Um investidor de criptomoedas de 37 anos foi acusado neste sábado (24) de sequestrar um homem, espancá-lo, eletrocutá-lo e torturá-lo por semanas dentro de uma casa de alto padrão no centro de Manhattan, em Nova York. Segundo autoridades, todo o crime fez parte de um plano para obter a senha do bitcoin da vítima.
John Woeltz foi preso na sexta-feira após a vítima conseguir escapar da residência e avisar a polícia. Ele foi apresentado no tribunal criminal de Manhattan na manhã de sábado, acusado de agressão, sequestro, cárcere privado e posse ilegal de arma de fogo. O juiz ordenou que ele fosse mantido sob custódia sem direito a fiança e entregasse seu passaporte, segundo o gabinete do promotor de Manhattan.
Outra pessoa, Beatrice Folchi, também foi presa na sexta-feira (23) e acusada de sequestro e cárcere privado, embora sua ligação com Woeltz ainda não estivesse clara. Um terceiro indivíduo, identificado apenas como um “homem não capturado”, também foi mencionado como participante do abuso durante a audiência de Woeltz. Wayne Ervin Gosnell Jr., advogado de Woeltz, recusou-se a comentar no sábado.
Muitos detalhes sobre o episódio violento e prolongado ainda eram nebulosos no sábado, incluindo como Woeltz e a vítima se conheciam e o que os levou à cidade de Nova York. Mas na sexta-feira, pouco depois das 9h30 da manhã, a vítima — um homem de 28 anos da Itália — correu para fora da casa no bairro de Nolita, em Manhattan, e procurou ajuda com um agente de trânsito próximo, segundo um oficial da polícia.
A vítima, cujo nome não foi divulgado pelas autoridades, disse à polícia que havia chegado à cidade vindo da Itália em 6 de maio e se dirigido à casa. Woeltz, natural do Kentucky, havia alugado a residência de oito quartos por pelo menos US$ 30.000 por mês, informou o oficial.
Ao chegar à casa, Woeltz e o “homem não capturado” teriam roubado seus dispositivos eletrônicos e passaporte e exigido a senha de bitcoin da vítima para roubar suas criptomoedas, conforme consta na denúncia criminal contra Woeltz. Quando a vítima se recusou, os dois homens a mantiveram em cativeiro e a submeteram a semanas de tortura, incluindo espancamentos, choques elétricos, agressões com uma arma de fogo e ameaças à sua vida.
Em determinado momento, Woeltz e seu cúmplice teriam carregado o homem até o topo da escada de cinco andares da casa, o suspenderam sobre a borda e ameaçaram matá-lo se ele não revelasse sua senha, de acordo com a denúncia. Os homens também amarraram os pulsos da vítima e disseram que matariam sua família, segundo o documento.
Os abusos continuaram por cerca de três semanas, até a manhã de sexta-feira, quando a vítima conseguiu escapar e alertar um agente de trânsito. Policiais do 5º Distrito chegaram à casa pouco depois da fuga da vítima e prenderam Woeltz. A vítima foi levada ao Hospital Bellevue em condição estável, informou a polícia.
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Dentro da residência, a polícia encontrou fotos Polaroid mostrando a vítima amarrada e sendo agredida, segundo o oficial. Eles também encontraram uma arma de fogo e vários itens usados para tortura dentro da casa. Dois mordomos que trabalhavam na casa também estavam presentes e concordaram em ser entrevistados pela polícia na sexta-feira, informou o oficial.
O episódio, ocorrido em um bairro de alto padrão de Manhattan, acontece após outros dois casos de cárcere privado que abalaram a região de Nova York nesta primavera. Na semana passada, promotores do sul de Nova Jersey acusaram um casal de manter uma jovem de 18 anos presa por sete anos em uma gaiola para cachorros. Em abril, um homem de 32 anos que estava sendo mantido em cativeiro por seu pai e madrasta conseguiu escapar após incendiar a casa.
A prisão de Woeltz ocorre também após uma série de ataques violentos contra executivos de alto escalão do setor de criptomoedas nos Estados Unidos e em outros países, nos quais as vítimas e suas famílias foram sequestradas ou brutalmente agredidas em troca de resgate.