Os efeitos de curto prazo sobre o evento de calamidade climática do Rio Grande do Sul já podem ser sentidos no bolso do consumidor brasileiro. A inflação de maio, por exemplo, subiu 0,46%, após ter registrado 0,38% em abril.
Leia também
O preço dos alimentos foi o grande vilão do indicador que mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No acumulado do ano, a inflação sobe 2,27% e, nos últimos 12 meses, 3,93%.
Vale lembrar que a inflação representa um aumento nos preços de bens e serviços ao consumidor. Quando o cenário nacional é de inflação dos alimentos, a capacidade de compra das famílias fica comprometida.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A batata inglesa, por exemplo, está entre a lista de alimentos com preço mais caro. O item subiu 20,61% após a produção ser atingida pelas enchentes, um dos principais produtos ofertados pelo a região Sul do País. A alta nos preços foi estendida para tubérculos, raízes e legumes, que subiram 6,33% no mês.
O reflexo das enchentes ainda devem ser vistos nos indicadores em função da queda na oferta, ou seja, no oferecimento de alguns alimentos da cultura agrícola realizada por produtores rurais do estado, já que as chuvas destruíram parte das safras para a colheita, além da deterioração das estradas, o que encarre os trâmites logísticos.
Compra do mês mais cara para quem?
O impacto financeiro para os consumidores deverá ser proporcionalmente maior para as famílias da região Sul e para quem recebe de um a cinco salários mínimos. “O grupo alimentos tem um peso muito grande para famílias de baixa renda”, diz Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.
A previsão sobre o aumento ou não dos preços dos alimentos ainda é algo incerto até a produção ser regularizada no Rio Grande do Sul. “Muitos alimentos produzidos no RS tiveram a produção perdida, empresas fechadas e isso reduz a oferta de alimentos, ocasionando o aumento do preço final para a população”, explica Aline Soaper, educadora financeira.
Os desdobramentos das enchentes do estado devem causar mudanças expressivas nos resultados econômicos para o País. O contexto de reestruturação geral do Rio Grande do Sul ainda pressionará o descontrole na inflação dos alimentos. “Enquanto a instabilidade permanecer no estado, os preços devem continuar altos. Além disso, a variação cambial também tem influência no aumento dos preços dos alimentos e estamos passando por essa situação atualmente”, afirma Soaper.
Publicidade
Vale lembrar que o estado ocupa a quarta maior economia do Brasil, compondo 6,4% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional em 2021. A cidade de Porto Alegre é responsável por cerca de 8% da média da inflação nacional. Os principais produtos agrícolas produzidos pelo Rio Grande do Sul podem apresentar preços elevados nos próximos meses, são eles: trigo, aveia, cevada, milho, soja e arroz, conforme informações obtidas do IBGE.
Publicidade