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- O banco central da Rússia propôs uma proibição total do uso e criação de todas as criptomoedas no mercado interno
- A mineração das criptomoedas prejudica a agenda verde do país, coloca em risco o fornecimento de energia da Rússia e amplifica os efeitos negativos da disseminação de criptomoedas, criando incentivos para burlar tentativas de regulamentação, de acordo com o Banco da Rússia
(Evgenia Pismennaya e Andrey Biryukov, WP Bloomberg) – O banco central da Rússia, país com a terceira maior mineração de criptomoedas do mundo, propôs uma proibição total do uso e criação de todas as criptomoedas no mercado interno.
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As criptomoedas carregam as características de um esquema de pirâmide e prejudicam a soberania da política monetária, representando uma ameaça ao sistema financeiro russo, disse o banco central em um relatório publicado na quinta-feira.
“Os possíveis riscos à estabilidade financeira associados às criptomoedas são muito maiores para os mercados emergentes, inclusive na Rússia”, informava o documento. “Normalmente, isso se deve à maior propensão a poupar em moeda estrangeira e a um nível insuficiente de educação financeira.”
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A mineração das criptomoedas prejudica a agenda verde do país, coloca em risco o fornecimento de energia da Rússia e amplifica os efeitos negativos da disseminação de criptomoedas, criando incentivos para burlar tentativas de regulamentação, de acordo com o Banco da Rússia.
A linha dura do banco central contra as criptomoedas coincide com a posição dos poderosos serviços de segurança da Rússia, que também apoiam uma proibição de concorrência doméstica para impedir que ela seja usada para financiar a oposição do país, segundo duas pessoas familiarizadas com o tema.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em inglês) pressionou a presidente do banco, Elvira Nabiullina, por uma proibição total, já que os pagamentos difíceis de rastrear são cada vez mais usados pelos russos para fazer doações a organizações “indesejáveis”, entre elas meios de comunicação que foram classificados como “agentes estrangeiros”, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas, pois as informações não são públicas.
O financiamento da oposição e da mídia representa uma fração insignificante dos mais de US$ 92 bilhões (7 trilhões de rublos) em ativos mantidos em cerca de 17 milhões de carteiras com criptomoedas na Rússia, segundo as pessoas a par da questão. Mesmo assim, os serviços de segurança estão preocupados que isso seja um problema cada vez maior, disseram elas.
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O Banco da Rússia há muito tem suas desconfianças em relação às criptomoedas e sugeriu a necessidade de uma maior regulamentação. Em dezembro, Elvira disse que a infraestrutura russa não deveria ser usada para negociar as moedas digitais.
Um porta-voz do FSB não respondeu aos convites de comentário para esta matéria.
A Rússia é lar de uma próspera indústria de mineração, que se tornou um centro cada vez mais importante depois que a China classificou as transações relacionadas com criptomoedas como atividade financeira ilícita e prometeu dar fim à mineração de ativos digitais no país.
A Rússia se tornou o terceiro maior minerador de criptomoedas do mundo em 2021, de acordo com dados da Universidade Cambridge. A maior parte da atividade de mineração ocorre no norte do país e na Sibéria, onde as temperaturas são baixas e há acesso à energia barata. BitRiver, Minespot e BitCluster estão entre as maiores empresas do setor.
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A Rússia já proíbe o uso de criptomoedas para realizar pagamentos, mas os legisladores reconheceram a existência das moedas digitais em uma lei de 2020, conforme a popularidade delas crescia. Ao contrário da China, a proibição não se aplicaria a ativos mantidos fora da Rússia e aqueles com contas bancárias offshore poderão negociar criptomoedas, disseram as pessoas.
Com a intensificação do debate sobre criptomoedas na Rússia, o presidente da câmara baixa da Assembleia Federa russa, Vyacheslav Volodin, disse nesta semana que a criação de um sistema regulatório será a prioridade da sessão de primavera da Duma. Qualquer proibição teria que primeiro ser aprovada como lei antes de entrar em vigor.
A tentativa de proibir as criptomoedas ocorre em meio a uma ampla repressão à oposição anti-Kremlin e à mídia independente depois da prisão de Alexey Navalny há um ano. A Rússia também emitiu grandes multas para empresas de tecnologia estrangeiras por não removerem conteúdo enquanto o presidente Vladimir Putin enfrenta o ocidente em uma crise de segurança europeia que pode se transformar em um conflito aberto.
A rede de escritórios de Navalny, que foi proibida e incluída na lista de organizações “extremistas” pelas autoridades russas no ano passado, continua aceitando doações em Bitcoin. Uma carteira listada em seu site recebeu em criptomoedas o equivalente a US$ 4 milhões nos últimos cinco anos, de acordo com o Blockchair, motor de busca de blockchain.
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Leonid Volkov, chefe de gabinete de Navalny, não respondeu o convite para se posicionar.
O site de notícias Meduza também aceita doações em criptomoedas. O veículo foi classificado como agente estrangeiro em abril, o que o obriga a postar um aviso enorme em todas as publicações e cumprir regras rígidas de divulgação financeira.
Ele recebeu duas grandes doações em criptomoedas e inúmeras pequenas, de acordo com a editora do Meduza, Galina Timchenko.
“Não divulgamos nossos números, mas posso dizer que [as doações em criptomoedas] representam cerca de 3% do total das doações recebidas”, disse Galina. “Em outras palavras, não é muito.”
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