- Os membros do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) devem reduzir a taxa de juros nos Estados Unidos na reunião de quarta-feira (18). É o que espera o mercado
- Se a projeção se concretizar, a tendência é que o bitcoin se valorize com o retorno do apetite a risco dos investidores e maior liquidez nos mercados
Em setembro, o bitcoin não tem mostrado força para conquistar novas faixas de preço e se manter acima dos US$ 60 mil. Desde o primeiro dia do mês até esta sexta-feira (13), a maior criptomoeda em valor de mercado oscila dentro do intervalo de US$ 57,3 mil a US$ 58,4 mil. Mas a partir da próxima semana, esse fraco desempenho pode ficar para trás com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a taxa de juros dos Estados Unidos que, desde julho de 2023, permanece entre os patamares de 5,25% a 5,50%.
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A reunião dos membros do Fed está prevista para acontecer nesta quarta-feira (18) e a expectativa do mercado é que a autoridade monetária dê início ao ciclo de afrouxamento monetário com o primeiro corte de juros do país. A magnitude desse corte ainda é uma dúvida entre os investidores, mas o entendimento é que, com a decisão, o apetite por ativos de risco aumente diante da queda da rentabilidade dos títulos públicos.
Além disso, Valter Rebelo, analista de criptoativos da Empiricus, explica que o desempenho do bitcoin e do mercado de criptomoedas está diretamente relacionado à liquidez na economia. Ou seja, quando o Federal Reserve (Fed) reduz as taxas de juros, torna a oferta de crédito pelos bancos mais barato. Dado a esse capital mais acessível, os investidores tendem a buscar ativos financeiros com potencial de retorno, superior ao custo do financiamento.
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“É por isso que acreditamos que o bitcoin possa chegar ao patamar dos US$ 150 mil”, diz Rebelo. Apesar do otimismo, o especialista ressalta que essa valorização não deve ser instantânea e deve ocorrer apenas no próximo ano. A percepção de Rebelo não é unânime entre os analistas de criptomoedas. João Zecchin, sócio fundador da Fuse Capital, concorda que a decisão do Fed será determinante para criar um ambiente favorável ao BTC e outras criptomoedas.
Por outro lado, ele ressalta que há outros fatores que podem jogar contra ou a favor dos criptoativos. O principal deles é a eleição para presidente dos Estados Unidos. Como mostramos nesta reportagem, o candidato pelo partido republicano Donald Trump afirmou que, caso seja eleito, será um presidente “pró-inovação e pró-bitcoin”. A candidata do partido democrata Kamala Harris, por sua vez, ainda não se posicionou sobre o tema, mas a expectativa é que ela adote uma postura mais conservadora em seu governo.
“Até o resultado das eleições, fica muito difícil cravar um caminho mais provável para o bitcoin. A eleição dos Estados Unidos está muito dividida”, diz Zecchin. Já Beto Fernandes, analista da Foxbit, acredita ser possível que o bitcoin alcance faixas de preços ainda maiores antes da virada do ano. Para isso, o mercado precisa ter mais clareza sobre a política monetária dos Estados Unidos para os próximos meses “Se o FED sinalizar que o corte de juros vai continuar para além de setembro, a projeção é que o Bitcoin reteste a máxima de US$ 73,8 mil”, avalia o especialista.
E o halving do BTC?
Os investidores também aguardam os efeitos da quarta edição do halving – realizada em abril deste ano – na cotação do bitcoin. Após três meses da última atualização, a valorização bastante esperada ainda não aconteceu e pode não se materializar em agosto. Segundo os analistas de cripto, os efeitos desse evento – que acontece de quatro em quatro anos – não ocorrem no curto prazo e costumam aparecer em um intervalo de 12 a 18 meses. Ou seja, deve fazer preço apenas no próximo ano.
Desde a finalização do halving que aconteceu no dia 20 de abril até hoje, a moeda digital não teve fôlego para conquistar novos patamares de preços e sofreu uma desvalorização de 8,5% no acumulado do período. Ao olhar para o desempenho de 2024, o resultado é diferente e a moeda apresenta uma valorização de 34,39%. A maior parte dessa “força” veio do fluxo de capital institucional que entrou para o mercado de criptomoedas com a aprovação dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos em janeiro deste ano.
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