Ganhar um carro aos 18 anos pode parecer impossível em um cenário onde o preço médio de um veículo popular se aproxima dos R$ 80 mil no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), a demanda por carros novos cresceu 5% entre fevereiro e janeiro deste ano, mesmo com o Fiat Mobi e o Renault Kwid, hoje os dois carros mais acessíveis do País, aumentando de preço para R$ 71.290 e R$ 74.640, respectivamente.
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Contudo, existem várias maneiras de atingir o objetivo de presentear os filhos com um carro, e uma delas é investir. Para Eduardo Reis Filho, educador financeiro da Ágora Investimentos, a forma mais saudável financeiramente de adquirir um bem durável, como um veículo, é investir seu dinheiro mensalmente para comprar no futuro.
Um dos investimentos de longo prazo e com baixo risco apontado pelo educador é o Tesouro IPCA, título público que tem seu rendimento atrelado ao principal indicador da inflação no Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Caso os pais optem por investir no título com vencimento para 2035, por exemplo, ao direcionar R$ 860 ao mês, é possível resgatar R$ 217.370,71 no ano estipulado. O título considera uma projeção de inflação para os próximos 12 anos.
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Dentre as opções disponíveis no mundo dos investimentos, Reis não descarta investir em renda variável, com possíveis lucros maiores, porém com mais riscos. De acordo com o educador, é possível encontrar alternativas que podem gerar maiores retornos como investimentos em fundos, ações, Coe (certificado de operações estruturadas) ou derivativos no mercado financeiro.
Consórcio ou financiamento?
Outra alternativa para adquirir o automóvel é o consórcio, modalidade de crédito feita em conjunto na qual cada pessoa paga uma parte do bem. Explicamos melhor sobre o tema aqui.
Por outro lado, Paula Bazzo, planejadora financeira da Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro), revela preocupações quanto à modalidade. “O consórcio tem a característica de que você faz o pagamento das contribuições, e que você vai ser sorteado em algum momento, então você perde a possibilidade de planejamento de quando adquirir esse carro”, opina.
Segundo ela, a pandemia elevou o custo de compra de veículos desproporcionalmente, não foi vinculado à inflação. “As cartas de consórcio geralmente são corrigidas por algum tipo de índice, mas pode chegar o momento da compra do bem e você não ter como presentear com o veículo”, destaca.
A especialista destaca ainda que, apesar do consórcio teoricamente ser mais barato do que o financiamento, é preciso lembrar que existe uma taxa de administração que é corrigida anualmente. Portanto, caso seja feito um cálculo de longo prazo, a modalidade pode ser equivalente ou até mais cara do que o financiamento.
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“Além da alta no preço dos veículos, a taxa de juros em financiamentos (de automóveis) gira em torno de 2% ao mês, o que tem desmotivado bastante o consumidor”, afirma Eduardo Rocha, CEO do Klubi, fintech especializada em consórcios. “A adoção do consórcio para um jovem também serve como um exemplo de planejamento financeiro, trazendo o entendimento sobre prazos e mensalidades”, afirma.
“Sem entrar no mérito se é certo ou errado comprar um carro para o seu filho, é importante lembrar que o dinheiro ao longo do tempo pode trabalhar a seu favor. Enquanto que o pagamento de juros em uma dívida de financiamento, por exemplo, faz com que você pague muito mais para adquirir o bem”, ressalta Reis, da Ágora.
É importante lembrar, contudo, que os gastos não se restringem apenas à compra do automóvel. Manutenção, combustível, seguro e o pagamento do Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) também entram no orçamento a longo prazo, assim como a autoescola, ainda obrigatória para dirigir legalmente pelo País.