovada pelo conselho de administração da Petrobras.
No entanto, apesar dos dois dias de queda, as ações da companhia inverteram o sinal e voltaram a subir. No fechamento do mercado da terça 23, os papéis preferenciais, final 4, registravam alta de 12,2% e as ordinárias, final 3, valorizaram 9%. O volume negociado das duas ações foi superior a 391 milhões de negócios.
Comportamento do investidor
É natural que em momentos de alta volatilidade, o emocional dos investidores seja comprometido, já que é possível perder boa parte do patrimônio em questão de horas. Quem tinha R$ 20 mil em ações da Petrobras (PETR4), por exemplo, perdeu R$ 4,1 mil só na segunda 22, o equivalente a queda de 20,71%.
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Nessas horas, a recomendação é ter estômago para não tomar decisões precipitadas. Contudo, muitas pessoas acabam cedendo às emoções e comprando posições com a expectativa que o efeito de queda seja revertido.
Segundo Mário Goulart, analista CNPI da O2 Research, em dias de queda brusca, é natural ver os investidores tentados a fazer uma “aposta”. “As coisas tendem a retornar à média. Assim como houve um salto de 12%, é possível que a ação ainda tenha alguns solavancos”, diz.
Muitas casas de análise e de investimento cortaram ou reverteram as orientações da Petrobras para venda, dado as circunstâncias que a companhia enfrenta. Esse movimento fez com que muitos investidores se desfizessem dos papéis da estatal.
Leia também: As instituições que rebaixaram a recomendação de compra para Petrobras
“Normalmente, quando há uma grande “porrada” como essa, existe uma volta interessante. Por um tempo, ela vai se manter em um patamar mais baixo do que estava, pelo menos até que o novo presidente consiga emitir sinalizações ao mercado de que está à altura do cargo que ocupa”, diz Goulart.
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O grande problema relacionado às ações da Petrobras é que o cenário é muito incerto. Há vários pontos que ainda precisam se desenrolar, como por exemplo a investigação que vem sendo conduzida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a troca no comando da estatal.
Para Gustavo Bertotti, economista chefe da Messem Investimentos, o preço das ações continuará volátil. ”Diante da queda que foi ontem, hoje o tom é de recuperação. Em parte, pode ter sido pela força da queda, mas, ainda assim, não temos fato concreto sobre como vai ser conduzida a questão do preço”, diz.
Ou seja, apesar das altas observadas durante o pregão de terça, as dúvidas sobre o futuro da gestão Joaquim Silva e Luna são os maiores temores. Caso o novo executivo siga com a agenda do atual CEO, pode segurar a queda nas ações.
“O UBS e o Citi já reiteraram a recomendação de compra da Petrobras. Temos um cenário positivo, essas empresas veem oportunidade após a compra. É um clima mais ameno após o tombo que foi e essas duas recomendações são importantes. É normal que aconteça essa recuperação após a queda forte. De qualquer forma, o clima de incerteza continua”, afirma Bertotti.
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