O que este conteúdo fez por você?
- Bill Gates critica o mundo das criptomoedas, mas a Microsoft investe pesado em blockchain.
- O mercado cripto tem regras específicas no Brasil, e a blockchain oferece uma tecnologia capaz de inibir ações de criminosos.
- Diferente do dólar, o bitcoin tem limite de emissão; além disso, a maior parte da energia usada na mineração da moeda digital vem de fontes renováveis.
As afirmações negativas de Bill Gates sobre as criptomoedas não são novidades. Recentemente, o bilionário disparou que as moedas digitais e os tokens não fungíveis (NFT) são “100% baseados na teoria do mais tolo”. Ele diz ainda que os investidores ganham dinheiro com ativos sem valor, porque as pessoas estão dispostas a pagar por isso.
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No entanto, a Microsoft, fundada pelo magnata, realiza investimentos pesados em blockchain. “Isso demonstra um pouco do posicionamento da empresa frente a essa tecnologia”, afirma Bernardo Srur, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).
Antes de se deixar levar pela onda das críticas de Gates, conheça sete mitos ou verdades sobre as criptomoedas.
1. Mito: o bitcoin não tem lastro
As moedas tradicionais emitidas por bancos centrais tinham o valor sustentado por uma quantidade equivalente em ouro. “Mas o lastro dos papéis-moeda não existe mais como antigamente”, diz Leonardo Camata, diretor de alianças e inovação da ISH Tecnologia.
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A partir de 1971, por exemplo, o dólar desvinculou seu lastro do ouro, passando a ter uma flutuação livre. O valor da moeda é sustentado pela confiança na economia dos Estados Unidos. Da mesma forma, o lastro do bitcoin é garantido pela utilização e pela confiança na tecnologia blockchain.
2. Mito: o mercado cripto não tem regulamentação
As criptomoedas foram projetadas para serem finanças descentralizadas (DeFi) sem a influência de leis nacionais. Os governos não têm o mesmo poder para restringir as transações em moedas digitais como fazem no sistema financeiro tradicional, mas isso não significa que não existam regras.
“O mercado brasileiro de cripto já tem regulações próprias”, explica Srur. Além da obrigação de investidores e exchanges de informar transações para a Receita Federal e de dispositivos contra a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, já foi aprovado o Marco Legal das Criptomoedas pela Câmara dos Deputados.
3. Mito: o bitcoin é pirâmide financeira
Alguns criminosos aproveitam a falta de conhecimento sobre as moedas digitais e da boa-fé dos investidores para aplicar golpes de pirâmides financeiras. Mas as criptomoedas não têm nada a ver com esse tipo de fraude financeira.
“Já inventaram pirâmides com todo tipo de produto e serviço, de boi gordo e avestruz até a telefonia”, lembra Camata. Nesse contexto, o bitcoin se torna mais um artifício usado pelos fraudadores para prometer ganhos surreais e enganar os desavisados.
4. Mito: as moedas digitais não ajudam o meio ambiente
A mineração de criptomoedas exige a execução de cálculos matemáticos complexos para processar as transações, o que requer uma grande quantidade de energia elétrica. “Por outro lado, a indústria bancária tradicional também consome muita energia”, adverte Camata.
Mais de 58% da energia usada pelos mineradores de bitcoin, que responde por quase metade das criptomoedas, vêm de fontes renováveis, aponta um levantamento do Bitcoin Mining Council. Além disso, os criptoativos são utilizados para negociar crédito de carbono, o que contribui para o meio ambiente.
5. Mito: as criptomoedas facilitam as atividades ilegais
Muitos golpes cibernéticos, como ransomware (sequestro de dados mediante pagamento), usam as criptomoedas para realizarem suas operações. Dessa forma, os ativos digitais acabam sendo associados a essas ações ilegais.
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Contudo, apenas 0,15% do volume total de transações com moedas digitais esteve relacionada com atividades ilícitas em 2021, segundo relatório da Chainalysis. “A transparência que a blockchain oferece é um péssimo negócio para os criminosos”, afirma Srur. A tecnologia permite rastrear todas as operações, inclusive seus beneficiários.
6. Verdade: a blockchain não sofre ataque hackers
“Até hoje não se tem notícias de um ataque hacker que tenha sido bem-sucedido contra, por exemplo, a blockchain do bitcoin”, garante Srur. Para uma operação ser validada, 51% dos computadores da rede precisam confirmar a transação, o que dificulta a manipulação.
O que acontece são os ataques de engenharia social ou roubo de credenciais que permitem aos criminosos a transferência dos recursos nas carteiras dos investidores ou de empresas. Mas a blockchain em si permanece intacta e imune.
7. Verdade: o bitcoin é realmente escasso
“O bitcoin não pode ser criado livremente da mesma maneira como o dinheiro pode ser impresso”, diz Camata. O BTCtem em seu código-fonte um dispositivo conhecido como hard cap, que prevê um limite de emissão de 21 milhões de tokens, nem um a mais.
A limitação de quantidade simula a quantidade finita de recursos, como o ouro físico. Além disso, a remuneração pela mineração de cada bloco cai pela metade a cada quatro anos aproximadamente, um processo chamado de halving. Esses dois mecanismos garantem a escassez e protegem o criptoativo da inflação.