

O câmbio brasileiro vem conquistando uma recuperação sólida em 2025, depois de viver seu pior momento desde o início do Plano Real na reta final de 2024. Em dezembro, o dólar chegou a superar os R$ 6,20. À época, muitos especialistas diziam que a depreciação do real acontecia por causa da incerteza fiscal – o sentimento do mercado de que as medidas do governo para cortar gastos públicos não serão suficiente para estabilizar o crescimento da dívida.
Mas o Banco Pine faz uma análise diferente. “No âmbito doméstico, acreditamos que parte da forte depreciação do Real decorreu do chamado ‘efeito manada’, um fenômeno em que investidores replicam as decisões de outros agentes do mercado sem uma análise própria e racional. No mercado cambial, esse comportamento pode gerar oscilações excessivas nos preços das moedas, muitas vezes desalinhadas dos fundamentos econômicos”, diz o banco em análise divulgada nesta segunda-feira (10).
Na avaliação do Pine, parte da valorização do real vista neste início de ano – quando o dólar já caiu de R$ 6,18 para abaixo de R$ 5,80 – vem da percepção de que houve exagero na desvalorização dos ativos brasileiros no final de 2024. “Vale destacar que essa recuperação ocorreu sem melhorias nas contas públicas e nem sinalização com relação ao futuro da política fiscal.”
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O banco vê a moeda americana em R$ 5,75 ao final do ano; uma projeção mais positiva do que os R$ 6 do Boletim Focus.
Isso não significa, no entanto, que o Pine não veja motivos para o estresse cambial. “É importante destacar que parcela da recente depreciação do real é permanente, pois é baseada na piora dos fundamentos fiscais que vem ocorrendo desde o início da década anterior e que ganhou contornos mais drásticos desde 2022″, diz a análise.
O início do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos também é visto como um fator de incerteza para o dólar, dado a postura agressiva de tarifas do republicano. “Essas ações têm gerado aumento das incertezas globais, afetando taxas de juros, prêmios de inflação e o valor das moedas. A percepção de que a relação comercial com o Brasil não é prioridade para o governo Trump permite alguma acomodação da moeda, ao menos por enquanto.”