Contas internacionais ainda valem a pena? Veja o que dizem especialistas. Foto: Adobe Stock
A unificação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em 3,5% para diferentes operações de câmbio trouxe dúvidas aos consumidores que pretendem enviar dinheiro ou viajar para o exterior. As contas internacionais em plataformas digitais, como Nomad, Avenue e Wise, que antes sofriam com uma alíquota menor do imposto, agora também estão suscetíveis à tributação mais alta.
Com as alterações anunciadas pelo Ministério da Fazenda na última semana, o governo espera arrecadar R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões em 2026. No entanto, com a repercussão negativa, a pasta voltou atrás em algumas propostas. Entre elas, estava a intenção de aplicar IOF sobre investimentos em fundos no exterior, mas a alíquota zero foi mantida para esse tipo de operação. Remessas para contas no exterior direcionadas para investimentos também retornaram à tributação anterior, de 1,1%. Veja os detalhes abaixo:
Mesmo com o aumento do imposto para as contas internacionais, ainda existem vantagens. Um dos pontos favoráveis é que elas permitem a compra da moeda estrangeira pela cotação comercial. No entanto, quem opta por adquirir a moeda em espécie, fica sujeito à cotação de turismo, mais elevada.
“O dólar turismo embute, em sua cotação, todos os custos ligados ao transporte, segurança e gestão das moedas físicas. Por isso, a cotação acaba sendo mais alta”, diz Douglas Ferreira., head de câmbio da Planner.
Outra vantagem das contas digitais envolve o chamado spread cambial – a diferença entre o câmbio comercial e o valor da moeda que é, de fato, repassado aos clientes da instituição na hora de realizar uma operação financeira em moeda internacional. As fintechs costumam trabalhar com spreads menores, enquanto os bancos tradicionais tendem a apresentar taxas mais elevadas.
Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, recomenda que o consumidor sempre realize uma pesquisa prévia antes de decidir onde irá deixar o seu dinheiro. “Os bancos têm os maiores custos para fazer essa operação, mas nem sempre as plataformas digitais são a melhor opção. Diversas cooperativas de crédito têm spread zerado, ficando mais barato que utilizar certas plataformas, por exemplo”, diz.
O planejador elaborou uma tabela que simula os custos totais (incluindo IOF e spread) das principais contas globais e cartões de crédito internacionais disponíveis no mercado brasileiro. Instituições como Banese, Cresol, Sicoob, Sisprime e Unicred oferecem cartões com spread zerado, liderando o ranking de menores custos:
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Como se preparar para viagens internacionais?
Nessa hora, o planejamento prévio é a melhor opção para reduzir riscos e ter um custo total menos pesado no bolso. “A opção de contas digitais pode ser mais vantajosa se o consumidor tiver uma estratégia de planejamento de suas viagens ao exterior, pois permite a conversão do câmbio no momento mais favorável, evitando surpresas com variações cambiais”, sinaliza Jorge Ferreira dos Santos, professor de economia do curso de Administração da ESPM.
Segundo ele, a decisão entre comprar dólar de uma vez ou ir adquirindo aos poucos depende do perfil de risco do investidor, do objetivo da remessa e da expectativa em relação ao câmbio. “Com a alíquota do IOF unificada em 3,5% para a maior parte das formas de envio, o fator determinante passa a ser o câmbio e o momento da conversão”, avalia.
Uma alternativa para conseguir economizar com o IOF é enviar valores para uma conta de investimento no exterior, voltadas especificamente para produtos financeiros, como ações, renda fixa e fundos. Nesse caso, o imposto atual é de 1,1%. Fintechs como Nomad, Avenue e C6 Bank também oferecem essa opção, além da conte corrente tradicional para as operações do dia a dia.
“O ideal, portanto, é que o investidor já mantenha uma carteira dolarizada ou internacional para, quando surgir a necessidade, como uma viagem, não precisar correr atrás de fazer câmbio na última hora. Pode simplesmente transferir os recursos e usar o saldo já disponível”, indica Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
O especialista enxerga que, nesse caso, os bancos são mais engessados. “Essas instituições não oferecem uma conta de investimentos para qualquer valor e, além disso, o spread costuma ser mais elevado. Ou seja, além do IOF, o investidor ainda precisa considerar essa taxa, o que torna a operação via bancos mais cara. Por isso, faz bastante sentido hoje o uso das contas digitais para movimentação de recursos e investimentos no exterior”, afirma.