Após sequência de recordes, Verde reduz alocação em bolsa brasileira e zera posição em real
Gestora de Luis Stuhlberger dá passo atrás na exposição iniciada há poucos meses, em junho, graças a "retorno limitado frente a riscos e volatilidade à frente"
Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset. (Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO)
A Verde Assetreduziu as posições em Bolsa brasileira e zerou a alocação em real, disse a gestora de Luis Stuhlberger na carta mensal de gestão referente ao mês de outubro. No mês, o fundo Verde rendeu 1,41%, contra 1,28% do CDI. No acumulado de 2025, dá 13,58% contra 11,76% do benchmark.
A exposição ao mercado local, que rendeu bom frutos ao fundo este mês, vinha presente na carteira desde junho, quando a gestora voltou a comprar ações brasileiras pela primeira vez desde atingir, no final de 2024, sua menor exposição à classe desde 2016. Em termos de comparação, naquele mês, o Ibovespa era negociado na casa dos 138 mil pontos. Hoje, flerta com o histórico patamar de 160 mil pontos.
Agora, a Verde prefere colocar o lucro no bolso e dar um passo atrás, reduzindo a exposição líquida comprada, graças a um “retorno prospectivo mais limitado para os riscos e volatilidade que vemos à frente”, disse na carta mensal.
É um cenário de “série de reviravoltas”, pontua a gestora, com um outubro que se iniciou com a derrota do governo na votação da MP 1303, que mudaria a tributação de investimentos, melhora da popularidade presidencial e certa reversão dessa tendência após a operação policial no Rio de Janeiro.
“Os ativos brasileiros viram algum nervosismo e quedas nas primeiras semanas. Isso rapidamente se reverteu com um forte fluxo de capital estrangeiro, impactando especialmente o Real e o mercado acionário, e impulsionou uma forte performance desses ativos”, diz a carta.
A forte performance dos ativos levou o Ibovespa a maior série de dias consecutivos de alta desde 1994. Nesta terça-feira (11), renovando as máximas a 158 mil pontos, caminha para cravar o 15º pregão seguido de valorização.
Por causa disso, o fundo implementou hedges na exposição em ações brasileiras e zerou o real. Também reduziu a parcela de crédito privado após a venda de debêntures da Vale (VALE3), mas manteve a posição comprada em juro real. Nos Estados Unidos, segue aplicado em juro real e comprado em inflação implícita.
Outra mudança para novembro veio na estratégia de moedas, com troca de parte da posição comprada em euro por uma cesta de moedas globais. Renminbi chinês e ouro seguem inalterados.
Incerteza global em meio ao shutdown
Lá fora, o mês de outubro foi marcado pelo shutdown nos Estados Unidos, a paralisação dos serviços do governo federal, prolongada por 41 dias e encerrada pelo Senado americano na segunda-feira (10). O pacote ainda precisa ser aprovado pelos deputados.
A paralisação atrapalhou o trabalho do banco central americano, gerando incerteza em relação à visibilidade do ritmo da economia que já boa parte dos dados utilizados pela instituição para decidir sobre o futuro dos juros não foi publicada. Tudo isso enquanto aumentam os questionamentos em relação aos ganhos dos investimentos feitos em inteligência artificial e a incerteza geopolítica permanece, avalia a Verde.
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“O fundo conseguiu navegar essa volatilidade com disciplina e continua a carregar posição comprada naquele que vemos como um dos principais beneficiários de uma tendência secular de diversificação de moedas além do Dólar”, diz a gestora.