- Com os títulos públicos pagando prêmios altíssimos, é possível aliar o menor risco do mercado com remunerações muito interessantes
- O ideal é compor um portfólio diversificado, tanto do lado de indexadores (pós-fixados, pré e inflação) quanto do lado de emissores diferentes para mitigar o risco
- LCIs e LCAs são isentos de Imposto de Renda e podem oferecer rendimento mais elevado em relação a outros investimentos tributados
Com os juros futuros rondando as máximas desde dezembro do ano passado, este é um ótimo momento para o investidor conservador potencializar a remuneração de sua carteira de investimentos com pouco risco. E não precisa inventar a roda. Com os títulos públicos pagando prêmios altíssimos, o sócio da One Investimentos, Vitor Oliveira, lembra que é possível aliar o menor risco do mercado com remunerações muito interessantes.
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Simone Albertoni, analista sênior de Produtos Financeiros de Renda Fixa da Ágora, diz que a renda fixa indexada ao CDI e ao IPCA, ainda deve compor a maior parcela nas carteiras dos investidores. “Os juros brasileiros se encontram em patamar atrativo tanto para alocação de curto prazo quanto para travar altas taxas reais, ou seja, acima da inflação, para o médio/longo prazo”, analisa.
Batendo a inflação com folga
Na visão de Oliveira, as Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B), mais conhecidas como Tesouro IPCA +, são as melhores opções. As de médio prazo, com vencimento em 2030 e 2032, chegaram a pagar prêmios de 6,80% e hoje estão na casa dos 6,50% acima da inflação. “Isso é muito atrativo para quem busca uma combinação de segurança e proteção contra a perda do poder de compra”, comenta ele.
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Além das NTN-Bs, Oliveira destaca os títulos do Tesouro Prefixado, as Letras do Tesouro Nacional (LTN). “Essa opção é um pouco mais arrojada e não se encaixa em um perfil totalmente conservador, o investidor fica mais exposto às oscilações do mercado”, diz. Em cenários de alta de inflação, por exemplo, há o risco de perda do ganho real, além da desvalorização do papel, caso os juros subam além deste patamar.
Os títulos prefixados, portanto, exigem atenção especial, principalmente no Brasil, lembra, “onde o ambiente econômico pode mudar rapidamente”. Mas, com as taxas em níveis historicamente altos, beirando os 13% ao ano, o especialista comenta que pode ser uma boa estratégia para o investidor que busca aproveitar esse momento de valorização.
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Albertoni lembra que o apetite a risco depende do perfil de cada cliente. “O ideal é compor um portfólio diversificado, tanto do lado de indexadores (pós-fixados, pré e inflação) quanto do lado de emissores diferentes para mitigar o risco de crédito”, diz.
Mais liquidez e isenção de IR
Neste ponto é que entram os títulos pós-fixados fora do Tesouro Direto. As Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCAs), por exemplo, têm garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 250 mil por CPF e podem pagar até 94%, 95% do CDI.
Como são isentos de Imposto de Renda, terminam oferecendo um rendimento mais elevado em relação a outros investimentos tributados, a exemplo do próprio Tesouro Selic. “Oferecem uma boa liquidez e um rendimento mais elevado que o mínimo de 15% em IR”, comenta o sócio da One, referindo-se à tabela regressiva do IR, em que investimentos mantidos por mais de dois anos pagam a alíquota mínima de 15%.
O consultor financeiro Renan Diego, fundador da Escola Produtividade Financeira, diz que até mesmo com os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) atrelados ao CDI é possível aliar a segurança do FGC a boas margens. Para ele, as melhores opções para o investidor conservador agora são os produtos atrelados ao CDI ou à inflação. “Com as taxas de juros subindo, ele vai receber mais”, comenta. Para ele, os prefixados são alternativas para um cenário de juros em queda.
CDI é a aposta para curto e médio prazos
Na sua visão é possível surfar numa boa taxa atrelada ao IPCA, lembra, pois a tendência é de a inflação subir. Diego avalia que o atual cenário de Selic pra cima é motivado pelo cenário externo, com os juros ainda altos nos EUA e outros movimentos inflacionários vindos do exterior. “É preciso aumentar os juros para deixar a renda fixa atraente aos investidores”, comenta.
Albertoni, da Ágora, destaca a liquidez. “Com relação à remuneração, taxas prefixadas ainda podem ser encontradas com prêmios interessantes, mas nossa preferência para os prazos curtos e médio fica para ativos atrelados ao CDI, que conseguem aproveitar o cenário de juros altos por mais tempo.”