Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset. (Foto: Hélvio Romero/Estadão)
O fundo Verde, do gestor Luis Stuhlberger, aumentou a exposição à Bolsa brasileira para capturar oportunidades em meio ao aumento do prêmio de risco visto no último mês. O mercado local em julho foi dominado pelo que a Verde Asset chama de “inusitado triunvirato tarifas, Lei Magnitsky e popularidade presidencial”, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma retaliação tarifária contra o Brasil.
Os impactos na economia brasileira foram mitigados com uma lista de 694 exceções, mas, no mercado, a discussão sobre tarifas pesou também sob o ponto de vista da política.
“Inicialmente tal decisão deu ao presidente Lula uma narrativa nacionalista que tirou dos holofotes os escândalos e brigas que vinham enfraquecendo seu governo. E tornou mais incerta a equação da escolha do candidato da centro-direita para o ciclo eleitoral de 2026”, diz a carta de gestão da Verde Asset de julho. “Mais ainda, ao envolver o Supremo Tribunal Federal neste conflito, especialmente na figura do juiz Alexandre de Moraes, agora sancionado financeiramente em escala global, o número de variáveis e incertezas aumentou enormemente.”
Ainda assim, o entendimento é de que a tríade de eventos que pressionaram o humor do mercado local em julho não muda de maneira relevante as variáveis macroeconômicas de curto e médio prazo. Tampouco deve conceder ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma “sobrevida de popularidade duradoura”, como vêm especulando alguns players – de que o embate com Trump poderia reverter de forma relevante a queda na popularidade presidencial e, portanto, reduzir o trade de eleição em que o mercado já vem se posicionando há algum tempo apostando na alternância de poder em 2026.
“Embora o grau de incerteza continue mais alto que alguns meses atrás, temos encarado esse movimento mais como oportunidade“, destaca a Verde.
É o segundo mês de visão mais positiva de Stuhlberger em relação aos ativos locais e ao real. Até junho, a gestora vinha com o menor nível de exposição à bolsa brasileira desde 2016.
Em julho, o fundo teve ganho de 0,22%, perdendo para o desempenho do CDI, de 1,28% no período. Os ganhos vieram do livro de crédito, das posições em criptomoedas e em inflação nos Estados Unidos. A exposição em moedas, ações brasileiras e juro real no País contribuíram para as perdas.
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No acumulado do ano, o fundo Verde rende 7,38% contra 7,77% do CDI.
Temas no exterior
No exterior, os mercados globais tiveram um desempenho bem positivo em julho, com as Bolsas americanas voltando a renovar máximas históricas. O dólar também se recuperou na esteira do que a Verde chama de “pujança do mercado acionário”.
Agosto, no entanto, já começou mais negativo com a divulgação de números de emprego dos EUA, o payroll, e uma revisão significativa nos dados de meses anteriores. Agora, o consenso de mercado espera que o Federal Reserve inicie o ciclo de corte de juros por lá já em setembro.
“Com isso, e os constantes ataques do presidente ao chairman do Fed, voltamos ao cenário de diversificação do dólar. O fundo mantém exposição relevante e diversificada a esse tema”, diz a carta.
A Verde manteve as posições em juro real e inflação implícita nos EUA. Na exposição a bolsa global, reduziu as proteções e voltou a ter posições líquidas compradas. Em moedas, o fundo segue comprado em euro e ouro, e aumentou a alocação em cripto.