Investir no Banco do Brasil (BBAS3) em 2025 como um profissional: entenda a tática dos analistas para comprar quando o preço despenca
Para conservadores e iniciantes, a recomendação é buscar outras ações perenes, mas para quem tem estômago queda do papel pode ser vista como oportunidade
Banco do Brasil (BBAS3) revisou suas projeções financeiras para 2025. Foto: Adobe Stock
São tantos acontecimentos que já não dá para saber se investir no Banco do Brasil (BBAS3) em 2025 caracteriza aporte em um bilhete premiado, que pode gerar valorização no longo prazo com dividendos robustos, ou um pesadelo para o investidor. Alguns analistas se mostram céticos diante da incerteza e defendem aguardar os resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25), que serão divulgados em novembro, antes de retomar aportes no papel.
Para conservadores e iniciantes, a recomendação é buscar outras ações perenes – nesta reportagem, especialistas revelam 13 candidatas a substituir BBAS3 na carteira de investimentos. Já para quem gosta de fortes emoções e se considera vacinado contra tombos, a queda do papel pode ser vista como oportunidade.
Ainda que o pensamento seja este, mais otimista, vale o alerta: não adianta vender a casa ou o carro para concentrar a carteira no banco estatal. Como diria um analista, “faça tudo com calma e elegância”. Aqui você encontra algumas dicas de ouro para comprar BBAS3 sem quebrar a cara.
É arriscado comprar BBAS3 agora?
Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, aconselha o investidor a reduzir movimentos ao mínimo, já que muitos deixam o emocional interferir e tomam decisões erradas diante da falta de visibilidade para o papel.
“Se o investidor quer comprar mais ações BBAS3 sugiro cautela para aguardar os resultados do 3T25, dado o grau de incerteza sobre o desempenho do banco e o tempo provável de recuperação para patamares operacionais do ano passado”, afirma.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, avalia que enquanto a inadimplência do agronegócio permanecer alta, BBAS3 ficará pressionada, sem grandes retornos. Leves melhorias devem surgir apenas a partir do quarto trimestre.
Trator faz pulverização em plantação; agronegócio sofre com queda dos preços das commodities e alta dos custos dos insumos. (Imagem: Dusan Kostic em Adobe Stock)
“Sabemos que o período de plantio da safra acontece no 4T25, que vai de outubro até dezembro, e que agricultores devem ir ao banco reiniciar passivos e buscar dinheiro para plantar a próxima safra”, explica. Ele vê reversão da inadimplência na próxima safra, com efeitos no banco de novembro a novembro do ano seguinte.
Segundo Bresciani, enquanto não houver melhora no índice de calotes, a ação seguirá vista como um ativo negativo. “Quem tiver estômago e monitorar direitinho pode ganhar muito dinheiro com Banco do Brasil nos próximos dois anos, batendo inclusive o CDI”, afirma. O CDI é o Certificado de Depósito Interbancário, que segue a Selic.
Há ainda um terceiro ponto: embora a gestão da empresa estatal tenha adotado tom mais positivo sobre a crise, o cenário pode piorar antes de melhorar. Milton Rabelo, analista da VG Research, alerta que investidores precisam estar cientes da chance de a recuperação ser mais lenta do que a sinalizam os executivos.
“Os riscos de Banco do Brasil podem estar sendo subdimensionados, assim como ocorreu com o Bradesco (BBDC3; BBDC4) há alguns anos”, comenta.
Como comprar BBAS3 com cautela?
O que fazer se ainda não dá para enxergar a luz no fim do túnel nem a duração dessa conjuntura desafiadora? Para quem acredita nos fundamentos do Banco do Brasil, Rabelo recomenda compras fracionadas com alocação responsável.
A compra fracionada consiste em definir um preço-teto e fazer aportes guiados por ele. A frequência pode ser mensal, mas vai depender do quanto custa a ação.
Segundo Rabelo, o conceito de preço-médio serve neste cenário, pois seu cálculo considera proventos, valuation (valor do ativo) e retorno esperado. No caso de Rabelo, o preço-teto para BBAS3 está em R$ 23,80 – ou seja, o máximo a pagar pela ação.
Oliveira, do Vida de Acionista, ensina uma “conta de padeiro”: dividir o provento esperado pelo dividend yield(retorno em dividendos) desejado. Para isso, o investidor precisa saber quanto o banco pode pagar em reais por ação no ano, dado disponibilizado por analistas ou plataformas financeiras com base em projeções e declarações vindas de executivos da própria companhia.
Publicidade
Exemplo: se em 2025 o banco pagar R$ 1 por ação e o investidor buscar dividend yield de 8%, a conta seria 1,00/8% = R$ 12,50. Esse é o preço-teto sugerido por Oliveira hoje para BBAS3.
Outro ponto, ressalta Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, consiste em evitar concentração da carteira em BBAS3. Ele recomenda começar com até 2% do portfólio e, conforme novos resultados forem divulgados, aumentar gradualmente até 6%, elevando 2 pontos porcentuais a cada trimestre.
Porcentual da carteira com BB
A fatia da carteira de renda variável ideal a se expor a BBAS3 varia conforme o analista. Para Bueno, não deve passar de 6% a 7%. Já Oliveira vê 20% como o limite suportável psicologicamente para o investidor, enquanto Rabelo aponta que 12% já seria suficiente.
A armadilha do preço médio
Por último, o investidor precisa parar de se iludir com o preço médio da ação, que é a média dos valores pelos quais comprou BBAS3. Oliveira alerta que muitos compram ações apenas para reduzi-lo, mas podem acabar acumulando papéis de uma empresa que demora a reagir, com alto custo psicológico.
“Não é incomum o investidor continuar comprando, reduzir seu preço médio, não esperar o tempo necessário para uma recuperação e acabar vendendo a ação com prejuízo. Esse é o pior dos cenários”, diz.
Bueno concorda: não adianta ter preço médio baixo em uma ação sem convicção de retorno no longo prazo. “Esse pode ser o principal erro dos investidores de BBAS3 atualmente, achar que vão comprar o papel no fundo quando na verdade estão pegando com as mãos uma ‘faca caindo’”, afirma.
Se os resultados continuarem ruins, o papel pode despencar ainda mais – em 2025, o recuo acumulado passa de 13% e, em um período de 12 meses, de pelo menos 25%.
Para os analistas, o preço médio pode se tornar um grande inimigo. Assim, o investidor precisa deixar de ser torcedor da ação do Banco do Brasil e comprar com racionalidade.