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Como impedir que a inflação acabe com sua aposentadoria

A inflação pode alterar o rendimento dos títulos e das ações de maneiras imprevisíveis

Como impedir que a inflação acabe com sua aposentadoria
(Foto: Pixabay)
  • Economizar enquanto se está trabalhando é a parte fácil, mas gastar um pecúlio de aposentadoria é muito, muito mais difícil e deixa muito menos margem para erros
  • A regra original de 4% diz que um aposentado que investisse seus ativos em uma divisão 50/50 de ações/títulos intermediários, conseguiria 4% no primeiro ano e esse valor seria ajustado pela inflação a partir de então
  • A inflação é justamente o motivo pelo qual a regra dos 4% não faz sentido

(Allison Schrager, WP Bloomberg) – A inflação é o motivo pelo qual a regra dos 4% nunca fez sentido. Sempre achei estranho atribuir aos idosos um dos problemas financeiros mais complexos e difíceis. Depois de se aposentar, é muito difícil saber como investir e quanto gastar a cada ano.

É preciso planejar em torno de muitas incógnitas, quanto tempo ainda se vai viver, quanto será preciso gastar com saúde e o que acontecerá com os mercados. Economizar enquanto se está trabalhando é a parte fácil, mas gastar um pecúlio de aposentadoria é muito, muito mais difícil e deixa muito menos margem para erros. Isso também recebe muito menos atenção do setor financeiro e dos formuladores de políticas.

Conforme a regra dos 4%, há a ideia de que se o indivíduo gastar 4% de seus ativos a cada ano ele terá o suficiente para chegar até a aposentadoria. Este foi um esforço bem-intencionado para reduzir a complexidade da regra em uma diretriz simples. Mas é profundamente falho, e isso se torna ainda mais evidente à medida que a inflação aumenta e representa outra fonte de risco para os rendimentos da aposentadoria.

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A regra original de 4% data de 1994 e diz que um aposentado que investisse seus ativos em uma divisão 50/50 de ações/títulos intermediários, conseguiria 4% no primeiro ano e esse valor seria ajustado pela inflação a partir de então. Mas os rendimentos do tesouro de 10 anos eram superiores a 7,5% em 1994. À medida que as taxas caíam e permaneciam baixas, a regra dos 4% não parecia mais uma aposta certa.

Na época em que a regra foi criada, obter rendimentos tão baixos por tantos anos era impensável. Até vários meses atrás, muitas pessoas também não podiam imaginar uma inflação alta. Este é o problema das regras simples para problemas complicados. Elas não se adaptam bem quando o inimaginável acontece e, nos mercados, o inimaginável deveria sempre ser esperado.

3,3% são os novos 4%

É por isso que a Morningstar acaba de anunciar que 3,3% são os novos 4%. A empresa de pesquisa de investimentos presume que a inflação será baixa no futuro, mas teme que os títulos permaneçam baixos e as ações estejam supervalorizadas. A nova regra significa que, se indivíduo economizou US$ 1 milhão, sua renda terá sido reduzida de US$ 40.000 para US$ 33.000 por ano – o que é uma queda significativa em seu padrão de vida.

Aceitando-se que os mercados estão cheios de surpresas, a empresa sugere que os aposentados ajustem o quanto irão retirar a cada ano com base no desempenho do mercado: quando o mercado está em alta, pode-se gastar uma porcentagem mais alta; quando estiver em baixa, gasta-se menos. Isso é ainda pior do que a antiga regra dos 4%, porque comete um básico e fundamental erro.

O objetivo não é evitar ficar sem dinheiro antes de morrer, como a regra de gastos presume. O objetivo é poder financiar a própria aposentadoria com algum grau de previsibilidade. Não ficar sem dinheiro é a restrição, não o objetivo. O trabalhador médio atribui um alto valor a salários estáveis, mas, por algum motivo, o setor financeiro presume que aposentados se contentam em suportar grandes oscilações em sua renda de ano para ano.

Se você estiver em uma aplicação de ações/títulos de 50-50, a estratégia da Morningstar pode resultar em variações de renda de mais de 30% de um ano para o outro, e isso nem mesmo leva em conta o novo ambiente de inflação. No entanto, a maioria dos aposentados tem uma renda fixa e grandes despesas com saúde.

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Se a previsibilidade faz parte do objetivo, será necessária uma divisão maior do que 50/50 e uma regra simples, que exige uma gestão ativa do mercado e risco de inflação. Uma opção poderia ser comprar uma anuidade que pague a você um valor fixo a cada ano, deixando a seguradora assumir todos os riscos. Mas o mercado de anuidades é escasso nos Estados Unidos e é difícil encontrar um que se ajuste à inflação. As pessoas também odeiam anuidades. Quando o Reino Unido exigiu que as pessoas as comprassem, ficou tão impopular que o governo recuou e deixou os britânicos tão perdidos quanto todos nós.

Outra ideia popular é gastar a Redução Mínima Exigida (RMDs), que é quanto os aposentados são forçados a sacar de suas contas a cada ano para evitar uma multa fiscal. Mas isso nunca teve a intenção de ser um plano de gastos e a Morningstar estima que uma regra de gasto-RMD pode levar a variações de até 50% na receita ano a ano.

A melhor opção é demorar para se aposentar o máximo possível, para que o governo pague a você um benefício maior. O governo não só paga uma certa quantia a cada ano, mas também a ajusta pela inflação. Para seus ativos remanescentes, os aposentados também precisam ser mais proativos em sua estratégia de risco e levar a sério a proteção contra a inflação. Em vez de títulos nominais de curto ou médio prazo em sua carteira de renda fixa, aposentados deveriam procurar títulos de longo prazo ajustados pela inflação com pagamentos que corresponderão à renda de que precisam anualmente.

Esses títulos são muito caros, por isso muitos aposentados não podem pagar por essa aplicação. Isso nos leva a analisar cuidadosamente os gastos e a refletir sobre as necessidades e desejos. Uma estratégia é financiar as necessidades – gasolina, despesas domésticas, alimentação – com ativos seguros como a Previdência Social e títulos indexados à inflação, que oferecem proteção em um ambiente de alta inflação. Isso é crucial porque o preço dos produtos de que você precisa tende a ser mais sensível à inflação. Depois disso, as finanças compreendem – férias ou presentes para os netos – sacando de seu portfólio de risco mais alto que está investido em ações e pode variar ano a ano com base no desempenho dos ativos.

A inflação é o novo risco para a aposentadoria. Ela pode alterar o rendimento dos títulos e das ações de maneiras imprevisíveis e corroer o valor de quaisquer ativos que não estejam protegidos contra a inflação. Contar com as regras antigas, que eram falhas na origem, não será mais suficiente.

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Tradução: Anna Maria Dalle Luche

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