

O anúncio de novas medidas na guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a impactar mercados globais. Na quarta-feira (26), o republicano anunciou tarifas de 25% sobre os automóveis não fabricados no país. A medida não estava no radar e joga ainda mais volatilidade no mercado enquanto investidores globais aguardam as prometidas “tarifas recíprocas” no próximo dia 2.
Ainda não se sabe quais serão os países e setores atingidos no anúncio previsto para a próxima semana, mas, segundo o BTG Pactual, o Brasil é um alvo em potencial. “Caso as medidas sejam direcionadas apenas aos países com os quais os EUA têm grandes déficits comerciais ou com participação relevante no comércio norte-americano, o Brasil provavelmente não será impactado inicialmente. Contudo, se forem aplicadas tarifas generalizadas a setores específicos, como ocorreu recentemente com o aço, ou se os critérios incluírem países com barreiras comerciais superiores às americanas, o Brasil poderá ser diretamente afetado, possivelmente com impacto mais significativo neste segundo cenário”, avaliam Iana Ferrão e Pedro Oliveira, em relatório divulgado nesta quinta-feira (27).
Os especialistas destacam que a diversificação da pauta de exportação do Brasil limita o impacto geral à balança comercial brasileira, caso as tarifas de Trump sejam impostas apenas a determinados setores. Nesse caso, no entanto, aqueles segmentos muito dependentes do mercado americano podem sofrer significativamente. “Produtos como semimanufaturados de ferro e aço (que destinam 72,5% de suas exportações aos EUA), aeronaves (63,2%), materiais de construção (57,5%), etanol (48,5%), madeira e derivados (43,3%) e petróleo e derivados (27,9%) estão entre os mais vulneráveis à aplicação de tarifas”, diz o BTG.
Publicidade
O documento explica que o Brasil está entre os países mais fechados do mundo, mas que utiliza mais barreiras não tarifárias (BNT). A tarifa média ponderada pelo volume de exportações no País é de 5,8%; a dos EUA, de 1,3%. Mas as BNTs brasileiras têm índice acima de 86,4%, acima dos EUA (77%) e da média internacional (72%). Se Trump levar isso em consideração, os EUA poderiam impor taxas “muito acima” dos 5,8% sobre as importações brasileiras para compensar as barreiras regulatórias.
“Caso o Brasil venha a ser obrigado a reduzir barreiras não tarifárias, setores intensivos em uso de insumos básicos (por exemplo, metalurgia) e aqueles relacionados ao vestuário, maquinário e produtos semimanufaturados seriam os mais pressionados e potencialmente prejudicados”, pontua o BTG sobre a guerra tarifária de Donald Trump.