O que este conteúdo fez por você?
- É preciso cautela ao contratar o financiamento estudantil para não se endividar com taxas e outros encargos sobre as parcelas
- Assim, todo cuidado é pouco na hora de optar pelo melhor tipo de financiamento, mesmo quando o contrato parece menos arriscado
- É importante também evitar que as dívidas com o financiamento sejam somadas a outras contas pessoais, desequilibrando o orçamento
A adesão a um financiamento estudantil pode ser a salvação para quem precisa iniciar os estudos em uma instituição de ensino superior, mas não possui renda suficiente para arcar com as mensalidades.
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Como qualquer outro tipo de financiamento, porém, é preciso ter cuidado para não ver o sonho virar pesadelo no momento de pagar as parcelas aos bancos, pois taxas de juros e outros encargos podem pesar no final da jornada.
No Brasil, um dos mais conhecidos aportes desse tipo é o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), do Ministério da Educação, destinado a estudantes de baixa renda. Apesar de oferecer condições facilitadas para quitação – como a incidência de juros zero nas parcelas para quem possui renda familiar de até 1,5 salário mínimo -, até março do ano passado acumulava quase 1 milhão de inadimplentes. Para facilitar os pagamentos, foi criado um canal de renegociação de dívidas, para permitir descontos em torno de 90%.
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Todo cuidado é pouco na hora de optar pelo melhor tipo de financiamento, mesmo quando o contrato parece menos arriscado. “Mesmo com as taxas de juros baixas ou até mesmo zeradas, os financiamentos estudantis precisam ser contratados com cautela para não implicar em dores de cabeça no presente e no futuro”, alerta Vitor Nayron, analista de conteúdo do blog educacional do TC.
Além do FIES, outros formatos são oferecidos no mercado com taxas que variam entre 0,4% a.m. e 2,5% a.m. Veja alguns deles:
- Financiamento estudantil Banco BV – Nesta opção de financiamento, as taxas variam de produto para produto e também em relação ao acordo que o banco tem com a instituição de ensino do estudante, que paga uma taxa de R$ 150 para contratar o serviço. É possível também contratar um financiamento sem juros, com encargo mensal de IOF e correção pelo IPCA que ocorre anualmente para contratos que possuem carência. No geral, a taxa total de juros (que pode ser paga pelo aluno e/ou pela instituição) fica entre 1,5% e 2,5% a.m.
- Financiamento Estudantil Graduação Saúde Santander – Exclusivo para estudantes da área de Saúde, o financiamento pode ser contratado pelo estudante a partir da 4º mensalidade do curso. O valor financiado é enviado para a universidade em parcela única e o aluno tem o dobro do tempo do curso para pagar. As parcelas são mensais, com juros a partir de 1,82% a.m., que variam conforme o perfil do aluno.
- FNE P-Fies do Banco do Nordeste – O cálculo da taxa de juros do programa é definido conforme Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.642, de 28/02/2018, sendo composta de parte fixa e variável. O valor estimado, tendo como referência a data de 16 de janeiro de 2023, é de 0,412526% a.m. ou 5,0642% a.a. Na taxa, é acrescida a variação mensal do IPCA. Segundo o banco, não há outras taxas ou encargos cobrados aos estudantes.
- Crédito Universitário Bradesco – Nesta opção de crédito, o valor do semestre pode ser financiado para o estudante em até 12 parcelas, com cobertura de até 100% do valor do curso. As parcelas são debitadas na conta corrente do estudante e ele tem o dobro do tempo do curso para quitar o contrato. A taxa de juros cobrada, segundo o banco, é formada a partir de modelos estatísticos individualizados.
Como escolher o financiamento estudantil mais vantajoso
Em vez de escolher a primeira opção que aparecer na internet, o primeiro passo para quem busca um financiamento estudantil é ter paciência e verificar as possibilidades existentes no mercado, como explica Nayron. “Com as opções de financiamento disponíveis no mercado, é preciso observar as taxas de juros do financiamento, bem como eventuais encargos e também se o interessado tem os pré-requisitos para conseguir o financiamento”, diz.
Para Diogo Brandão, analista de Projetos Educacionais na Guide Investimentos, a modalidade mais interessante para escolha é aquela que possui juro zero – como é o caso do FIES.
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No entanto, é preciso lembrar que ela é voltada para um grupo restrito de pessoas. É necessário considerar o que fazer quando não houver essa alternativa. “Caso você se enquadre na condição de ter a taxa de juros, precisa prestar atenção se ela está próxima ou abaixo da taxa Selic, que é a taxa básica de juros e baliza esse tipo de financiamento”, orienta.
O especialista ressalta a necessidade de ter o prazo de pagamento como outro ponto de atenção: por um lado, quanto maior o período para quitar o contrato, menor pode ser a parcela, mas isso pode significar o aumento do valor total da dívida. “É preciso ver um prazo não muito extenso e uma parcela que se encaixe no seu orçamento para não se enrolar com o pagamento e fique inadimplente”, reforça Brandão.
Já Lai Santiago, educadora financeira da fintech de crédito Open Co. lembra que, além do financiamento, há instituições de ensino que oferecem bolsas no formato de desconto na mensalidade.
Do mesmo modo, o programa de bolsas do Ministério da Educação, ProUni, pode ser uma alternativa para aqueles que não conseguem se enquadrar no perfil do crédito privado. “Caso o estudante não consiga um financiamento que cubra todo o valor do curso, ele pode buscar essas alternativas para conseguir o equilíbrio financeiro necessário”.
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Como evitar o endividamento
Uma vez que a adesão é feita, o estudante precisa se preparar para pagar a dívida sem comprometer suas finanças pessoais no início da carreira. Para Nayron, optar pelo financiamento com a menor taxa de juros possível e com menos encargos envolvidos é o primeiro passo na construção de um plano de ação que ajude o estudante a conseguir honrar com o que foi contratado. Além disso, ele recomenda a busca por uma renda extra durante o período do curso como alternativa para ajudar no pagamento das parcelas.
É importante também evitar que as dívidas com o financiamento sejam somadas a outras contas pessoais, desequilibrando o orçamento. Nayron aponta que é preciso ter o máximo controle sobre os custos, para evitar o endividamento ainda maior com outras modalidades de crédito como o cartão de crédito, por exemplo, ou até mesmo outro financiamento (imóvel ou veículo).
Santiago salienta que o planejamento financeiro de longo prazo é imprescindível para evitar o endividamento, pois não basta verificar se é possível pagar as mensalidades no presente, mas entender quais os riscos futuros com uma despesa obrigatória. Assim, é importante buscar um fiador responsável e avaliar as reais condições de honrar o compromisso do financiamento.
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“Recomendo que o planejamento contemple todo o período desde o começo dos estudos até o término previsto do pagamento do financiamento. Por meio do planejamento será possível identificar qual deve ser o esforço no presente para assegurar que o futuro será livre de endividamento”, sugere a analista.