- Os analistas concordaram que a facilidade para comprar o título e o ajuste com a inflação e juros reais tornam o título mais atrativo
- Por ser um título longo, o RendA+ pode ser considerado um ativo volátil
O Tesouro Nacional começa a comercializar nesta segunda-feira (30) o seu novo título, o Tesouro RendA+. Esse papel busca oferecer aos investidores uma opção de planejamento para a aposentadoria, com o valor mínimo de entrada de R$ 30.
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E por mais que o novo produto tenha pontos negativos, os analistas consultados pelo E-Investidor destacaram que, caso ele seja utilizado até o seu vencimento, o papel atenderá ao seu propósito.
Especialistas em renda fixa esperam que o título apresente volatilidade no longo período até o vencimento, mas, por outro lado, ofereça diversos benefícios, como a correção da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a simplicidade para a compra, que pode ser feita via Pix na plataforma do Tesouro Direto.
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O Tesouro RendA+ foi feito com o intuito de auxiliar os investidores durante o período de aposentadoria – veja nessa reportagem como ele funciona. Funcionará como uma renda extra aos pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de forma similar à previdência privada.
Um dos principais pontos destacados do Tesouro RendA+ é a simplicidade para investir nele. A possibilidade de comprá-lo via Pix, o baixo valor de entrada e a simplicidade do seu funcionamento torna-o mais atrativo para os investidores, principalmente aqueles com renda abaixo de seis salários mínimos, público-alvo escolhido pelo Tesouro Nacional.
No entanto, o maior atrativo deste título são as baixas, ou até inexistentes, taxas de custódia. Os investidores que esperarem para receber os rendimentos no prazo estipulado não pagará a taxa de custódia cobrada pela B3, desde que o rendimento mensal seja de até seis salários mínimos.
“Entre 10 e 20 anos, a taxa (de custódia) cobrada será de 0,20% ao ano. Acima de 20 anos, 0,10% ao ano. Além disso, não há mais cobranças de taxas semestrais, ou seja, o investidor só paga a taxa de custódia da B3 no momento do resgate que ocorrer antes do vencimento do título”, explica o Tesouro, em nota.
Pontos negativos
Por outro lado, há pontos do Tesouro RendA+ que desagradaram os analistas. Para Samuel Torres, consultor financeiro da Onze, uma das principais questões negativas está na volatilidade caso ele seja resgatado antes do vencimento – a rentabilidade acordada na compra do título é assegurada somente para investidores que mantiverem o ativo até a data de vencimento.
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Afinal, tendo em vista que este é um papel de longo prazo, ele sofrerá as oscilações do mercado durante anos.
Para escapar das variações de mercado e das taxas de custódia, os analistas destacam que o dinheiro a ser alocado nesse papel deve ser planejado para ficar lá até seu vencimento.
O período de pagamento do Tesouro RendA+ também gera preocupações. Diferentemente de outros títulos do Tesouro, ao invés de receber todo o valor acumulado de uma vez, o investidor passará a receber uma renda mensal em 240 parcelas — ou seja, ao longo de 20 anos — a partir do vencimento.
Se for considerado o aumento da expectativa de vida da população, o período de 20 anos de recebimento pode ser insuficiente para complementar a aposentadoria até o fim da vida do investidor.
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“O prazo fixo de 20 anos pode ser algo prejudicial para algumas pessoas, porque pode não cobrir todo o período de aposentadoria do investidor”, disse Rodrigo Alves, Head de Produtos da RJ+ Investimentos.
Porém, é possível que o investidor chegue ao fim da vida antes do encerramento do período de recebimentos do título. “Neste caso, os rendimentos do RendA+ vão para inventário e, consequentemente, para os herdeiros. Já na previdência privada, o processo de transferência é direto, mais rápido, sem o inventário, e o titular pode indicar outras pessoas para também receberem o dinheiro além dos herdeiros legais”, explica Carlos Lopes, economista do BV.
Imposto de Renda
A alíquota mínima de Imposto de Renda paga no caso do Tesouro Renda+ é de 15% sobre os rendimentos, podendo chegar a 22,5% se o ativo for resgatado até 180 dias após a sua aquisição. Já na previdência privada, é possível pagar 10% ao escolher o regime regressivo ou até mesmo ter isenção no regime progressivo, caso a renda do investidor nos anos de resgate ou recebimento de renda seja suficientemente baixa.
Alves destaca que a não-isenção de Imposto de Renda (IR) é algo normal, considerando que o mesmo acontece em outros títulos públicos e de renda fixa.