O que este conteúdo fez por você?
- Trump planeja emitir uma ordem executiva para colocar criptomoedas como prioridade política e criar um conselho consultivo
- Clareza regulatória nos EUA tem potencial para impactar positivamente o mercado global de criptoativos, especialmente no Brasil
- Nomeação de Paul Atkins para a presidência da SEC, defensor da desregulação, pode trazer mais flexibilidade para o setor
Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), a indústria de criptoativos está em alerta para as possíveis mudanças regulatórias que podem impactar o setor nos próximos anos. Trump, que já demonstrou forte apoio neste mercado, planeja emitir uma ordem executiva para elevar as criptomoedas como uma prioridade política. A medida prevê a criação de um conselho consultivo para defender as prioridades do setor, uma mudança expressiva após os desafios enfrentados durante o governo Biden.
Samir Kerbage, CIO global da Hashdex, uma das maiores gestoras de recursos especializada em criptoativos do País, diz que a clareza regulatória nos Estados Unidos terá efeitos duradouros sobre o mercado global de criptoativos, com impacto especialmente positivo para o Brasil. Outro sinal desse movimento de maior flexibilidade para o setor foi a nomeação de Paul Atkins para a presidência da SEC (equivalente à CVM no Brasil), defensor da desregulação do mercado de criptoativos.
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A proposta de Trump de criar uma reserva estratégica de Bitcoin é outro ponto de interesse. Kerbage acredita que, embora ainda em fase inicial, essa ideia pode gerar efeitos diretos no Brasil, com a introdução de projetos semelhantes no Congresso nacional. Esse tipo de movimento, segundo ele, tende a acelerar a adoção de criptoativos globalmente, sobretudo se os EUA se consolidarem como líderes nesse segmento.
O CEO também analisa os impactos de curto e longo prazo das mudanças regulatórias. Apesar das incertezas imediatas, como a proibição de bancos americanos de se envolverem com criptoativos, ele acredita que as reformas regulatórias mais profundas e estruturais terão um efeito positivo duradouro sobre o mercado, consolidando o papel dos criptoativos no sistema financeiro global.
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E-Investidor – Quais são os principais fatores que você vê como determinantes para o futuro do mercado de criptoativos, tanto no curto quanto no longo prazo?
Samir Kerbage – Nossa tese de longo prazo se concentra na definição do regulador responsável por criptoativos nos EUA, se será a CSFC ou a SEC, e na criação de um marco regulatório claro para as stablecoins. Acreditamos que esses projetos terão um impacto expressivo e duradouro no mercado de cripto. No curto prazo, medidas como a limitação dos bancos americanos em se relacionarem com cripto e a proposta de Trump para criar uma reserva estratégica de Bitcoin podem gerar efeitos relevantes, mas não necessariamente alteram o cenário a longo prazo.
Quais são os principais desafios regulatórios que Trump terá de lidar agora?
O primeiro grande desafio é a categorização dos criptoativos como valores mobiliários (securities) ou commodities, algo exclusivo dos Estados Unidos devido à separação de reguladores. Essa indefinição tem gerado disputas entre agências como a SEC e a CFTC, dificultando o progresso do setor. Projetos de lei em tramitação no Congresso podem resolver essa questão, trazendo clareza sobre quem regulará os criptoativos e seus intermediários. Além disso, a falta de um marco regulatório tem causado processos contra plataformas como Coinbase e Kraken, além de projetos como XRP e Solana. Superar esse obstáculo daria maior estabilidade ao mercado.
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A nova configuração do Congresso americano pode colocar as criptos em outro patamar?
Essa mudança pode marcar o amadurecimento do mercado de cripto. Não me refiro apenas à administração Trump, mas também ao Congresso, que agora é majoritariamente pró-cripto, reflexo de uma mudança no sentimento dos americanos sobre o setor. A expectativa é de que, com essa postura, o país avance em clareza regulatória, algo que tem limitado o crescimento do mercado desde 2018. No Brasil, já observamos evoluções importantes, como maior oferta de fundos, ETFs e regulamentação de plataformas pelo Banco Central. Essa menor resistência política à inovação tem colocado o Brasil à frente, com avanços em tokenização e DEX, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento da indústria.
Quais outras regulamentações e promessas políticas podem contribuir para esse desenvolvimento?
Um desafio é o “guidance” da SEC que impede bancos americanos de oferecer serviços relacionados a criptoativos, ao contrário do que já ocorre no Brasil com instituições como Itaú e Nubank. A expectativa é de que esse bloqueio seja derrubado por ordem executiva no início do governo Trump. Além disso, a regulamentação das stablecoins, fundamentais para pagamentos, ainda está pendente. Um marco regulatório para elas pode estimular sua adoção global. Por fim, a proposta de criar uma reserva estratégica de bitcoins nos EUA seria um marco histórico, sinalizando a adoção do bitcoin como reserva de valor digital e incentivando outros países a seguirem o exemplo.
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Qual é a sua avaliação sobre o futuro do mercado de criptoativos nos EUA, considerando o governo atual e a perspectiva de maior flexibilidade em relação à regulamentação?
Ainda é cedo para avaliar se haverá uma grande mudança ou se a evolução será gradual. No entanto, com um governo mais favorável, um Congresso disposto a agir e o presidente apoiando a ideia de tornar os EUA a capital mundial dos criptoativos, há uma expectativa positiva. Isso cria um ambiente mais propício para gestores, empreendedores e instituições financeiras que desejam integrar criptoativos ao mercado tradicional. A grande questão agora é saber se essas mudanças acontecerão rapidamente ou se levarão mais tempo, talvez até 5 anos.
Há fatores que tornam o cenário atual mais favorável para investir em criptoativos?
No curto prazo, o ambiente macroeconômico está mais favorável para ativos de risco, e o novo governo pró-cripto promete trazer maior clareza regulatória, o que pode impulsionar o mercado. No longo prazo, nossa tese de investimento em cripto nunca foi tão forte. Em 2025, não ter exposição a criptoativos pode significar perder uma oportunidade geracional importante, especialmente para investidores já posicionados em renda variável.
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