Criptomoedas

Ex-executivo da FTX conversa com promotores para conseguir acordo judicial

Ryan Salame comandava a subsidiária da falida gigante de criptomoedas nas Bahamas

Ex-executivo da FTX conversa com promotores para conseguir acordo judicial
A massa falida e os promotores estão de olho nos ativos que alguns executivos da FTX compraram. Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo
  • Ryan Salame, antigo coCEO da FTX Digital Markets, está negociando com promotores federais para se declarar culpado pelas acusações criminais após a falência da exchange de criptomoedas
  • Ainda não se sabe se ele participará de um acordo de cooperação com os promotores e testemunhará contra o cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried
  • Uma confissão de culpa de Salame, braço direito de Bankman-Fried que ajudou a alimentar a máquina de doações políticas da FTX, aumentaria a pressão sobre o fundador antes de seu próximo julgamento em outubro

Ryan Salame, antigo coCEO da FTX Digital Markets, está negociando com promotores federais para se declarar culpado pelas acusações criminais após a falência da exchange de criptomoedas, de acordo com pessoas familiarizadas com o caso.

O megadoador do Partido Republicano talvez se declare culpado pelas acusações contra ele por crimes como violações da lei de financiamento de campanha até o próximo mês, de acordo com as fontes, que falaram sob condição de anonimato porque as discussões não são públicas.

Ainda não se sabe se ele participará de um acordo de cooperação com os promotores e testemunhará contra o cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried.

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Gary Wang, Caroline Ellison e Nishad Singh, ex-colegas de Salame, declararam-se culpados por contribuírem com a suposta fraude multibilionária do agora falido império das criptomoedas e serão testemunhas-chave no caso do governo contra Bankman-Fried.

O advogado de Salame não retornou imediatamente um e-mail solicitando um posicionamento. Salame não foi acusado anteriormente por conexão com a FTX e os detalhes de um possível acordo judicial ainda não foram concluídos.

Uma confissão de culpa de Salame, braço direito de Bankman-Fried que ajudou a alimentar a máquina de doações políticas da FTX, aumentaria a pressão sobre o fundador antes de seu próximo julgamento em outubro.

Os porta-vozes de Bankman-Fried e da Procuradoria de Manhattan não quiseram se pronunciar. Bankman-Fried, 31 anos, declarou-se inocente de todas as acusações contra ele.

Referindo-se ao caso como uma das maiores fraudes financeiras da história americana, os promotores acusaram Bankman-Fried de orquestrar uma fraude durante anos na FTX e usar indevidamente bilhões dos clientes. O caso contra ele é amparado por muitos de seus antigos amigos e colegas, alguns dos quais faziam parte de seu círculo íntimo e frequentavam a comunidade de resorts de luxo Albany, nas Bahamas.

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Salame, que comandava a subsidiária da empresa nas Bahamas, tem estado sob intenso escrutínio nas amplas investigações criminais e regulatórias. Ele era um doador generoso de campanhas políticas, desembolsando US$ 24 milhões para apoiar candidatos republicanos durante seu tempo na FTX.

Um dos beneficiários das contribuições foi a namorada dele, Michelle Bond, que concorreu nas primárias do Partido Republicano em 2022 por um lugar no Congresso por Nova York. Bond foi chefe da Association for Digital Asset Markets, empresa que promove o mercado das criptomoedas.

A campanha não teve sucesso, mas recebeu milhares de dólares em doações de Salame e de outras figuras da FTX, incluindo o ex-diretor de regulamentação Daniel Friedberg, mostram os dados da Comissão Eleitoral Federal dos EUA.

Posteriormente, os promotores acusaram Bankman-Fried de ter recorrido aos executivos para fazer grandes contribuições a ambos os lados do espectro político americano na tentativa de influenciar a política sobre criptomoedas em Washington, DC.

Cinco das acusações contra Bankman-Fried, todas negadas por ele, foram retiradas de seu julgamento por fraude em outubro e proteladas para o próximo ano. Recentemente, os promotores excluíram uma acusação por financiamento de campanha.

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Em uma carta apresentada a justiça federal, os promotores disseram que o “esquema ilegal de financiamento de campanha” ainda faria parte do caso do governo contra Bankman-Fried em seu próximo julgamento. Uma denúncia que substitui a acusação original e deve ser apresentada na próxima semana esclarecerá que as doações de financiamento de campanha estavam ligadas às acusações de lavagem de dinheiro e fraude do caso.

Em março, agentes do FBI apreenderam os celulares de Bond e Salame na casa onde eles moravam em Potomac, Maryland. O advogado de Salame já tinha conversado anteriormente com os promotores em seu nome, informou a Bloomberg na época.

Bond não foi acusada de qualquer ato ilícito relacionado ao escândalo da FTX. O advogado dela, que também representa Salame, não respondeu de imediato uma mensagem solicitando comentários.

Salame foi um dos vários executivos que receberam empréstimos enormes de dezenas de milhões de dólares, sobretudo por meio da Alameda Research, braço de fundos de hedge da FTX, antes da exchange falir, revelou a nova administração da empresa no início deste ano.

Ao investigar os ativos adquiridos pelos ex-executivos, as autoridades também identificaram um jato particular que Salame comprou enquanto trabalhava na FTX, segundo as fontes a par da investigação. O avião pode ser confiscado como parte de um acordo judicial com o governo ou entregue aos credores no processo de falência da empresa.

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Depois de começar a trabalhar na Alameda Research em 2019, Salame pagou mais de US$ 6 milhões por cinco restaurantes na pequena cidade de Lenox, Massachusetts.

A massa falida e os promotores estão de olho nos ativos que alguns executivos da FTX compraram – supostamente usando dinheiro que também envolvia capital dos clientes. Em fevereiro, a empresa entrou em contato com os beneficiários políticos das doações de Bankman-Fried, Salame e Nishad Singh, entre eles super PACs (tipo de comitê político com permissão legal para arrecadar e gastar quantias maiores que os comitês convencionais) que receberam milhões de dólares, para solicitar que o dinheiro fosse devolvido.

Hannah Miller contribuiu com esta reportagem.

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