
Por Daniel Rocha
08/10/2025 | 16:59 Atualização: 08/10/2025 | 16:59

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O primeiro turno das eleições presidenciais está previsto para ocorrer no dia 4 de outubro de 2026. Apesar de distante, o mercado financeiro já pode estar de olho no resultado das urnas. Para a TAG Investimentos — gestora com R$ 13 bilhões sob gestão — ainda é muito cedo para “apostas mais contundentes”.
Segundo a gestora, as manifestações do dia 21 de setembro contra a PEC da Blindagem, que dificultava a abertura de investigação contra parlamentares, mostraram o poder de mobilização do eleitorado da esquerda. Já na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou com unanimidade o projeto de lei que aumenta a faixa isenção do Imposto de Renda (IR) de até R$ 5 mil. O projeto de lei é uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta quarta-feira (8), outra pauta do governo aguarda votação das duas casas legislativas: a Medida Provisória 1.303 que traz uma série de mudanças nas regras de tributação sobre as aplicações financeiras. A proposta é uma das principais apostas do governo para equilibrar as contas públicas e surgiu como alternativa à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), rechaçada pelo Congresso no último semestre.
Como mostrou o Estadão nesta reportagem, a pauta enfrenta forte resistência no Congresso. O motivo não se restringe apenas ao aumento da carga tributária sobre os investimentos. Há um pano de fundo eleitoral. Isso porque, se aprovada, a MP poderá garantir ao governo cerca de R$ 17 bilhões em 2026. Esta sequência de eventos sinaliza que, até o resultado das urnas, pesquisas, reviravoltas na economia e na popularidade dos candidatos podem mudar (completamente) o cenário eleitoral.
Dada a imprevisibilidade, caberá ao investidor ,nos próximos meses, ser prudente e adotar o histórico das últimas eleições a seu favor para guiar seus investimentos.
“Com a máquina na mão e a direita dando tiros no pé (a questão das sanções americanas e da PEC da Blindagem), nada parece desautorizar uma candidatura competitiva de Lula”, escreveu a TAG Investimentos em sua carta mensal de outubro.
Em paralelo, os investidores precisam ficar atentos à dinâmica dos juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Em setembro, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reduziu os juros e novos cortes ainda podem ocorrer até o fim do ano. A nova postura do Fed, favorável ao ciclo de afrouxamento monetário, garantiu fôlego aos ativos financeiros nas últimas semanas, mesmo com o impasse orçamentário nos EUA que resultou na paralisação da máquina pública há uma semana.
A decisão, embora tenha sido bem-vinda pelo mercado, não condiz com os indicadores econômicos. Segundo a gestora, o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA vai crescer 1,6% em 2025, a inflação deve ficar em 3% e os juros vão terminar o ano em 3,6%.
“A lógica deles é: melhor evitar que o mercado de trabalho se deteriore, mesmo que isso signifique conviver com inflação acima da meta por mais tempo”, acrescenta.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), responsável por decidir os juros no Brasil, segue na direção contrária. A taxa Selic continua a 15% ao ano e as mensagens do BC indicam que devem permanecer neste patamar por um bom tempo. O descompasso entre a política monetária das duas economias cria um ambiente favorável para o investidor gringo fazer operçaões de carry trade, estratégia de investimento que consiste na obtenção de lucro na diferença de taxas de juros entre dois países.
Esse fluxo de capital vindo de fora ajudou o Ibovespa, principal índice da B3, a operar com alta de quase 20% no acumulado do ano. “No curto prazo, é um jogo simples: Estados Unidos pisa no acelerador, Brasil mantém o pé no freio. Lá na frente, essas duas forças vão se chocar e aí os preços dos ativos vão nos dizer se estamos numa nova festa ou numa ressaca prolongada”, ressalta a TAG.
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