Rei Charles será coroado neste sábado (6). Foto: Victoria Jones/Pool via REUTERS
Joias, peças de arte e até castelos. Esses são apenas alguns dos bens herdados pelo Rei Charles III de sua mãe, a Rainha Elizabeth II. Com a sua coroação neste sábado (6), o novo soberano do Reino Unido incluirá na pouco singela lista os patrimônios bilionários da coroa inglesa.
O novo monarca britânico, é claro, não partiu do nada. Mesmo antes do falecimento de Elizabeth, Charles já era o dono de uma grande fortuna como Príncipe de Gales.
O título, dado ao herdeiro do trono, concede a propriedade ao Ducado de Cornwall, conjunto de patrimônios que inclui 52.450 hectares de terras, 260 fazendas e £ 345 milhões em propriedades comerciais — cerca de R$ 2,1 bilhões. A carruagem que o transportará durante a coroação tem mais tecnologia que alguns carros de luxo, entenda melhor aqui
Apenas no ano de 2022, Charles embolsou £ 21 milhões (aproximadamente R$ 131 milhões) em proventos dos ativos do Ducado, aponta o relatório de resultados publicado pelo próprio conglomerado. De acordo com a revista inglesa Forbes, os ativos do Ducado cresceram 51% entre 2011 e 2022. Com a coroação do rei, o príncipe William passa a ser o proprietário do Ducado e receber seus proventos.
A herança de propriedades de Elizabeth II também se junta ao patrimônio do rei a ser coroado. Como filho mais velho da rainha, Charles herdou um patrimônio pessoal que, segundo estimativas da Forbes, chega a £ 500 milhões. Na moeda brasileira, esse seria o equivalente a R$ 3,1 bilhões.
A composição do patrimônio deixado pela antiga monarca poderia compor a cenografia de um filme. Segundo a Forbes, a herança real inclui nada menos que o castelo de Balmoral, a residência de campo de Sandringham, investimentos, cavalos, joias e peças de arte.
Como rei, Charles se torna o responsável pelo Crown Estate, entidade que gerencia o patrimônio da coroa britânica. Mas não se trata de uma propriedade do rei. Segundo o Crown Estate, os ativos da instituição “são posses hereditárias do Soberano ’em direito da Coroa'”, pertencendo ao monarca apenas pela duração do seu reino.
A corporação possui uma das maiores propriedades rurais do país. Em Londres, o Crown Estate é dono das propriedades que se estendem pelas ruas Regent Street e St James’s. Eles também são responsáveis por gerenciar o solo oceânico e uma parcela relevante das costas da Inglaterra, da Irlanda do Norte e do País de Gales. A entidade ainda possui negócios no setor eólico.
Todo o portfólio do Crown Estate resulta em um patrimônio de £ 16 bilhões (R$ 101,2 bilhões, aproximadamente). Apesar dos ativos mantidos não poderem ser vendidos pelo rei e as receitas provenientes deles não pertencerem ao soberano, Charles terá direito a uma boa fatia.
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O recurso arrecadado pelo Crown Estate vai direto para o Tesouro Britânico. No entanto, o Tesouro reparte 25% dos lucros referentes aos dois anos fiscais anteriores com a realeza, por meio do chamado Fundo Soberano. Segundo o jornal The Guardian, os recursos do fundo são utilizados para financiar viagens oficiais, manutenção de propriedades e curtos operacionais da residência monárquica.
De acordo com o Crown Estate, o lucro líquido apurado para o período de 2021/2022 foi de £ 312,7 milhões, próximo a R$ 1,9 bilhão.
Charles também terá um ducado no seu período como rei, mas nesse caso, o de Lancaster. O portfólio do conjunto conta com patrimônios como áreas rurais; propriedades comerciais, industriais e negócios em áreas urbanas; agricultura e exploração de minérios.
Ao fim de março de 2022, o Ducado de Lancaster possuía £ 652,8 milhões em ativos, o equivalente a R$ 4,1 bilhões. As propriedades rurais formam a maior parte do valor e da área total do patrimônio, os ativos comerciais foram a maior parte da receita, aponta o ducado.
Charles também terá direito aos lucros provenientes de Lancaster. Entre 2021 e 2022, o conjunto viu um superávit de £ 24 milhões (ou R$ 151,5 milhões).
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Segundo o The Guardian, o rei ainda detém os ativos do Crown Estate Scottland, com direito de exploração de recursos minerais, oceânicos, costeiros, bem como áreas rurais. No entanto, como aponta a publicação, desde o Scotland Act de 2016, os ganhos provenientes da entidade devem ser todos transferidos ao governo escocês para financiar gastos públicos.
Entram ainda no bolo da herança real artigos como as Joias da Coroa e outras residências reais. Segundo a Forbes, esses ativos são mais difíceis de precificar, já que “nunca chegariam ao mercado e não constam em relatórios anuais”.