Comportamento

Eleição impacta custo da viagem à Argentina. O que o turista pode fazer?

De viagem marcada ou pretende visitar a Argentina? Veja as dicas para para driblar as incertezas

Eleição impacta custo da viagem à Argentina. O que o turista pode fazer?
O peso argentino é uma das moedas sul-americanas que mais se desvalorizou em relação ao real (Foto: Envato Elements)
  • Dólar vira opção mais segura para quem vai visitar a Argentina
  • Dólar MEP pode ser câmbio mais atraente e seguro para quem visitar o país; modalidade evita golpes do câmbio paralelo
  • Fique atento ao seu destino: nem todas as cidades vão ter facilidade de usar cartão de crédito como Buenos Aires. Na dúvida, leve dinheiro em espécie

A proximidade das eleições presidenciais na Argentina, marcadas para 22 de outubro, podem deixar a sua viagem para o país um pouco menos tranquila do que se espera. O destino é muito procurado por brasileiros, que enxergam no vizinho uma oportunidade de fazer bons passeios e comer bem, sem precisar gastar fortunas. Mas, com a chegada do pleito, o clima político e econômico está cada vez mais instável — e isso deve impactar o seu bolso.

“A mudança vai ser mesmo na questão do dólar”, destaca Flavia Loss, professora de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). De acordo com a docente, as eleições primárias de agosto já mostraram um “pânico do mercado” com a escolha de Javier Milei como representante ultraliberal do La Libertad Avanza.

“Isso gerou fuga de divisas. Então, o governo atual tentou minimizar a situação fazendo uma desvalorização de 30% do peso e aumentando em 21 pontos a taxa de juros. Tudo para evitar a saída de dólares do país, porque eles estão com as reservas praticamente inexistentes”, explica a docente.

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Na prática, o dólar oficial tem cotação que equivale a praticamente metade do chamado dólar blue (paralelo). Caso Milei, o primeiro colocado nas pesquisas, vença o pleito, as chances de a moeda subir ficam ainda mais altas. O candidato tem como plano de governo a ruptura do Banco Central e a extinção da moeda oficial do país.

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“O dólar deve ficar cada vez mais valorizado. O medo é o colapso do peso”, destaca Josilmar Cordenonssi, professor de Ciências Econômicas no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Como pagar na Argentina?

Diante das incertezas que estão por vir, o uso do cartão de crédito pode ser a salvação para quem está com viagem marcada para o período das eleições ou até um pouco depois. Lá, as transações eletrônicas utilizam uma outra cotação, o chamado dólar MEP (Mercado Eletrônico de Pagamentos). Ele não é tão vantajoso quanto o blue, mas é muito mais seguro.

“O dólar blue faz parte de um mercado ilegal, então fica difícil transacionar. A melhor opção é usar tudo no cartão de crédito ou débito. Seu dólar vai valer mais em peso do que pelo câmbio oficial, mas sem correr o risco das casas ilegais. Para se preservar das atuais questões, a melhor coisa é não converter para peso, ficar passando tudo no cartão”, acrescenta Cordenonssi. O usuário só precisa se atentar para a taxa de Imposto Sobre Transações Financeiras (IOF) cobrada pelos cartões de crédito internacionais e procurar a opção mais vantajosa.

Na capital Buenos Aires, as operações feitas de forma digital devem atender bem o turista. Já em cidades menores da Argentina, a principal recomendação, na falta da maquininha do cartão, é para uso do dólar em espécie. “A sociedade como um todo quer acumular dólar. Estão rejeitando o peso”, frisa o docente do Mackenzie.

Para assegurar a saúde das finanças pessoais na Argentina, Loss, da FESPSP, acredita que a escolha da época por parte do viajante vai fazer diferença. “Seria melhor viajar antes das eleições, aproveitar esse período agora. O clima de tensão política não deve gerar violência, mas, dependendo do resultado da eleição, devem haver algumas manifestações”, argumenta a professora.

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