Coinbase passará a fazer parte do S&P 500 a partir de 19 de maio. (Foto: Adobe Stock)
A corretora de criptomoedasCoinbase passará a fazer parte do S&P 500, composto pelas ações das maiores empresas listadas nas Bolsas de Nova York, a partir da próxima segunda-feira (19). É a primeira vez que uma companhia do setor vai integrar um dos principais índices de ações do mundo, uma inclusão que será um “divisor de águas no mundo dos investimentos“, na avaliação da Mirabaud, grupo financeiro suíço focado no wealth e no asset management.
Por causa do anúncio, as ações da Coinbase já saltaram cerca de 24%. A inclusão no S&P500 acontece em um momento mais favorável ao mercado cripto, que, desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024, vive a expectativa de que a maior economia do mundo ajude na adesão institucional dos ativos. A COIN vai entrar no lugar da Discover Financial Services.
“Ao garantir seu lugar entre os gigantes financeiros dos EUA, a Coinbase está preenchendo a lacuna entre as finanças tradicionais e os ativos digitais de uma forma que era impensável há apenas alguns anos”, destaca a Mirabaud em relatório publicado nesta quinta-feira (15).
O cálculo da gestora é que a entrada da Coinbase no S&P 500 resulte em até US$ 9 bilhões de compras passivas. Em 2020, a entrada da Tesla no índice trouxe entre US$ 51 bi a US$ 78 bi de fluxos para as ações, lembra a Mirabaud.
Há ainda um outro ponto, para além do investimento direto nas ações da companhia. Com a integração ao índice, quem investe em Exchange Traded Funds (ETFs) que seguem a bolsa americana passará a ter exposição indireta ao mercado cripto. Somente nos EUA, entre 30% a 50% das famílias investem no S&P 500 via ETFs. “Essa integração pode transformar a exposição a criptomoedas em um fenômeno em massa, sem que os investidores sequer comprem bitcoin ou ethereum diretamente.”
A parte negativa dessa história é que, agora, a Coinbase pode se ver pressionada a maior regulação, incluindo comunicação padronizada, produtos mais seguros e alinhamento com os marcos regulatórios dos EUA. “O paradoxo é evidente: quanto mais forte a Coinbase se torna, maior é o risco de diluir o DNA descentralizado que a transformou em um ícone. Essa tensão pode redefinir o futuro do Web3, entre a legitimidade e a perda de agilidade.”