Investidores esperavam que outubro fosse de ganhos para o bitcoin (Foto: Adobe Stock)
Outubro não foi de prosperidade para o bitcoin como o mercado esperava. A principal criptomoeda da indústria deve encerrar o mês na faixa dos US$ 110,12 mil, cerca de US$ 15 mil abaixo da sua máxima histórica registrada no último dia 5, após acumular uma depreciação de 5,63% nos últimos 30 dias, segundo dados da CoinMarketCap. O desempenho frustrou as expectativas dos investidores e reforçou que o ambiente macroeconômico não está favorável para ativos de risco.
Na quarta-feira (29), o Federal Reserve(Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduziu os juros americanos para a faixa de 3,75% a 4% ao ano, após anunciar o corte de 0,25 pontos percentuais das taxas. A decisão, no entanto, não surtiu efeito positivo na cotação do bitcoin, como ocorreu em reuniões anteriores.
Como mostramos nesta reportagem, o grande ‘vilão’ por esse sentimento pessimista tem sido o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, que adicionou incertezas quanto à continuidade da política de flexibilização monetária. Em entrevista coletiva, Powell disse que “talvez este seja o momento em que deveríamos esperar pelo menos um ciclo” antes de considerar novos cortes. As declarações surgiram como um ‘banho de água fria’ para a indústria cripto que resultou em uma nova precificação dos ativos de risco.
Nesse contexto, o BTC chegou a recuar até a região de US$ 106 mil antes de se recuperar parcialmente, evidenciando a sensibilidade do mercado aos sinais do Fed, diz Guilherme Prado, country manager da Bitget.
Apesar da depreciação, ainda restam motivos para otimismo. O BTC continua atraindo fluxo de capital relevante dos investidores institucionais. Dados da SosoValue, plataforma de dados de criptomoedas, mostram que os ETFs (Exchange Traded Fund) de bitcoin à vista registraram uma entrada líquida de US$ 3,6 bilhões em outubro.
Houve ainda a estreia dos ETFs de Solana, litecoin e Hedera (HBAR) nas bolsas americanas na terça-feira (28) que, segundo dados compilados por Eric Balchunas, analista da Bloomberg, registraram juntos um volume de negociação de US$ 65 milhões no primeiro dia de pregão. O lançamento dos novos produtos, na avaliação de Prado, crava mais uma etapa de amadurecimento da indústria cripto e o aumento do interesse dos investidores pela classe de ativos.
Investidores institucionais começam a expandir seu olhar além de BTC e ETH em busca de novas oportunidades em ativos com teses bem estabelecidas, diz country manager da Bitget.
Para novembro, os analistas de cripto enxergam uma sustentação de preços acima dos US$ 110 mil, mesmo diante das incertezas no ambiente macroeconômico. “A liquidez elevada e a crescente aceitação institucional reforçam seu papel de porto seguro digital, reduzindo o risco de quedas acentuadas”, afirma Julián Colombo, Diretor Sênior de Políticas Públicas e Estratégia para a América do Sul na Bitso.