- Levantamento da Peic aponta que 79% das famílias brasileiras estavam endividadas até setembro
- 13º deve ser usado para pagar as dívidas certas para que as famílias possam se reorganizar financeiramente
- De acordo com especialistas, o foco a curto prazo deve ser quitar as contas com juros mais altos
Com a chegada de novembro, muitos trabalhadores já começam a fazer planos sobre como gastar a primeira parcela do décimo terceiro salário. Os empregadores têm até 30 de novembro para pagar a parcela inicial, que corresponde a 50% do salário e é depositada sem dedução de impostos.
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Para a planejadora financeira Paula Bazzo, o 13º é tradicionalmente utilizado pelo brasileiro para pagar dívidas, que costumam ser maiores no fim do ano.
De acordo com o último levantamento da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), referente a setembro, 79% das famílias brasileiras estavam endividadas e 30% tinham dívidas em atraso. Historicamente, os números tendem a aumentar até o fim do ano.
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A gratificação de Natal, porém, deve ser usada para pagar as dívidas certas para que as famílias possam se reorganizar financeiramente. De acordo com as especialistas, o foco a curto prazo deve ser quitar as contas com juros mais altos.
Quais dívidas devo priorizar?
A educadora em finanças pessoais da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), Angela Nunes, destaca que manter a calma é essencial no momento de gastar o décimo terceiro. A chave para organizar todos os custos é encontrar a melhor forma de otimizar o dinheiro.
Antes de gastar o 13º para quitar parte de uma dívida, a recomendação é fazer uma lista com os débitos pendentes e seleciona os que oferecem mais risco ao bolso do devedor. Ou seja, é importante priorizar a dívida mais urgente, como aquela que possui bens como garantia em caso de inadimplência ou tem juros mais altos.
Outra dica importante é tentar renegociar dívidas para quitá-las integralmente. A educadora reforça que o credor pode conseguir descontos atrativos sobre o valor total se adiantar o pagamento das parcelas.
A recomendação de Bazzo vai de encontro com a de Nunes: é preciso priorizar a dívida com juros mais robustos, como os dos cartões de crédito, e só depois acelerar a quitação de dívidas.
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Só para se ter ideia, a média da taxa de juros praticada pelo mercado é de 14,36% ao mês. No acumulado do ano, o valor pode chegar a 400%, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Colocar as despesas no papel
De acordo com a planejadora financeira Paula Sauer, para que as pessoas não tenham o seu décimo terceiro salário consumido completamente pela amortização das dívidas, o indivíduo deve medir suas despesas recorrentes e esporádicas. Depois de saber quanto do orçamento mensal é comprometido por cada uma, fica mais fácil se organizar.
Para as especialistas, estabelecer limites de orçamento e registrar as dívidas adquiridas ao longo do ano é um bom começo para ter consciência da sua saúde financeira. Se a pessoa está gastando mais do que recebe, a ideia é que o orçamento para cada tipo de despesa seja reduzido.
Organizadas as despesas, é preciso pensar em reserva financeira. Nessa toada, o décimo terceiro salário pode ser um verdadeiro aliado: parte da gratificação pode ser guardada para lidar com possíveis imprevistos. A recomendação é que a reserva financeira de uma família seja suficiente para cobrir os gastos de três meses.