- O bitcoin atingiu o valor recorde de US$ 68 mil em novembro de 2021. Desde então, porém, acumula perdas superiores a 50% e chegou a ser cotado por menos de US$ 30 mil.
- A desvalorização das moedas digitais mais populares está mais relacionada a movimentos de correção do mercado, podendo ser influenciadas pelo cenário macroeconômico e o contexto regulatório.
- As criptomoedas tendem a ficar mais estáveis e seguras devido a medidas de segurança jurídica.
A queda do bitcoin (BTC) nos últimos seis meses ultrapassou os 50%. A principal criptomoeda do mundo, que alcançou a sua máxima histórica em novembro, quando superou os US$ 68 mil, foi negociada por um valor inferior a US$ 30 mil em maio, o menor preço desde 2020.
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Como o BTC responde por cerca de 40% de todas as moedas digitais, seus movimentos de valorização e desvalorização afetam todo o mercado. A capitalização do setor de criptomoedas atingiu a US$ 3 trilhões em 2021, segundo a CoinGecko. Com a baixa acentuada das cotações dos ativos, o volume chegou a US$ 1,3 trilhão em maio.
Em um cenário extremamente volátil, os investidores podem encontrar dificuldades para identificar as tendências das oscilações. “Antes de entrar no mercado, tenha consciência dos riscos dessa nova atividade”, recomenda Bernardo Srur, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).
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Entenda o que pode afetar a cotação das criptomoedas.
O que explica a desvalorização de uma criptomoeda?
Os motivos que levam à desvalorização de uma criptomoeda variam de um caso a outro. As grandes moedas digitais, como bitcoin e ethereum, são projetos mais maduros e com ampla penetração mundial. “Por ser um ativo global, é mais difícil conseguir determinar uma causa específica”, analisa Srur.
No entanto, o cenário macroeconômico e o contexto regulatório têm uma influência relevante, aponta Srur. As incertezas geradas pela pandemia, por exemplo, levaram os investidores a procurar o bitcoin como um ativo para proteção do patrimônio, sendo comparado ao ouro — o ativo financeiro mais tradicional e seguro do mercado.
Já as criptomoedas com menor adesão podem ser atingidas por deficiências das próprias iniciativas das quais fazem parte. Recentemente, a Fundação LUNA entrou em colapso e perdeu 98% de seu valor por conta de uma falha no ecossistema que lhe dava suporte.
Por que o bitcoin está caindo?
Alguns analistas econômicos apontam que a queda do bitcoin em maio deste ano, quando a moeda digital perdeu 20% do valor, está relacionada ao aumento dos juros nos Estados Unidos. Contudo, o movimento é mais amplo. “Houve uma grande valorização do ativo e agora há uma correção da cotação”, observa Srur.
Essa é uma oscilação natural do mercado e já foi vista em outras ocasiões no mercado de ativos digitais após altas históricas. Em maio de 2021, o BTC teve uma retração de 35%, apenas dois meses depois de ultrapassar pela primeira vez a marca de US$ 60 mil.
Perspectivas para o mercado de moedas digitais
A queda do bitcoin favorece a popularização das criptomoedas, o desenvolvimento de projetos de stablecoins e de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CDBCs). Segundo Srur, a expansão do setor de criptoativos afasta, em um primeiro momento, um dos principais medos do investidor: o risco de um colapso do sistema.
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O mercado cripto está se tornando mais robusto, com a entrada de investidores financeiros tradicionais. Além disso, as empresas estão avançando em termos de transparência de suas atividades. “A ABCripto desenvolveu os códigos de autorregulação que vêm ajudando a estruturação de boas práticas de governança”, reforça Srur.
Existe, ainda, os contextos nacional e internacional que favorecem a regulação, inclusive no próprio Brasil. Em abril, o Projeto de Lei (PL) nº 3.825/2019, que estabelece regras para os criptoativos, foi aprovado pelo Senado.
Na visão de Srur, a regulação garante uma segurança jurídica e maior estabilidade para as moedas digitais.