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- Uma das falácias mais encontradas na internet é de que o Bitcoin está morto. Desde 2010, o site 99 Bitcoins cataloga todas as declarações envolvendo a criptomoeda. Ao todo, o BTC foi dado como morto 422 vezes
- Veja o que os especialistas dizem sobre alguns mitos do mercado cripto
Um dos maiores medos do ser humano é o desconhecido. Na alegoria do Mito da Caverna, o filósofo grego Platão explica esse sentimento contando a história de pessoas que estão acorrentadas, olhando somente a parede do fundo da caverna. Um dia uma delas escapa e vê o mundo como ele é de fato e, assim, conhece a verdade.
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A metáfora pode ser aplicada para os mais diversos assuntos, inclusive o Bitcoin. Por se tratar de uma nova classe de ativos, a criptomoeda ainda não é compreendida em sua totalidade e, em alguns casos, pode ser motivo de incerteza entre investidores, instituições e economistas.
Uma das falácias mais encontradas na internet é de que o Bitcoin está morto. Desde 2010, o site 99 Bitcoins cataloga todas as declarações envolvendo a criptomoeda. Ao todo, o BTC foi dado como morto 422 vezes, e algumas dessas declarações foram proferidas por grandes nomes do mercado como Jamie Dimon, CEO do JP Morgan.
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Segundo Cazou Vilela, Chief Marketing Officer do Zro Bank, primeiro banco digital multimoedas do País, as dúvidas surgem porque o Bitcoin e a blockchain são muito novos. “Essas novas tecnologias vieram para reinventar o mercado que existe há milênios. Esse é o próprio sistema financeiro. Na hora que uma coisa nova surge, aparecem pessoas mal intencionadas, conversando com pessoas mal instruídas, aí criam-se as falácias”, diz Vilela.
Para ajudar a desmistificar algumas inverdades a respeito da moeda virtual e também indicar como transformar Bitcoin em real, consultamos três especialistas.
5 mitos sobre o Bitcoin
1 – Bitcoin não é sustentável
Apesar de a mineração de Bitcoin ser uma atividade que demanda bastante energia, pesquisadores da Universidade de Cambridge afirmam que a prática consome cerca de 130,9 terawatt-horas (TWh) por ano. Para efeitos de comparação, a Argentina, com uma população de 45 milhões de pessoas, consome 125,03 TWh por ano de energia.
Na visão de Vilela, considerar a atividade como um desperdício de energia depende do ponto de vista de quem está analisando. Muitos podem julgar a prática de jogar videogame como um desperdício energético, por exemplo. “A indústria gamer consome dez vezes mais energia em um ano do que as atividades de mineração do Bitcoin. Não é por isso que devemos extinguir essa forma de entretenimento”, diz.
Uma estimativa do conselho de mineração de Bitcoin, que coletou informações de mais de 32% da rede da criptomoeda, revela que 56% da energia utilizada na atividade é renovável. Vilela relata que, como essa indústria é completamente móvel, ela vai para onde há energia barata. Normalmente, as matrizes energéticas pouco sustentáveis, como carvão e óleo, são mais caras.
2 – Dinheiro de criminoso
Outro mito é que o Bitcoin é moeda feita para criminosos e terroristas. André Franco, analista de criptomoedas da Empiricus, conta que essa história tem uma herança, principalmente reflexo do caso da Silkroad, uma plataforma com uma visão meio anarquista, onde qualquer um poderia vender e comprar objetos e pagar em criptos, especialmente o BTC.
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Franco relata que quando o dono da plataforma, Ross Ulbricht, foi preso em 2013, criou-se o estigma do dinheiro de criminosos. Entretanto, o analista explica que um estudo feito pela Chainalysis, baseado no volume de transação que passa por esses endereços ligados à dark web, revelou que o percentual desse tipo de transações era de 1% em 2019.
A grande diferença entre o Bitcoin e as moedas fiduciárias, como o Real, é que você tem o registro de todas as transações realizadas na rede aberta para todos. Segundo Alex Buelau, CTO da Parfin, plataforma de consolidação de investimentos em criptoativos para institucionais, esses dados públicos, na verdade, facilitam o trabalho da polícia e dos reguladores para tentar descobrir o que aconteceu com fundos uma vez que foram transferidos.
3 – Você não pode sacar seus Bitcoins
Essa é uma das maiores preocupações dos investidores em cripto. Muitos têm medo que seus ganhos não possam ser convertidos em outras moedas, como o Real. Buelau conta que, há cerca de oito anos, realmente era difícil de converter ganhos em criptomoedas em moedas fiduciárias, já que não existiam as exchanges. Se existiam, não eram regulamentadas e só permitiam as trocas entre ativos digitais.
“Converter criptomoedas em dinheiro é totalmente simples de se fazer hoje em dia. Cada país tem as corretoras que contam com esse tipo de serviço. No caso do Brasil, tem o Mercado Bitcoin e a Binance, que é estrangeira, mas presta esse serviço”, afirma Buelau, da Parfin.
4 – Para investir é preciso ter timing
Por causa da alta volatilidade do mercado cripto, a impressão que dá é que você perde ou ganha muito dinheiro e tem que saber o timing exato de entrar. “Quando você avalia historicamente o comportamento do Bitcoin, parece que ele está em um bullmarket há 10 anos, com crescimento médio anualizado de 213% ao ano”, diz o analista.
Para Franco, dada essa visão de longo prazo, existe sim uma possibilidade do investidor aplicar seu dinheiro sem precisar se preocupar com o momento certo: fazer compras parciais em vez de entrar de cabeça em uma tacada só. “Para se ter uma ideia, se você comprou Bitcoin no passado durante 12 meses, todos os meses, a probabilidade de você estar ganhando dinheiro fazendo essas compras mês a mês é de 84%”, diz.
5 – Bitcoin não é rastreável
A ideia que o Bitcoin não pode ser rastreável estampa mais um assunto debatido com frequência no mercado. Existem empresas especializadas em realizar esse tipo de serviço com base nos dados públicos da blockchain do Bitcoin, como a Chainanalysis, CipherTrace e Elliptic.
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Como a rede é uma plataforma de código aberto, é possível saber onde está cada Bitcoin a qualquer momento. Por outro lado, pode não ser tão simples relacionar uma carteira de ativos com a identificação pessoal de alguém.
“O Bitcoin é rastreável, mas o dono da carteira, em alguns momentos, não é identificável. Quando você abre uma conta no Zro Bank, por exemplo, nós identificamos as pessoas e aquela carteira está atrelada à pessoa. Quando você transfere a criptomoeda para outra carteira, nós comunicamos para a receita que você fez uma transferência”, afirma Vilela, do Zro Bank.