O que este conteúdo fez por você?
- Criar reserva de emergência específica para essas obrigações ao longo do ano é a chave para manter a saúde financeira
- Com planejamento, é possível calcular o impacto desses custos e criar uma reserva mensal para quitá-los com tranquilidade
- Para despesas de curtíssimo prazo, o ideal é guardar em aplicações de alta liquidez e baixo risco, como o Tesouro Selic ou CDBs
Planejamento financeiro é a chave para começar o ano sem sufoco e com as finanças em dia. As despesas de janeiro, como IPVA, IPTU, matrículas escolares e material didático dos filhos são previsíveis e, com organização, é possível se preparar para elas. Criar uma reserva de emergência específica para essas obrigações, ao longo do ano, pode ser a chave para evitar dívidas e manter a saúde financeira, sem muito sacrifício.
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Para ajudar na tarefa de mapear com antecedência o impacto dessas despesas no orçamento, o E-Investidor conversou com Guilherme Almeida, especialista em educação financeira e head de Renda Fixa da Suno Research. Ele ensina como começar a dar esse passo na vida financeira, mostra quais os principais pontos a prestar atenção e os erros mais comuns:
Primeiro passo, monte uma reserva mensal
Para se preparar financeiramente para janeiro, o primeiro passo é criar um planejamento detalhado. Não importa se é em um Excel ou caderno, o essencial é listar as fontes de renda — salário, aluguel ou rendimentos de investimentos — e todos os compromissos financeiros, como parcelas do cartão de crédito e contas fixas de água, luz e telefone.
Também é importante prever o tamanho das despesas de início de ano. O IPVA, por exemplo, representa cerca de 4% do valor de tabela do veículo. “Com planejamento, é possível calcular o impacto desses custos e criar uma reserva mensal para quitá-los com tranquilidade”, comenta o especialista. Isso permite, ainda, aproveitar descontos médios de 3% no pagamento à vista do IPVA e até 6% em alguns estados, como Minas Gerais, que dá um desconto extra para quem pagou em dia nos últimos dois anos.
Protegendo a reserva da inflação
Identificada a capacidade de poupança mensal, agora é hora de pensar onde guardar o dinheiro. Deixar valores parados na conta corrente resulta em perda de poder de compra devido à inflação. É importante lembrar que a alocação deve se adequar ao prazo e ao objetivo do dinheiro.
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Para despesas de curtíssimo prazo, de até 12 meses, o ideal é optar por produtos de alta liquidez e baixo risco, como o Tesouro Selic ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com liquidez diária emitidos por instituições de médio ou grande porte e com boa classificação de crédito.
O que é melhor, CDBs ou Tesouro Selic?
O ideal é que o investidor exija remuneração superior ao Tesouro Selic ao optar por CDBs. Caso contrário, o título público permanece uma escolha mais segura.
Em teoria, títulos privados deveriam remunerar mais, pois carregam maior risco de crédito em comparação aos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. No entanto, na prática, muitos CDBs apresentam rentabilidades menores que a do Tesouro Selic devido à oferta limitada, prazos e características do emissor.
Importante ficar de olho na tributação
Ao resgatar investimentos no Tesouro Selic e em CDBs, é importante considerar dois fatores principais: Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O IR é automaticamente descontado e varia conforme o prazo da aplicação: 22,5% para resgates até 180 dias, caindo para 15% em aplicações acima de 720 dias, sempre incidindo sobre os rendimentos. Já o IOF é aplicado apenas se o resgate é feito nos primeiros 30 dias e também incide sobre o rendimento proporcional.
Para quem faz aportes regulares, é importante entender a lógica do PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), que organiza o resgate de forma a priorizar os títulos mais antigos, reduzindo o impacto tributário. Por exemplo, se a pessoa investiu em novembro e novamente em dezembro, ao sacar em janeiro, o valor resgatado será debitado primeiro do aporte feito em dezembro.
Posso usar o 13º para esse tipo de despesa?
Contar com o 13º salário para quitar as contas de janeiro pode ser arriscado, avalia Guilherme Almeida, especialmente em cenários de imprevistos, como perda de emprego. O ideal é adotar um planejamento mensal, calculando os gastos previstos, como IPTU, IPVA e matrículas escolares, com base nas despesas dos anos anteriores e ajustando valores.
Esse aporte regular dilui os custos ao longo do ano, permitindo chegar ao início do próximo ano com a reserva necessária. Além disso, garante flexibilidade para lidar com outros compromissos, como férias, evitando apertos financeiros e proporcionando tranquilidade.
Principais erros a serem evitados
O principal erro é a falta de planejamento. Depois, é descumprir o que foi planejado. É importante definir metas específicas, como pagar o IPVA, e calcular o valor necessário para tal, vinculando a poupança mensal a esse objetivo.
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Outro deslize comum é investir em produtos incompatíveis com o prazo, como ações ou fundos imobiliários, que têm alta volatilidade e podem gerar perdas no curto prazo. Para metas de curto período, é melhor escolher investimentos de baixo risco e alta liquidez, garantindo que o valor economizado esteja disponível e protegido contra as oscilações de mercados.
Na renda fixa, títulos prefixados e vinculados à inflação também não são a melhor opção porque sofrem o efeito da marcação a mercado.